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Escritor gaúcho cria herói gay no romance histórico “Homens Elegantes”

Samir Machado de Machado trata a homossexualidade por viés aventuresco em livro ambientado no século 18

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1 de 1 Samir_Machado-1 - Foto: Divulgação

Um Indiana Jones gay. Um James Bond do babado. Um Sherlock Holmes fanchono brasileiro, no século XVIII, lutando contra as forças do mal dos fazedores de “terramoto”, enquanto a Europa está prestes a entrar em guerra e o conservadorismo parece ganhar força. Este é “Homens Elegantes”, o último livro de Samir Machado de Machado.

O escritor gaúcho havia lançado “Os Quatro Soldados”, romance fantástico que se passava no mesmo período histórico. Ao ler “As Horas”, de Michael Cunningham, em determinado trecho, dois personagens discutem porque não existia nenhum herói de aventura que fosse gay. Então Samir resolveu que escreveria este herói. Nasceu, assim, Érico Borges.

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Escritor gaúcho também equilibrou fantasia e história no livro anterior, "Os Quatro Soldados"
"Homens Cordiais": nova aventura de Érico deve ser lançada no fim de 2018
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"Homens Elegantes": novo livro do gaúcho Samir Machado de Machado

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Escritor gaúcho também equilibrou fantasia e história no livro anterior, "Os Quatro Soldados"

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"Homens Cordiais": nova aventura de Érico deve ser lançada no fim de 2018

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Em 1760, o “brasileiro” – numa época que não existia Brasil ainda – Érico, funcionário da alfândega na colônia, é enviado a Londres para investigar um dos tráficos mais perigosos da época, o de livros. Para piorar, o título que ele investiga é o mais pernicioso de todos os perniciosos: uma obra erótica, que tem até – pasmem – passagens de sexo entre dois homens. E qual seria a relação desta publicação pornográfica com o terremoto que devastou Lisboa no dia 1º de novembro de 1755, tragédia que marcou a vida de quase todos os personagens do romance?

Como se abrisse a porta para Nárnia, Érico entra no armário (melhor seria dizer que sai dele) que o levará ao mundo dos sodomitas de 1760, com direito a Molly Houses (o equivalente aos bares gays atuais), travestismos e shows de drag queens. Não muito diferente de como o conhecemos hoje.

E se você disser que falta Madonna e Lady Gaga, não falta mais. Pois a dona do Libertino da Lua – molly house da história – é ninguém menos que Lady Madonna, uma matrona esfuziante com o peito sempre aberto para um consolo materno e que dá conselhos que parecem saídos das melhores músicas de divas pop.

Brincando com referências pop atuais, misturando-as com personagens reais, Samir nos traz Lady Madonna, o fiel escudeiro Jockstrap, o viciado em jogo Lord Sandwich (sendo este uma pessoa real que, por não querer abandonar a mesa de carteado, inventou a comida que hoje leva seu nome) e o grande vilão da história, o Conde de… (isso eu vou deixar para você descobrir sozinho, mas garanto que o nome lhe será bem familiar).

Érico tem uma luta de espadas exatamente ao som desta música.

Com um time formado por Armando, Maria, Fribble e, seu amor, Gonçalo, Érico é daqueles heróis no melhor estilo de capa e espada à la Alexandre Dumas (que voltou à moda com “O Conde de Monte” Cristo aka “O Outro Lado do Paraíso”). Ele tem um duelo em plena ópera ao som de um castrato; é encurralado por um exército de piratas malvados; se mete no meio de uma batalha épica com os maiores navios de guerra da Europa; e, no fim do dia, vai pra cama com seu amado Gonçalo. Quer coisa mais linda?

“Os Quatro Soldados” e “Homens Elegantes” se comunicam em muitos pontos, como o fato de ambos terem como narrador o mesmo personagem. Érico e Gonçalo já apareceram desde o primeiro livro, mas só de passagem. Samir, inclusive, já está escrevendo a nova aventura de Érico, que se chamará “Homens Cordiais” (ambos os títulos são eufemismos da época para homossexuais), com lançamento previsto para o final do próximo ano. Acho que vem uma série aí, hein?

Junto com todo o divertimento, acompanhamos a descoberta de Érico de que a história da homossexualidade é longa, digna de orgulho e que seus soldados sempre lutaram com bravura, ao contrário do que a sociedade conservadora sempre lhe disse. O nosso investigador precisa aprender isso para chegar à chave final do seu mistério, ao mesmo tempo em que vai se empoderando e perdendo o medo de ser quem é. Ele ainda nos mostra que histórias de amor como a sua sempre existiram e que nem sempre tiveram um final trágico.

Ao longo de toda a leitura, me vinha à cabeça a música “Saga”, composta por Eduardo Dusek e cantada por Silvia Machete. Eu imagino que, quando nosso herói foi ao Libertino pela primeira vez, esta música o recepcionou, pois a principal mensagem que o livro me trouxe é perfeitamente definida no último verso da canção (ou como diria Fribble): darling, “nossa estrada já vem de outros sóis.”

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