“Ouvi um estouro”, diz vizinha de mulher morta pelo ex-marido no DF
Crime foi presenciado pelo filho da vítima. Autor se matou após perseguição policial em Goiás
atualizado
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O feminicídio cometido na Quadra 4, Conjunto B, do Condomínio Império dos Nobres, em Sobradinho, deixou ambiente de medo no local na manhã desta terça-feira (12/1). Segundo relato de uma moradora, que pediu para não ser identificada, os barulhos dos tiros disparados contra Marley de Barcelos Dias, 54 anos, ocorreram por volta de 3h.
“Eu estava acordada e ouvi os estouros. Achei que fossem fogos de artifício. Em seguida, começaram os cachorros latindo e algumas vozes gritando. Mas pensei que fosse alguém brigando com os cachorros”, conta.
A mulher pontua que é nova no condomínio e, por isso, não conhece os vizinhos, mas que se assustou ao descobrir sobre o crime. “Foram uns três tiros, em sequência. Mas eu não sabia que eram tiros. Quando foi de manhã, aí teve polícia, tudo mais, e nós começamos a entender”, disse. “Aí é que vemos que pode acontecer em qualquer lugar mesmo”, completa.
De acordo com o subsíndico do Império dos Nobres, Odilon Pereira de Almeida, o suspeito de matar Marley, Geovane Geraldo Mendes da Cunha, 44, entrou no local por volta de 3h. “Mas não sabemos se ele morava aqui, nada”, diz. “O advogado do condomínio já veio, já tomou as providências, e será tudo entregue para a polícia. A gente só lamenta”, acrescenta o trabalhador.
Amiga de Marley, a aposentada Maria de Lourdes Batista dos Santos, 58, conta que conheceu a vítima há cerca de 10 anos, na Escola Classe 12, em Sobradinho, onde as duas trabalhavam. À época, Marley era diretora da unidade.
“Ela era uma pessoa humana de verdade. Eu fiquei muito triste quando soube, porque ela era uma pessoa muito boa mesmo”, lamenta a amiga.
De acordo com aposentada, a vítima nunca havia comentado sobre possíveis agressões causadas pelo ex-companheiro. “Eu estou chocada. É complicado você ouvir notícia de feminicídio, mas quando é uma mulher que você conhece, amiga próxima, é terrível. Por isso a gente nunca pode julgar, porque não sabemos o que pode estar acontecendo”, comenta Maria de Lourdes.
Suicídio
Ainda na manhã desta terça-feira (12/1), a Polícia Civil do DF confirmou a morte de Geovane Cunha. Ele usou a própria arma para se matar, após ser perseguido pela polícia, em São Gabriel (GO).
O filho de Marley de Barcelos Dias contou à polícia o que viu na madrugada desta terça na casa da família.
De acordo com o jovem de 23 anos, Geovane pulou o muro da residência da família e, a partir daí, houve princípio de discussão. O rapaz ouviu o barulho e pegou uma moringa de vidro para se defender, momento em que o suspeito fez um disparo à queima-roupa contra a vítima. Marley caiu na cozinha da casa e, logo depois, o suspeito atirou mais duas vezes contra a ex-companheira
Em seguida, Cunha fugiu no veículo de Marley Dias. A testemunha detalhou que o criminoso chegou ao local com o veículo da irmã.
A mulher, que sofreu perfuração de arma de fogo na região torácica, não apresentava sinais vitais quando os bombeiros chegaram à residência dela. Marley já havia registrado ocorrências de violência doméstica contra o homem. De acordo com o filho da vítima, as medidas protetivas estavam em vigor.