“Afronte”: filme explora a realidade dos negros gays no DF
O filme, premiado no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, vai passar em eventos como o de Curitiba e o Mix Brasil
atualizado
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A solidão do homem negro gay do Distrito Federal é tema do documentário em curta-metragem “Afronte”, dos diretores Marcus Mesquita e Bruno Victor. O filme, premiado no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, vai passar em eventos como o de Curitiba, o Mix Brasil e o da Romênia.
A fita foi o projeto de conclusão do curso de audiovisual de Marcus na Universidade de Brasília (UnB). Bruno trabalhou no roteiro e, também, na direção. Para fazer o filme, conseguiram R$ 10 mil via crowdfunding e contaram com a divulgação do deputado Jean Wyllys (Psol-RJ) e da atriz e diretora Leandra Leal. A Casa 1, de São Paulo, lugar de acolhimento para jovens LGBTs em situação de risco, atuou como parceira na arrecadação.
O tempo inteiro, por onde os personagens passam, há olhar de estranhamento provocado pela estética dos rapazes e pelo temor que o seu tom de pele desperta nos demais transeuntes. O racismo liga diretamente a cor escura à violência, selvageria ou criminalidade. Nessas circunstâncias, parar seria correr o risco de ser escorraçado.
No filme, os garotos só conseguem parar quando estão juntos. Assim, é apresentado o coletivo Afrobixas, formado por estudantes negros da UnB que se reúnem para compartilhar experiências e se apoiarem mutuamente.
Às vezes, a solidão é quebrada apenas a dois. Se você, leitor deste texto, acha desagradável que alguém não compreenda como você se sente, imagina viver em um mundo onde não é compreendido.
Uma hora bate o desespero.
“Afronte” também é sobre o Distrito Federal. Não Brasília, mas o quadradinho todo. É óbvio que a questão racial também afeta a geografia da nossa cidade. O racismo marca o preconceito de imaginar a vida fora do Plano Piloto, lá nas Regiões Administrativas.
Os criadores prometem, após a temporada de festivais, disponibilizar o curta na internet. Eles também querem dar seguimento ao projeto, fazendo um longa ou uma série.
Pela recepção do filme no Festival de Brasília e pelo novo olhar sobre o tema do racismo (feito e discutido por negros), Marcus, Bruno e “Afronte” estão na crista da onda. Afinal, se você quer saber como o preconceito afeta uma vida, ouça quem vive sob ele.