Conheça a galeria especializada em arte homoerótica de Brasília
De propriedade do arquiteto Rogério Carvalho, o espaço existe há dois anos
atualizado
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Do meu papo com o artista plástico Ricardo Gauthama, surgiu uma informação inesperada: em Brasília há uma galeria de arte de temática homoerótica. Senti que precisava descobrir esse lugar e foi assim que eu cheguei até a incrível XXX Arte Contemporânea.
De propriedade do arquiteto Rogério Carvalho, a galeria tem 2 anos de existência. Por 13 anos, ele trabalhou junto ao Iphan e à Polícia Federal em investigações de obras de arte roubadas. Depois, nas restaurações dos principais prédios históricos de Brasília, chegando a ser um dos maiores especialistas em matéria de Niemeyer e Lúcio Costa da capital. Foi da junção dessas duas experiências que o arquiteto apurou o seu olhar de curador.
Ele ainda chegou a ser responsável pela restauração e curadoria dos Palácios do Planalto e da Alvorada, de 2008 a 2016. Desse contato com as grandes obras do nosso país foi que veio o interesse em se tornar também um colecionador, desde 1997, passando a lidar mais diretamente com os artistas, marchands e o mercado de arte. Quando sua casa não tinha mais paredes que comportassem sua coleção, Rogério decidiu abrir a própria galeria.A temática da XXX Arte Contemporânea veio do interesse pessoal do curador em arte e sexualidade, mas a particularidade não é excludente, é apenas uma preferência com um toque de provocação ao público, como é de se esperar da melhor arte.
Rogério se diverte ao relatar a reação de alguns clientes fiéis ao entrar na galeria, por não saberem muito bem como reagir a, por exemplo, um gogo boy de jockstrap recepcionando os visitantes.
“Tem cliente que quando vem aqui, me liga antes perguntando se terá algum problema de trazer sua filha de 10 anos para a exposição”, revela Rogério. Na minha opinião, eles só se ligam na palavra erótica da expressão “arte erótica” e esquecem que é arte. Mas no Museu d´Orsay, em Paris, há o quadro A Origem do Mundo, de Gustave Courbet, e ninguém pergunta se é proibido levar as crianças. Então, por que fazer a mesma pergunta para esta galeria?
Na exposição a.p´u.po, que teve início no dia 3 desse mês, de curadoria de Gisele Lima, estão reunidos os trabalhos de 21 artistas mulheres, sendo 11 de sua coleção pessoal e 10 estreantes, mas que têm uma obra que dialoga com o restante, segundo a visão do curador. Dentre os nomes conhecidos temos Tarsila do Amaral, Adriana Vignoli, Fayga Ostrower e Mestra Zefinha.
Por fim, uma curiosidade: dentre as 21 artistas, há 2 mulheres trans, reafirmando a postura da galeria. Será que você é capaz de adivinhar quem são? (Seria Tarsila, talvez?)