metropoles.com

A marca genética e a grande revolução #sqn

Em bombástica notícia – como lhe é peculiar –, o site da Revista Super Interessante anunciou a descoberta da marca genética da homossexualidade. Isto significa que um grupo de cientistas acredita ter decifrado as informações genéticas que permitiriam descobrir quem é gay e quem é hétero em determinado teste. Com certeza, isso traria uma revolução […]

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
iStock
Futuristic model man of dna
1 de 1 Futuristic model man of dna - Foto: iStock

Em bombástica notícia – como lhe é peculiar –, o site da Revista Super Interessante anunciou a descoberta da marca genética da homossexualidade. Isto significa que um grupo de cientistas acredita ter decifrado as informações genéticas que permitiriam descobrir quem é gay e quem é hétero em determinado teste. Com certeza, isso traria uma revolução na forma como tratamos a questão da homossexualidade. Mas que revolução seria essa?

Antes de mais nada, é importante esclarecer o real conteúdo da descoberta. Primeiro, a pesquisa só foi realizada com homens gays e heteros. Segundo, as informações são de marcadores epigenéticos, ou seja, “surgem de mudanças químicas que não afetam diretamente as informações no DNA, mas a forma como os genes se expressam”, de acordo com a própria reportagem.

Isso significa uma influência do ambiente. Só o gene em si não é capaz de determinar se o indivíduo será gay ou não. Esclarece ainda que pode ser passado de pai para filho, mas também pode surgir durante a gestação, ou já na vida adulta, por fatores como estresse, a alimentação ou o fumo.

Lembro de um padre que causou confusão ao dizer que, se um dia descobríssemos que a homossexualidade tem origem genética, muita coisa mudaria, inclusive na própria igreja, e ele não estava errado. Comprovada a natureza biológica, seria absurdo condenar a sua prática, pois não poderia mais ser visto como “pecado” ou “má escolha”, mas expressão de uma condição da sua natureza.

Eu sei que de cara parece que desapareceriam todas as formas de opressão social, entretanto é da raça humana de que estamos falando e dela podemos esperar coerência apenas das ideias, nunca dos indivíduos. Quantas verdades científicas já foram usadas para discriminar, não mais com o calor dos ódios mortais que vem dos corações, mas com a frieza do conhecimento que brota dos cérebros, produzido nos laboratórios?

“Tal gene é o que produz a cor da pele escura, e o mesmo também gera uma maior indolência para o trabalho, por isso eu só contrato brancos, pois sua carga genética lhes dá mais atributos para desenvolver tarefas”, já disse gente lá nos idos da década de 1960, se utilizando das concepções científicas da época.

A seleção genética em laboratórios, antes mesmo do nascimento, poderia ser sugerida para descartar os portadores do gene com essa tendência, antecipando assim a atitude descrita anteriormente. Ou a indústria farmacêutica poderia tentar desenvolver um remédio que iniba a produção da substância que causaria o comportamento. Assim, quem não quiser ser gay, pode deixar de sê-lo, virando questão de saúde pública.

(Aqui levanto apenas algumas hipóteses do que pode acontecer, caso seja comprovado, sem sombra de dúvidas, que esta marca genética gera tal comportamento sexual. Entretanto, mesmo que eu gastasse todos os meus caracteres levantando hipóteses, não poderia prever todas as possibilidades para a deturpação do conhecimento, não há limite para o pior.)

As diferenças
Não quero dizer que não é importante sabermos a origem das características humanas, ou que essa pesquisa não tem valor nenhum.  Ao mesmo tempo, questiono: por que seria necessário que a ciência – esta religião moderna que apresenta verdades incontestáveis – avalize uma orientação sexual para as pessoas se sentirem confortáveis com ela? O direito à liberdade de ser como bem entender, ou melhor, de se expressar como se é, sobretudo quando tal atitude não faz mal nem a si próprio nem à coletividade, já não é motivo suficiente para respeitar as diferenças? Precisa mesmo de uma comprovação científica?

Por fim, um exemplo do uso da ciência para inclusão e compreensão e para a exclusão. No vídeo abaixo, há os argumentos de Silas Malafaia, justificando porque gays não existem biologicamente/geneticamente, e a contraposição feita pelo biólogo Eli Vieira, doutorando em genética em Cambridge, no Reino Unido.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?