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Festival de Brasília abre espaço para discussão sobre cinema queer

Conversa livre “Corpos Indóceis” e o lançamento do livro “Afetos, Relações e Encontros” marcam o debate LGBT no evento

atualizado

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Brasília está naquele momento delicioso do ano: o Festival de Cinema. Além da sempre ótima seleção de filmes, também há muitos eventos que trazem um olhar especial sobre as obras. Alguns deles: a conversa livre “Corpos Indóceis: Uma Ética da Diferença e da Não Conformidade” e o lançamento do livro “Afetos, Relações e Encontros com Filmes Brasileiros Contemporâneos”, de Denilson Lopes.

Denilson é professor associado da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e foi presidente da Associação Brasileira de Estudos de Homocultura (ABEH). Tanto a roda de conversa, intermediada por ele, quanto seu livro discutem a questão queer no cinema brasileiro atual.

Ao se referir ao debate queer, o autor pretende trabalhar a sexualidade para além da questão LGBT. Para ele, há uma visão no cinema superior à simples inclusão e representatividade de personagens com outra sexualidade, que poderia ser percebida em produções como “Hoje Eu Quero Voltar Sozinho”.

O queer chega à forma de filmar, de demonstrar os afetos e de não se adequar. Por conta disso, acaba sendo um estilo muito usado por artistas distantes dos grandes centros de produção e do gosto mainstream.

Dentre os diretores que se destacam no livro de Denilson, está Karim Aïnouz, diretor de “Madame Satã”, um ótimo exemplo de filme em que é possível ver afetos queer. Ali, as relações são tão complexas que ultrapassam a definição de gay ou hétero.

Representações queer quebram padrões e criam provocações que são influenciadas até mesmo pela condição econômica dos personagens. E não só deles, mas também de quem produz estes filmes. Há produções que já passaram pelos festivais do país (como o de Tiradentes e de Brasília) feitas por diretores vindos de lugares fora dos centros econômicos e de poder. Talvez por isso, tão livres e inovadoras.

Como exemplo, há o grupo Surto e Deslumbramento (“Como Era Gostoso Meu Cafuçu), de Pernambuco. Denilson cita também os diretores Gustavo Vinagre, do média “Nova Dubai”; Otávio Paz; e Uirá dos Reis, de “Doce Amianto”. Nesta nova retomada do cinema brasileiro, o lado comercial não é tão fechado a esse tipo de produção. Há alguns meses tivemos “Corpo Elétrico”, de Marcelo Caetano, por exemplo.

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