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Estudante executada merece ser chamada pelo seu nome real: Matheusa

Vítima da violência, jovem não binária teve tratamento preconceituoso por parte da imprensa

atualizado

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1 de 1 matheusa[1] - Foto: Reprodução

Mais uma vez, um momento de dor: a execução de Matheusa Passareli, estudante da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Após uma semana de angústia em busca do paradeiro da jovem, seu corpo foi encontrado carbonizado. No entanto, a violação à pessoa continua mesmo após seu assassinato.

Eu até ia escrever sobre os elevados números de violência contra LGBTs no Brasil. Pretendia falar da insustentável situação do Rio de Janeiro e listar os dados de que pessoas trans tem expectativa de vida de apenas 35 anos. Matheusa só tinha 21.

Diante de todas as notícias, resolvi dedicar este texto a apenas um ponto: por que a mídia se recusa a tratar com respeito travestis, transgêneros e pessoas não binárias?

Curiosamente, conversei muito no último fim de semana sobre isso. Quando li as reportagens sobre o crime, levei um tapa na cara. Matheusa era não binária. A primeira coisa em todos os textos era dizer “seu nome verdadeiro” – seja lá o que isso for. Estranhamente, todas as matérias reproduzem a mensagem do irmão da vítima, Gabe Passareli, que a trata como irmã e a chama de Matheusa.

Logo em seguida, os jornalistas continuam a tratá-la pelo seu “nome verdadeiro”! Sério que o repórter, num momento como esse, pensa estar lidando apenas com uma informação? Caso ele não se importe com a memória de Matheusa (artista, negra, não binária), era preciso saber uma importante missão: estava reverberando a voz das pessoas que amam Matheusa clamando por Justiça. Mesmo assim, optaram por negar sua existência.

Qual a razão de tratar dessa forma o luto de uma família que abraçou Matheusa? Realmente, as estruturas do jornalismo serão quebradas com a simples atitude de respeitar a identificação da vítima?
Mesmo em matérias sobre violência, é necessário tratar as pessoas trans e não binárias com o devido respeito.

Para não ser generalista, no mesmo meio de comunicação em que li o texto mais revoltante também encontrei um, quando ainda a consideravam desaparecida, no qual a jovem era chamada de Matheusa. Por acaso, a matéria foi escrita por duas jornalistas.

Se você não sabe como se referir a alguém, pergunte. Preste atenção como as pessoas ao seu redor se referem a ela. Isso é comunicação não violenta, empatia. Agir diferente disso é matar Matheusa mais uma vez.

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