Repórter que caiu de prédio após encontro revela ameaças e desemprego
Izaías Godinho era repórter da CNN Brasil quando caiu do terceiro andar de um prédio após ser ameaçado durante um encontro com outro homem
atualizado
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O repórter Izaías Godinho abriu o jogo sobre o que ocorreu no dia em que caiu do quarto andar de um prédio no qual tinha um encontro, em maio deste ano. Na época, ele era repórter da CNN Brasil e o caso ganhou maior notoriedade pelo encontro ter ocorrido durante o intervalo do horário de trabalho do jornalista.
Segundo o relato de Izaías, ele decidiu sair pela janela após sofrer ameaças e uma tentativa de extorsão. A fuga, no entanto, foi mal sucedida e ele sofreu diversas fraturas, que o levaram a passar três meses usando cadeira de rodas e perder o emprego. Agora, ele quer Justiça no caso.
“Fui vítima de uma gravíssima violência e, ao contrário do que foi veiculado nos portais de notícias, eu não dei uma ‘fugidinha’, eu estava no meu horário de intervalo, como todos os dias”, explicou ao Portal Leo Dias.
Ele contou que fez uma entrada ao vivo na CNN às 6h e precisou voltar para casa para buscar as credenciais necessárias para entrar no Palácio do Planalto, que havia esquecido. Ao chegar no térreo do prédio, abriu “de forma despretensiosa” um aplicativo de relacionamentos e começou a conversar com o homem, que se identificou como Gustavo, mas se chama Diego Ramos de Carvalho.
Izaías contou que perguntou se o homem era garoto de programa e recebeu uma resposta negativa. Assim, ele seguiu para o apartamento do rapaz, que ficava próximo ao prédio em que trabalhava no centro de Brasília. No entanto, as coisas mudaram após a transa.
De acordo com o jornalista, o homem identificado como Gustavo questionou se o pagamento seria feito em dinheiro ou por meio de Pix e começou a ameaçá-lo.
“Ali eu já me desesperei, pois foi em um tom de voz muito agressivo. Ele falou que se eu não transferisse R$ 500 para ele naquele momento, ele iria me encher de porrada e pedir para que outros três homens que viviam no mesmo prédio fossem me agredir fisicamente.”
Nesse momento, Izaías chegou a consultar o aplicativo do banco, mas confirmou que não tinha o valor pedido. Ele chegou a tentar sair pela porta, mas ela era trancada por senha e o homem se recusou a abrir. Foi então que o repórter teve a ideia de tentar fugir pelo andar debaixo.
“Me pendurei no quarto andar, e ele perguntou de forma muito fria: ‘Você vai pular?’. E eu falei: vou. Ele disse ‘Então tá bom'”, relembrou.
A queda do prédio e as consequências
Quando saiu pela janela, ele chegou a apoiar os pés em uma parte do terceiro andar, mas acabou despencando no chão. Com a queda, Izaías sofreu fraturas nos dois pés, fêmur e quadril, o que o levou a uma internação de 28 dias e a precisar usar cadeira de rodas por três meses.
Ainda de acordo com a entrevista, ele recebeu toda a assistência da CNN nesse período, inclusive com mensagens de apoio da equipe de direção. Mesmo com o cuidado, a emissora optou por demiti-lo após a licença médica.
“Quando tiveram acesso ao laudo médico que me autorizava a retornar às atividades, eles disseram que não podiam continuar comigo porque precisaram contratar outro jornalista para o meu lugar no período do meu afastamento”, detalhou. A CNN Brasil foi acionada, mas ainda não enviou um posicionamento sobre o caso.
Ele avalia ainda que o caso dele foi noticiado de “forma irresponsável por muitos portais” e que isso prejudicou a carreira dele. Entre as notícias veiculadas na época, textos apontaram que ele deu “uma fugidinha” do trabalho para transar e que traiu o namorado, com quem ele diz que mantinha um relacionamento aberto no período.
Uma das situações que o leva a acreditar nisso foi uma tentativa de recolocação no mercado de trabalho. “Não quiseram nem me entrevistar [após saberem do acidente]. Foi bem difícil toda essa repercussão negativa, trouxe marcas para a minha carreira”, garantiu.
Agora, ele ainda lida com outros problemas de saúde e com a dificuldade de arrumar um novo emprego. “Eu desenvolvi um quadro de depressão e estou buscando acompanhamento terapêutico. Perdi 14 kg em todo esse processo, preciso voltar para a fisioterapia. Preciso me reerguer. Fui enfrentar o mundo com muita coragem e responsabilidade, agora vejo a minha carreira indo por água abaixo por esse fato”, lamentou.