Passei quatro dias em Hong Kong e descobri uma cidade fascinante
Fiz uma viagem à ilha ao lado do meu filho Pedro. Descubra onde comer, o que visitar e as curiosidades da cultura local
atualizado
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Entre 18 e 20 de novembro, meu filho Pedro fará uma corrida em Macau, na China, e aproveitamos, eu e ele, para conhecer Hong Kong. Depois de três dias em Milão – onde nos encontramos – e mais ou menos 22 horas de viagem (ligamos o timer no telefone assim que saímos do hotel na Itália), chegamos à Ásia.
Apesar de ter chovido muito em três dos quatro dias que estivemos lá e do fuso horário de 10 horas nos cansando, conseguimos conhecer bastante coisa. Nosso primeiro passeio foi ver e entender o hábito de consumo das comidas secas.A cidade ficou sob domínio britânico por mais de 150 anos e foi devolvida à China em 1997, tornando-se Região Especial Administrativa Chinesa. É formada pela ilha de Hong Kong, Kowloon e Lantau, onde fica o aeroporto. A modernidade aliada à preservação das tradições chinesas fazem o lugar ser bem peculiar.
No bairro comercial de Sheung Wan, se concentram as lojas que vendem esse tipo de comida. Um estabelecimento ao lado do outro. Tem de tudo: pepino-do-mar, barbatana de tubarão, cogumelos, camarões, ninho de andorinha e abalone – uma espécie de molusco, iguaria caríssima. E por aí vai. O cheiro era fortíssimo. Os chineses quase não consomem remédios, usam alimentos e ervas para curar os males. Quase não se veem farmácias.
Depois fomos até a Victoria Peak, onde dá para apreciar a vista fabulosa da cidade. Pudemos observar os prédios altíssimos e, como estava nublado, um deles parecia ter o seu topo tocando o céu. Impressionante.
A tradição chinesa pode ser vista pela quantidade de templos existentes. A maioria é taoista, religião predominante, mas divide tranquilamente espaço com os santuários budistas e de outras crenças.
Primeiro visitamos o Man Mo Temple. Uma quantidade enorme de incensos gigantes acesos fica no teto em forma de espiral. O tipo mais comum é deixado no altar após as orações. A fumaça causa uma estranha sensação no início, mas depois a gente se acostuma. O Taoismo é praticado por 1 bilhão de pessoas e é baseado no principio de que tudo está interligado. Não existe sorte, e sim bênçãos por agir em harmonia com o universo.
Depois seguimos para o interessante templo taoista Wong Tai Si. Kau Cim é a grande atração. Na curiosa prática, as pessoas pegam um conjunto de varetas e se ajoelham diante do altar. O participante deve sacudi-las enquanto faz, mentalmente, uma pergunta. A varinha que cair no chão dá a resposta a sua questão. Com os dizeres da haste anotados em um papel, você pede a cidadãos habilitados (são muitos, enfileirados em pequenos espaços comerciais) para desvendarem o mistério.
O templo de Chi Lin Nunnery é budista e tem uma atmosfera maravilhosa. Você sai da barulhenta rua de Hong Kong e entra em um espaço de pura paz. As imagens de Buda são belíssimas e a arquitetura do local é um caso à parte. Sem utilizar nenhum prego sequer, as estruturas de madeira estão encaixadas como um Lego gigante. Chamam atenção os banzais enormes e as Flores de Lótus, símbolo da pureza do corpo e da alma.
Por último, passeamos pelo Kowloon Walled City Park. O local tem uma história impressionante. A Cidade Murada de Kowloon tinha 0,3km² e foi, antigamente, uma espécie de favela. Densamente povoada, chegou a ter 33 mil residentes. Ali viviam comerciantes, donas de casa, dentistas. Uma cidade construída de forma absurda.
Em janeiro de 1987, o governo anunciou sua demolição e a pôs em prática em março de 1993. Os habitantes foram compensados e relocados para prédios com uma infinidade de apartamentos – distinguidos pela cor rosa-claro. Hoje, no local, existe um parque belíssimo onde se encontram, além de obras de artistas homenageando o antigo “monumento”, explicações com fotos e plantas baixas para os visitantes entenderem como funcionava aquilo.
Hong Kong não decepciona os visitantes que querem comprar. A quantidade de shoppings é impressionante. Estão lá todas as grandes marcas mundiais, com várias lojas espalhadas pela cidade. Tem de tudo: eletrônicos, bugigangas e antiguidades.
Pegar um táxi, para nós, virou uma grande aventura. Nunca sabíamos o que seria. Com carros de um mesmo modelo muito antigo, eles são numerosos e fáceis de encontrar. Tivemos, no mesmo dia, duas experiências bem distintas.
Fomos visitar o Ladie’s Market e Sneakers Street em um dia de muita chuva. Pegamos um táxi dirigido pelo simpático Sr. Waltson, que falava inglês bem. Com a confirmação de que éramos do Brasil, perguntou se podia colocar sua música brasileira favorita. E, em plena Ásia, começou tocar “Chorando Se Foi”, lambada de sucesso 25 anos atrás e ele sabia. Nos divertimos com o Sr. Waltson.
Depois de um almoço maravilhoso no Bar Lounge do Ritz Carlton Hotel, a chuva não dava trégua e pegamos outro táxi. O motorista não falava nenhuma língua a não ser o chinês e brigava com a gente porque ele não entendia o endereço. Pediu pra eu escrever, fez um “ok” e abriu um sorriso. Fiquei aliviada.
Passamos o percurso ouvindo ele falar em chinês, sem entender nada. Ele conversava normalmente. Quando parou o carro, estávamos no lugar errado. Resolvemos sair e pegar outro táxi, porque a comunicação era impossível e ele tinha nos levado para o lado oposto do nosso hotel. Saudades do Sr. Waltson.
Eu não gosto de comida chinesa. Mas Hong Kong oferece muitas opções de lugares para comer e não tive problema. Um dos que mais me impressionou foi o Restaurante Umi, de comida japonesa. Com 12 assentos em volta de um balcão, o local dispõe de apenas dois horários para reserva: 18h30 e 20h30. E eles não admitem atraso.
O chef prepara um menu degustação incrível. Com uma carta de saquê variada e especial, o jantar se tornou uma experiência singular. Depois das entradas, os sushis são oferecidos, um a um, e, de acordo com a tradição japonesa, comemos com as mãos. Voltamos para o hotel extasiados.
Hong Kong é uma cidade incrível com aquele mar de pessoas, as luzes, todos os cheiros e a tradição cultural milenar. Uma mistura fascinante que estou feliz de ter vivenciado.