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Sobrinho impediu açougueiro de ferir mais pessoas após matar a cunhada

Segundo o delegado, o rapaz chegou após Josué Pereira esfaquear a irmã da esposa e conseguiu evitar uma tragédia maior

atualizado

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Acusado de matar a cunhada, Eliane Maria Sousa de Lima, 49 anos, com um único golpe de faca, Josué Pereira da Silva (foto em destaque), 47, possuía duas ocorrências registradas na Polícia Civil do Distrito Federal por violência doméstica e Lei Maria da Penha, em 2014 e 2018. Descrito por testemunhas como um homem agressivo, o suspeito trabalhava como açougueiro no Gama e usou uma faca de 32 cm para golpear a irmã da esposa, Paula Otacílio de Lima, 43 anos.

Segundo o delegado da 20ª Delegacia de Polícia (Gama), Vander Braga, Josué e a esposa estariam fazendo o uso de bebida alcoólica momentos antes do crime. “Estavam bebendo muito e todos relataram que ele ficava agressivo quando bebia. Era um costume da própria família esconder as facas dele durante as brigas”, afirmou o policial.

Vander explicou que a filha de 11 anos da mulher, enteada de Josué, correu para pedir proteção à mãe. “A família mora toda próxima, a tia da menina, cunhada do autor, foi separar a briga quando levou uma facada na costela esquerda. O sobrinho do casal, por sua vez, mora em cima do apartamento dos dois e desceu para socorrê-la.”

De acordo com o policial, Hiago Otacílio de Lima “impediu que a tragédia fosse maior”. “Certamente, se esse sobrinho não contivesse o suspeito, teríamos cinco ou seis pessoas mortas, todas mulheres que foram apartar a briga. Ele ia matar o pessoal todo lá. Era forte, mas o sobrinho era mais.”

Na manhã desta segunda-feira (22/04/19), o juiz substituto do Tribunal do Júri e Vara dos Delitos de Trânsito do Gama, Gustavo Fernandes Sales, fez a audiência de custódia e converteu em preventiva a prisão em flagrante de Josué. “O autor teria feito uso de uma faca, em frente a testemunhas, o que demonstra a ousadia e o destemor do autuado, o desrespeito flagrante pelas leis e pela vida alheia, bem como a sensação aparente de impunidade”, disse, na decisão.

O juiz destacou o histórico de violência doméstica e familiar. Por isso, também aplicou outras sanções, caso alguma decisão judicial futura solte o acusado. Entre elas, está o imediato afastamento da casa e a proibição de aproximação ou contato com a esposa, a filha, familiares e testemunhas, por qualquer meio de comunicação.

Entenda o caso
Josué matou a própria cunhada à facada quando ela tentava defender a irmã. A vítima (imagem abaixo) foi atingida no peito no momento em que separava a briga do casal, na noite de domingo (21/04/19).

Após o crime, o suspeito foi espancado por um grupo de familiares, na Quadra 11 do Gama.

O caso foi registrado na 20ª Delegacia de Polícia (Gama) como feminicídio. Levado ao Hospital Regional do Gama, o homem recebeu atendimento. Em seguida, foi encaminhado para carceragem do Departamento de Polícia Especializada (DPE).

Reprodução/Arquivo pessoal

O acusado vai responder por feminicídio, lesão corporal e por agressões relacionadas à Lei Maria da Penha. A pena prevista para esses crimes é de mais de 30 anos de prisão.

Eliane já tinha sido vítima de violência doméstica praticada pelo marido dela. Em 2012, chegou a registrar ocorrência policial e recebeu medidas protetivas. Familiares contaram, entretanto, que ela teria reatado o relacionamento.

Feminicídios
Com a morte de Eliane, o DF registrou, somente neste ano, nove feminicídios. Na madrugada do dia 5 de janeiro, Vanilma Martins dos Santos, 30, foi morta com uma facada pelo homem que era seu marido há anos. Os dois viviam juntos no Gama e tinham um filho pequeno.

No dia 28 de janeiro, Diva Maria Maia da Silva, 69, recebeu cinco tiros no apartamento da família, na Asa Norte. O assassino era Ranulfo do Carmo, 74, também companheiro da vítima.

Apenas dois dias depois, foi a vez de Veiguima Martins, 56, morrer. Ela já havia registrado ocorrência por ameaça e lesão corporal contra o marido. Após matá-la a facadas no quarto do casal, o assassino ateou fogo no apartamento para tentar encobrir o crime e acabou morto também.

Ainda em janeiro, Patrícia Alice de Souza, 23, foi atingida por um tiro nas costas. As investigações concluíram que foi feminicídio.

Cevilha Moreira dos Santos, 45, foi encontrada morta no dia 11 de março, em Sobradinho. A vítima tinha marcas de facada no peito. O namorado dela é o principal suspeito. A polícia ainda não o localizou.

No dia 19 de março, o corpo de Maria dos Santos Gaudêncio, 52, foi encontrado em estado de putrefação e com cinco facadas na Quadra 2 da Fazendinha, no Itapoã. Policiais da 6ª Delegacia de Polícia (Paranoá) prenderam Antônio Pereira Alves, 40, acusado de matar a namorada. O casal estava junto há cerca de dois anos.

O sétimo caso noticiado na capital da República, no dia 31 de março foi o de Isabella Borges de Oliveira, 25. O ex-companheiro dela, Matheus Cardoso Galheno, 22, a matou com um tiro no olho dentro de casa, no Paranoá. Em seguida, ele tirou a própria vida.

No dia 14/04/19, Luana Bezerra da Silva, 28 anos, foi esfaqueada pelo marido e morreu. Ela estava grávida de três meses.

Neste 2019, o Metrópoles iniciou um projeto editorial para dar visibilidade às tragédias provocadas pela violência de gênero. As histórias de todas as vítimas de feminicídio do Distrito Federal estão sendo contadas em perfis escritos por profissionais do sexo feminino (jornalistas, fotógrafas, artistas gráficas e cinegrafistas), com o propósito de aproximar as pessoas da trajetória de vida dessas mulheres.

O Elas por Elas propõe manter em pauta, durante todo o ano, o tema da violência contra a mulher para alertar a população e as autoridades sobre as graves consequências da cultura do machismo que persiste no país. Desde 1° de janeiro, um contador está em destaque na capa do portal para monitorar e ressaltar os casos de Maria da Penha registrados no DF.

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