Lygia Fagundes Telles: linha do tempo relembra importantes obras
Ao longo da carreira, a modernista ganhou prêmios literários nacionais e internacionais
atualizado
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Dama da literatura brasileira, Lygia Fagundes Telles morreu na manhã do último domingo (3/4), aos 98 anos de idade. A escritora teve grande relevância principalmente no pós-modernismo, marcado por temas como a morte, o amor, o medo e a loucura. Como autora, Lygia se reconhecia como testemunha do tempo e da sociedade. Para homenagear a modernista, o Metrópoles traz uma linha do tempo com importantes obras da contista.
Ao longo da carreira, Lygia recebeu importantes prêmios literários nacionais e internacionais. Entre eles, destacam-se o Prêmio Camões, o mais importante da literatura de língua portuguesa; o Prêmio Jabuti e o Prêmio Coelho Neto. Além disso, foi eleita para a Academia Brasileira de Letras em 1985.
Lygia Fagundes Telles
Lygia Fagundes Telles nasceu em 19 de abril de 1923, em São Paulo. Viveu parte da infância no interior do estado paulista, por causa do trabalho do pai, que era promotor público. Aos 8 anos, ela e a mãe foram morar na capital e, depois, no Rio de Janeiro, onde viveu por cinco anos. Mas foi na adolescência, em 1938, que publicou o primeiro livro de contos: Porões e sobrados.
A partir de 1939, estudou na Escola Superior de Educação Física, da Universidade de São Paulo (USP), e também na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco. Depois de quatro anos, ela se casou com o professor de direito internacional privado Gofredo da Silva Telles Júnior (1915-2009), divorciando-se em 1960.
Conheça algumas obras da coletânea de Lygia, com foco na escrita e linguagem da modernista:
As Meninas, por Lygia Fagundes Telles | Editora Companhia das Letras, abril de 2009
“Mas não quero resposta, quero ficar só. Gosto muito das pessoas, mas essa necessidade voraz que às vezes me vem de me libertar de todos. Enriqueço na solidão: fico inteligente, graciosa e não esta feia ressentida que me olha do fundo do espelho. Ouço duzentas e noventa e nove vezes o mesmo disco, lembro poesias, dou piruetas, sonho, invento, abro todos os portões e quando vejo a alegria está instalada em mim.”
Antes do Baile Verde, por Lygia Fagundes Telles | Editora Companhia das letras, abril de 2009
“Aquele médico miserável. Tudo culpa daquela bicha. Eu bem disse que não podia ficar com ele aqui em casa, eu disse que não sei tratar de doente, não tenho jeito, não posso! Se você fosse boazinha, você me ajudava, mas você não passa de uma egoísta, uma chata que não quer saber de nada. Sua egoísta.”
Ciranda de Pedra, por Lygia Fagundes Telles | Editora Companhia das Letras, outubro de 2009
“(…) Ouça, Virgínia, é preciso amar o inútil. Criar pombos sem pensar em comê-los, plantar roseiras sem pensar em colher as rosas, escrever sem pensar em publicar, fazer coisas assim, sem esperar nada em troca. A distância mais curta entre dois pontos pode ser a linha reta, mas é nos caminhos curvos que se encontram as melhores coisas (…)”.
Seminário dos Ratos, por Lygia Fagundes Telles | Editora Companhia das Letras, outubro de 2009
“[…]a população ratal já se multiplicou sete mil vezes depois do I Seminário, que temos agora cem ratos para cada habitante, que nas favelas não são as Marias, mas as ratazanas que andam de lata d’água na cabeça — acrescentou contendo uma risadinha. — O de sempre”.
Verão do Aquário, por Lygia Fagundes Telles | Editora Companhia das Letras, novembro de 2010
“Na realidade o amor é uma coisa tão simples… Veja-o como uma flor que nasce e morre em seguida porque tem que morrer. Nada de querer guardar a flor dentro de um livro, não existe nada mais triste no mundo do que fingir que há vida onde a vida acabou.”