PM prende homem que tentou estuprar mulher em parada no Lago Sul
Vítima estava caminhando em direção ao ponto de ônibus da QI 29 quando foi abordada pelo agressor
atualizado
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A Polícia Militar prendeu, em flagrante, um homem que tentou estuprar uma mulher que estava a caminho do ponto de ônibus da QI 29 do Lago Sul nesta terça-feira (03/09/2019). Segundo a corporação, o suspeito abordou a vítima enquanto ela caminhava até a parada. Ela conseguiu se desvencilhar do agressor e acionou a PM.
Quando os militares chegaram, testemunhas disseram que ele havia acabado de fugir em direção à DF-025. Os policiais pegaram a descrição do homem e conseguiram capturá-lo.
Crime na Asa Sul
O caso ocorreu horas após o corpo de Pedrolina Silva, 50 anos, ser descoberto próximo a um ponto de ônibus na L4 Sul. A morte exemplifica um dos modos de agir de homens que cometem violência contra mulheres.
Pedrolina foi rendida, agredida e arrastada para um matagal enquanto estava num ponto de ônibus. Ela tinha combinado de ir a um clube e esperava o desembarque de uma amiga, para seguirem juntas. A vítima estava sumida desde domingo (01/09/2019) e o desaparecimento era investigado pela 6ª Delegacia de Polícia (Paranoá).
O cadáver estava em um matagal atrás do Centro Universitário Unieuro, na L4 Sul. De acordo com informações da 6ª DP, a auxiliar de serviços gerais de uma farmácia em Taguatinga Norte saiu de casa no domingo, no Paranoá Parque, e marcou de encontrar-se com uma amiga na parada de ônibus perto da Unieuro.
Medo da espera
Nas últimas semanas, as paradas de ônibus se tornaram motivo de medo para mulheres que dependem de transporte público no DF. A morte da advogada Letícia Sousa Curado, 26 anos, provocada pelo cozinheiro Marinésio dos Santos Olinto, 41 – que se passou por motorista de lotação, em Planaltina, para atrair, assediar e depois matar a advogada e funcionária terceirizada do Ministério da Educação (MEC) –, trouxe a insegurança mais uma vez ao holofote.
A questão, no entanto, está longe de ser um problema exclusivo de Planaltina, onde o transporte é precário em muitas áreas. O Metrópoles percorreu paradas de ônibus em outras quatro regiões administrativas e conversou com outras mulheres, que relatam o medo de utilizar esse tipo de meio de locomoção.
É o caso da diarista Ozima Rodrigues, 45. Todos os dias ela sai da QNQ, em Ceilândia, para trabalhar no centro da mesma cidade, e admite que era usuária frequente de transportes piratas. “Geralmente, passam primeiro que o ônibus, por isso eu pegava, mas também só se o carro estivesse cheio. Depois desses casos, eu não pego mais”, garante.
Ozima é mãe de duas filhas, uma de 16 e outra de 22. Segundo ela, a mais velha trabalhava no MEC com Letícia, o que causou ainda mais temor na família. “Ela chegou me dizendo que conhecia a menina que foi assassinada, ficou muito triste. Agora está todo mundo proibido de pegar lotação, lá em casa”, afirma.
Neste 2019, o Metrópoles iniciou um projeto editorial para dar visibilidade às tragédias provocadas pela violência de gênero. As histórias de todas as vítimas de feminicídio do Distrito Federal serão contadas em perfis escritos por profissionais do sexo feminino (jornalistas, fotógrafas, artistas gráficas e cinegrafistas), com o propósito de aproximar as pessoas da trajetória de vida dessas mulheres.
O Elas por Elas propõe manter em pauta, durante todo o ano, o tema da violência contra a mulher para alertar a população e as autoridades sobre as graves consequências da cultura do machismo que persiste no país.
Desde 1° de janeiro, um contador está em destaque na capa do portal para monitorar e ressaltar os casos de Maria da Penha registrados no DF. Mas nossa maior energia será despendida para humanizar as estatísticas frias, que dão uma dimensão da gravidade do problema, porém não alcançam o poder da empatia, o único capaz de interromper a indiferença diante dos pedidos de socorro de tantas brasileiras.