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Pai diz que Necivânia denunciou ex pouco antes de ser morta

Manuel Eugênio: “A polícia iria atrás dele, mas antes disso, ele conseguiu matar a minha Vânia”

atualizado

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1 de 1 PAi-de-Necivania - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

Pai de Necivânia Eugênio de Caldas, 37 anos, Manuel Eugênio viu a manicure ser assassinada pelo ex-genro, em Santa Maria. Ele estava tomando café na esquina quando tudo ocorreu, na tarde de quinta-feira (14/11/2019). “Não era homem para a minha filha. Ela havia ido horas antes na delegacia denunciá-lo. A polícia iria atrás dele, mas antes disso, conseguiu matar a minha Vânia (como a vítima era conhecida). Eu ainda disse a ela que temia que isso fosse acontecer. A Vânia dizia que não. Que não existia essa possibilidade”, lamentou.

O pai ainda comentou que a filha era reservada e não comentava muito sobre o relacionamento. “Ela era mais na dela. Não sabemos o que acontecia entre os dois. Mas já havíamos pedido pra ela largar ele. Voltar para casa. Nunca apoiei o casamento.”

Menos de 24h após ver Vânia ser morta a facadas, o irmão mais novo da vítima, o vendedor ambulante Adaílton Eugênio de Caldas, 33, que também foi esfaqueado pelo agressor, conversou com o Metrópoles. “Ele tirou a vida da minha irmã. Nada explica isso. Não há perdão para um desgraçado desse”, disse, na manhã desta sexta-feira (15/11/2019).

Adaílton contou os momentos de terror que viveu. Ele diz que ouviu o sobrinho de 8 anos, que estava na garupa da moto da mãe, gritar por socorro. Quando correu para ver o que estava acontecendo, se deparou com Francisco Dias Borges, 37, segurando um facão. “Neste momento, a minha irmã já estava no chão. Fui em direção a ele e, ao tentar desviar, desequilibrei e caí”, contou.

Depois, Francisco começou a golpear Adaílton. “Temia pela minha vida. Levei duas facadas certeiras. Uma no pescoço, e a outra, um pouco abaixo do ombro. Pensei que ia morrer também e não podia deixar meus filhos aqui. Me protegi apenas com os braços”, ressaltou.

Adaílton foi levado ao Hospital Regional de Santa Maria pelo Corpo de Bombeiros e teve alta na manhã desta sexta-feira (15/11/2019). “Eu escapei. Graças a Deus. Agora fica a revolta pela minha irmã, pelos meus sobrinhos. Eles estão inconsoláveis. A mais nova, filha desse relacionamento, já está sabendo que a mãe não vai mais voltar”, destacou.

O irmão contou que ao falarem sobre a situação para a menina de 5 anos ela disse: “A mamãe agora foi para o céu junto com a vovó.” A mãe da vítima morreu há cerca de três anos, vítima de câncer. “Agora vamos resolver as questões do velório e ajudar os meus sobrinhos, que vão precisar da nossa atenção e carinho”, disse Adaílton. A manicure e estudante de enfermagem Necivânia Eugênio de Caldas deixou quatro filhos.

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Segundo a família, o homem já tinha ameaçado a ex na semana passada
Necivânia é a 29ª vítima de feminicídio neste ano no Distrito Federal
A vítima pilotava uma moto quando foi derrubada pelo agressor
Vizinhos choram com feminicídio em Santa Maria
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A manicure Necivânia Eugênio de Caldas, 37 anos, foi morta a facadas pelo ex-companheiro no dia 14 de novembro

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Segundo a família, o homem já tinha ameaçado a ex na semana passada

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Necivânia é a 29ª vítima de feminicídio neste ano no Distrito Federal

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A vítima pilotava uma moto quando foi derrubada pelo agressor

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Vizinhos choram com feminicídio em Santa Maria

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Manuel, pai da vítima

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Rua em que a vítima foi assassinada

 

 

Vizinhos registraram o momento em que populares tentaram linchar o ex-companheiro de Necivânia. As imagens são fortes e mostram um grupo revoltado pisoteando e chutando a cabeça do homem. Na gravação (veja abaixo), também é possível observar Necivânia caída no chão, ainda de capacete. Ela conduzia a sua moto, uma Honda Bis, com o filho de 8 anos, no momento em que foi abordada por Francisco. Ele a derrubou do veículo e a esfaqueou no peito, embaixo do braço esquerdo e na costela.

Veja o vídeo abaixo:

 

 

O homem, que foi preso em flagrante, estaria esperando a vítima na quadra, ainda conforme o relato de testemunhas. Necivânia tinha ido cortar o cabelo do menino e voltava para casa, quando foi atacada.

Covardia

A cada 10 dias, uma mulher é vítima de feminicídio no Distrito Federal. A maioria dos algozes têm histórico criminoso, são presos e, quando são soltos, matam as vítimas. De 1º de janeiro a 7 de novembro, foram registrados 28 casos, número equivalente a todo o ano passado. Entre eles, 67,8% dos autores já tinham passagens por delegacias, segundo dados inéditos da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) obtidos pelo Metrópoles. Sete já haviam sido detidos pela Lei Maria da Penha e 12, por outros delitos.

Ainda de acordo com o último levantamento feito pela PCDF, dos 28 assassinatos, os responsáveis foram indiciados em 23 ocorrências. Duas investigações seguem sem conclusão, e três homens tiraram a própria vida após o crime. O índice de 93% dos inquéritos finalizados se deve, em boa parte, ao protocolo especial aberto pela polícia.

Neste 2019, o Metrópoles iniciou um projeto editorial para dar visibilidade às tragédias provocadas pela violência de gênero. As histórias de todas as vítimas de feminicídio do Distrito Federal serão contadas em perfis escritos por profissionais do sexo feminino (jornalistas, fotógrafas, artistas gráficas e cinegrafistas), com o propósito de aproximar as pessoas da trajetória de vida dessas mulheres.

O Elas por Elas propõe manter em pauta, durante todo o ano, o tema da violência contra a mulher para alertar a população e as autoridades sobre as graves consequências da cultura do machismo que persiste no país.

Desde 1° de janeiro, um contador está em destaque na capa do portal para monitorar e ressaltar os casos de Maria da Penha registrados no DF. Mas nossa maior energia será despendida para humanizar as estatísticas frias, que dão uma dimensão da gravidade do problema, porém não alcançam o poder da empatia, o único capaz de interromper a indiferença diante dos pedidos de socorro de tantas brasileiras.

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