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A vida é assim: tem quem goste de meninos e tem quem goste de meninas

O que fazer quando o filho pergunta: “Por que o tio tá beijando outro homem? Eu também posso namorar outro homem/mulher”?

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LGBT gay lésbicas
1 de 1 LGBT gay lésbicas - Foto: iStock

Quando meus amigos mais chegados começaram a ter filhos, a dúvida se instaurou. Ok, a gente conversou e se entendeu quanto a orientação sexual, mas e quando a criança crescer e perguntar: “– Por que o tio tá beijando outro homem? Eu também posso namorar outro homem/mulher”? Eles ainda se manterão abertos e receptivos?

Dentre os estágios de aceitação familiar há um muito comum que é aquele que “não tenho problema nenhum com fulano que é LGBT”, mas quando algum parente sai do armário, o escândalo se instaura.
Já vi isso acontecer com vários pais e até com amigos próximos que nunca tiveram problema comigo, mas quando seu/sua irmão/irmã se assumiu, chegaram a cortar relações.

Quando se trata de filhos há um medo e insegurança e muita gente encareta por isso, pois acha mais garantido replicar velhos costumes dos seus avós.

Agora falando da minha experiência pessoal, eu tive muita sorte. Até agora, todos à minha volta se comportaram da forma mais receptiva e sensível que poderia ser. E eu não estou falando que não houve conversas ou dúvidas, mas as que houve foram conversadas de coração de ambas as partes para se ouvirem e se entenderem.

Para toda a nova geração que chegou nas minhas proximidades, nada foi mentido ou maquiado. Eu fui apresentado e se tivesse alguém comigo, aquele era meu namorado e ponto. Sem dramas, nem estresses para a criança. E se ela perguntasse como isso era possível, pois ela nunca tinha visto tal forma de casal em nenhuma história da Disney, o adulto responsável apenas completava: porque é assim a vida, tem gente que gosta de meninos e gente que gosta de meninas.

A criança então parava por cinco segundos, olhando para a cara daqueles adultos abobalhados e ansiosos pela sua reação, para em seguida dar o veredito. “Eu quero comer sorvete depois do almoço”, afinal ela tem coisas muito mais importantes para se preocupar do que quem eu amo ou não.

Esse texto todo é para dizer que mais e mais bebês estão chegando à minha volta (sempre à minha volta, nunca no meu colo, porque eu sempre me cuidei direitinho e não abri mão da camisinha para não correr este risco). E eu não vejo a hora de, com a ajuda desses pais e mães maravilhosos, continuar não ensinando lgbtfobia para nossas crianças.

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