Estação Plural: TV Brasil estreia primeiro programa LGBT em rede aberta
Apresentado pelas cantoras Ellen Oléria, Mel Gonçalves – integrante da Banda Uó – e o jornalista Fernando Oliveira, o Fefito, conta ainda com um quarto elemento convidado a cada semana
atualizado
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Essa sexta-feira (4/3) foi muito louca, em diversos sentidos. E nem falo dos acontecimentos da política, da minha festa de aniversário ou da expulsão da Ana Paula do BBB. O fato a que me refiro especificamente aconteceu às 11 horas da noite: estreou o primeiro programa LGBT da TV aberta brasileira, “Estação Plural” na TV Brasil.
Apresentado pelas cantoras Ellen Oléria, Mel Gonçalves – integrante da Banda Uó – e o jornalista Fernando Oliveira, o Fefito, conta ainda com um quarto elemento convidado a cada semana. O da estréia foi o médico Drauzio Varella e essa decisão não poderia ter sido mais acertada.
Roteiro interessante
A estrutura do programa é muito clara. Com uma hora de duração, nos primeiros dois blocos há discussão de temas variados e no terceiro, de duração bem maior, algum tema específico do mundo LGBT. Drauzio foi convidado a comentar as mais modernas descobertas científicas relacionadas à origem da homossexualidade e transexualidade, especialmente o que tem de genético.
O médico esclarece de forma acessível o resultado de uma pesquisa que já foi tema aqui na coluna e com seu conhecimento científico e profissional, estende essa análise até as relações humanas. Por lidar há anos com a população carcereira – primeiro masculina e atualmente feminina -, muitas vezes ele se viu envolvido em situações de incompreensão, intolerância e preconceito do paciente, uma dura realidade que não é rara nestes ambientes de aglomeração de sujeitos de um único sexo.
Apesar de os três apresentadores ainda estarem meio crus diante da câmera (Ellen e Mel são interessantíssimas, mas se mostram hesitantes ainda, e Fefito parece ser o fio condutor do programa, mas que está mais à vontade escrevendo do que falando), sem dúvidas o fato de ele ter uma hora de duração é um diferencial.
Ao contrário de outras atrações que se mostram abertas ao tema, como “Amor & Sexo”, o fato de ser basicamente quatro pessoas conversando, sem cortes bruscos ou exigências impetrantes de patrocinadores, há liberdade para que todos formulem um pensamento e o concluam. Todo mundo tem tempo para falar e a edição parece respeitar o tempo de cada um.
Não há frases soltas e pretensamente diretas, como no programa da Globo, o que é um carinho com a pessoa que fala e com o telespectador que sai muito mais enriquecido de boa informação.
Além disso, caso não saibam, a TV Brasil é uma rede pública, ou seja, ela é mantida com o nosso dinheiro, e isso significa que seu conteúdo é de todos. É por isso que logo após a sua apresentação, o programa já estava totalmente disponível no youtube para quem quiser ver.
Apesar das TVs públicas serem muito criticadas por vizarem mais o conteúdo intelectual do que o comercial, como contribuinte não posso negar que é nesse tipo de programação que eu quero ver meus impostos envolvidos.
Então, agora, todo mundo já tem programa para sexta à noite pré-balada: Estação Plural, na TV Brasil!
Recado dado
PS: Hoje eu reservei um espaço para contar duas coisas que aconteceram a pessoas próximas a mim. Uma foi o namorado de um amigo que foi expulso de casa pelos pais de uma religiosidade intolerante. O mandaram embora e disseram que só voltasse depois que ele tivesse “virado um reprodutor”, ipsis litteris. E o outro foi alguém muito especial que precisou correr para não apanhar única e exclusivamente porque estava com uma camisa bem colorida. É isso mesmo, ele ia apanhar por causa da camisa.
Essa mensagem é para as pessoas que comentam toda semana no perfil do Metrópoles questionando o porquê deste site ter uma coluna LGBT. Esta coluna não é para os LGBTs, ela é para vocês que acham que não precisa ter uma coluna LGBT.