Sepultada a 20ª vítima de feminicídio do Distrito Federal
Família optou por não realizar o velório de Lilian Cristina, assassinada com uma facada no peito pelo ex-companheiro Jhonnatan Neto
atualizado
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Familiares e amigos se despediram, neste sábado (14/09/2019), de Lilian Cristina da Silva Nunes, 25 anos, sepultada no Cemitério de Sobradinho. Ela é a 20ª vítima de feminicídio deste ano, apenas no Distrito Federal. A jovem foi assassinada a facadas, na última quinta-feira (12), pelo ex-companheiro Jhonnatan Neto, 36 anos, que não aceitava o fim do relacionamento e o início de um novo namoro por parte dela.
A família optou por não realizar velório. Com camisetas com foto da vítimas, eles protestaram contra à violência.
O crime aconteceu na manhã de quinta-feira (12/09/2019), no Núcleo Rural Boqueirão, no Paranoá. A vítima foi apunhalada quando tentava conversar com o agressor. Sem chance de defesa, levou duas facadas, segundo os vizinhos que a socorreram. Levada ao Hospital Regional do Paranoá (HRPa), a jovem não resistiu aos ferimentos e morreu.
Em depoimento na 6ª Delegacia de Polícia (Paranoá), Jhonnatan Neto contou que ficou preso sete anos por roubo e teria conhecido a vítima em um dos saidões, há cerca de um ano. De acordo com o suspeito, os dois decidiram morar juntos há quatro meses, quando começaram a trabalhar na chácara em que o crime aconteceu. O assassino confesso disse que, há 15 dias, os dois brigaram e decidiram dormir em cômodos separados: Lilian no quarto e ele na sala. Para evitar contato, os ambientes eram divididos por um forro de PVC.
Ainda segundo o agressor, a mulher teria iniciado outro relacionamento com um colega de escola. Para Jhonnatan, foi o estopim.
Um agente penitenciário que estava no local conteve o homem fazendo dois disparos para cima. Ele socorreu a mulher no próprio carro. Em seguida, retornou à chácara do crime e conduziu o assassino à delegacia. Jhonnatan foi autuado em flagrante.
Neste 2019, o Metrópoles iniciou um projeto editorial para dar visibilidade às tragédias provocadas pela violência de gênero. As histórias de todas as vítimas de feminicídio do Distrito Federal serão contadas em perfis escritos por profissionais do sexo feminino (jornalistas, fotógrafas, artistas gráficas e cinegrafistas), com o propósito de aproximar as pessoas da trajetória de vida dessas mulheres.
O Elas por Elas propõe manter em pauta, durante todo o ano, o tema da violência contra a mulher para alertar a população e as autoridades sobre as graves consequências da cultura do machismo que persiste no país.
Desde 1° de janeiro, um contador está em destaque na capa do portal para monitorar e ressaltar os casos de Maria da Penha registrados no DF. Mas nossa maior energia será despendida para humanizar as estatísticas frias, que dão uma dimensão da gravidade do problema, porém não alcançam o poder da empatia, o único capaz de interromper a indiferença diante dos pedidos de socorro de tantas brasileiras.