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Há um campo de concentração para LGBTs na Chechênia

Mas não tem sido fácil a comprovação do fato, por conta do medo da homofobia

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Há um campo de concentração para LGBTs na Chechênia. E essa notícia não para de martelar na minha cabeça e arrepiar minha espinha. Não paro de pensar que eu estaria lá e que meus governantes estariam planejando me prender e me torturar para me mudar. Até matar.

Há um campo de concentração para LGBTs na Chechênia. E muita gente fala e posta nas redes sociais que isso deveria existir também no Brasil.

Há um campo de concentração para LGBTs na Chechênia. E, só na semana passada, pelo menos 100 homens gays teriam sido presos, identificados através das suas redes sociais e aplicativos de paquera.

Há um campo de concentração para LGBTs na Chechênia. E, após serem torturados, os que conseguem sair de lá, são devolvidos às suas famílias — que muitas vezes não sabem da sua orientação por conta da homofobia da região –, para que elas façam o que é seu dever: matá-los por suas próprias mãos.

Há um campo de concentração para LGBTs na Chechênia. E a prisão desses homens teria começado após um homem ser detido e a polícia ter encontrado fotos e vídeos pornográficos homossexuais em seu celular. O aparelho foi mantido carregado e foi apreendido todo homem que teria ligado para ele.

Há um campo de concentração para LGBTs na Chechênia. E o porta voz do governante da região, Ramzan Kadyrov, afirma que não existe tal campo, porque lá não existiria homossexuais. Pois se elas existissem, as próprias famílias as mandariam para um lugar sem volta, em nome de suas honras.

Há um campo de concentração para LGBTs na Chechênia. E a Rússia está mais preocupada em proibir esta imagem do presidente Putin e ameaçar de prisão quem a postar. (Por isso eu a estou divulgando aqui, para que nenhum de vocês cometa este crime).

Há um campo de concentração para LGBTs na Chechênia. E não tem sido fácil a comprovação do fato, por conta do medo da homofobia. A situação lembra muito as denúncias dos campos de concentração de judeus, em que, apesar das denúncias, os países se abstiveram de tomar uma atitude, alegando falta de provas. O que depois foi entendido como “antissemitismo discreto” dos aliados.

Há um campo de concentração para LGBTs na Chechênia. Aliás, com o fim da Segunda Guerra Mundial, quando os EUA e a União Soviética chegaram aos campos de concentração, libertaram os presos. Exceto os que tinham o triângulo rosa no peito – símbolo de prisão por homossexualidade.

Há um campo de concentração para LGBTs na Chechênia. E eu não quero viver uma história como a da peça Bent.

Há um campo de concentração para LGBTs na Chechênia. E eu não paro de pensar que eu estaria lá por ser quem sou e não estaria escrevendo esta coluna.

E você estaria lá por estar me lendo.

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