A peça Eu Sempre Soube debate a relação entre mães e filhos LGBTs
O espetáculo é baseado em relatos de famílias sobre o momento da revelação sexual
atualizado
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Qual é a reação de uma mãe quando o fruto do seu ventre lhe conta que é gay, lésbica ou transgênero? “Eu sempre soube” pode ser a resposta. Essa frase é o título de uma peça teatral, com a missão de investigar os corações maternos quando postos diante dessa situação.
Estrelada pela sempre carismática Rosane Gofman, com texto e direção de Márcio Azevedo, o título faz referência à frase mais ouvida da boca dessas mulheres ao longo das entrevistadas realizadas para que a peça fosse escrita.
Rosane interpreta Majô, jornalista de 55 anos, com boa formação intelectual, que está lançando o primeiro livro, uma coletânea de depoimentos maternos. A personagem também é uma delas. Seu filho, Mateus, saiu do armário. Mesmo antes da vivência familiar, a mulher recebeu uma caixa contendo relatos de mães e filhos, além de notícias sobre como os LGBTs são tratados há anos pela sociedade.
Majô, como jornalista isenta, discorre as histórias para tentar formar uma colcha de retalhos de experiências humanas. Entretanto, fora a frase “eu sempre soube”, quase não há pontos em comum entre as histórias, nem como prever qual será a reação de cada uma delas. Mães de boa condição financeira, educadas nas melhores escolas e de famílias amorosas, são extremamente violentas e intolerantes com suas crias.
Mães das mais baixas classes sociais, frequentadoras das igrejas mais homofóbicas e reprimidas pelos maridos, levantam-se em defesa de seus filhos e os acompanham nas cirurgias de redesignação sexual. É o tipo de coisa que não dá para prever e, por isso, é tão importante olhar esses relatos com calma.
Relatos
Mas a jornalista vai do frio relato coletivo até a acalorada reflexão íntima. E, neste momento, não tem vivência de 9 anos na Europa nem trabalho num meio permissivo como a TV que seja capaz de oferecer uma explicação. Só existe uma mãe e um filho, juntos, tomando uma decisão necessário para o futuro de ambos – com suas consequências. Por vezes, a decisão pelo rompimento traz, um tempo depois, arrependimento, dor e culpa pelo resto da vida.
A peça é uma grande homenagem às mães e ao Mães pela Diversidade, importante órgão de apoio aos LGBTs. É sensacional uma organização formal baseada no amor materno dar apoio individual e institucional à luta contra o preconceito.
“Eu sempre soube” estreia dia 5 de julho e fica em cartaz até o dia 28, no teatro Dulcina, Rio de Janeiro, sempre às 19h.
Agenda
– Estreou a peça Stonewall 50 – Uma Celebração Teatral, estrelada pelo ator Thiago Mendonça. A partir da história e de experiências pessoais, próprias da linguagem do teatro documentário, a peça recupera a trajetória de luta pelos direitos civis das pessoas LGBTQI+ nos Estados Unidos e no Brasil. De 28 de junho a 27 de julho, sextas e sábados às 23h30, no teatro dos Satyros, em São Paulo
– Dia 7 de julho vai ter a 6ª Parada do Orgulho LGBT do Cruzeiro/ Octogonal /Sudoeste. Ela acontecerá a partir das 14h e se reunirá ao lado da praça do Cruzeiro Memorial JK