Jovem de 19 anos denuncia estupro coletivo e se muda de cidade após ataques
À polícia do Pará, Susana contou que três homens a obrigaram a cheirar cocaína e que se revezaram para cometer o abuso sexual
atualizado
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Susana (nome fictício), de 19 anos, resolveu abrir o jogo sobre um estupro coletivo que sofreu durante uma festa em São Félix do Xingu, no Pará. A jovem contou à polícia que foi a um aniversário com cerca de 100 pessoas, em 13 de agosto, e acabou abusada sexualmente por três homens, que também participavam da comemoração.
Susana decidiu ir embora da festa por volta das 2h. Um amigo se ofereceu para levá-la em casa, já que a jovem apresentava sinais de embriaguez. Na saída, ele percebeu que deixou as chaves na casa onde acontecia a festa, voltou para buscá-las e, ao retornar, Susana não estava no local.
A jovem contou à polícia que três homens a forçaram a entrar em um carro, além de obrigá-la a usar cocaína, inserindo o pó com uma chave em seu nariz. Os três levaram Susana até uma casa e se “revezaram”, segundo ela, na prática de abusos sexuais, além de a obrigarem a fazer sexo oral neles.
Ela voltou caminhando até o local da festa e testemunhas afirmam que a jovem estava com a roupa suja de sangue, chorando e afirmando que havia sido estuprada.
“Fui para a delegacia diretamente, mas pediram para eu retornar durante o dia. Depois, fui para casa e fiquei com medo do que poderia acontecer. Esse para mim foi o pior momento. Me sentia culpada”, contou Susana ao portal Uol.
Inquérito
O inquérito policial conta com os depoimentos da vítima, de quatro testemunhas que confirmaram o sumiço de Susana da festa, e dos três acusados, que também afirmaram que ela estava “completamente bêbada”.
Os acusados dizem que a jovem entrou no carro sem ser convidada e negaram o estupro. Dois deles disseram que não tiveram relações sexuais com ela e nem presenciaram atos sexuais ou abusos. O terceiro afirmou que não forçou ninguém a ter uma relação sexual com ele.
O nome dos presentes no inquérito não pode ser divulgado, já que o processo corre em segredo de Justiça.
Uma audiência marcada para dezembro servirá para coletar depoimentos das pessoas envolvidas na denúncia e das testemunhas. Foram expedidos mandados de prisão contra os três réus, mas só um deles está preso. Segundo o advogado da defesa, Dyego de Oliveira Rocha, os mandados dos outros dois ainda não foram cumpridos.
Perseguições
Além da dificuldade para denunciar o caso, já que a cidade não conta com um departamento de perícia especializado, a jovem decidiu se mudar de São Félix do Xingu após sofrer perseguições.
“No processo em questão, ela, que também foi drogada, por, supostamente, três homens adultos, capazes e filhos de pessoas com alto poder aquisitivo e influência política na cidade de São Félix do Xingu, teve a sua vida arruinada socialmente”, diz o advogado de Susana, Delson Júnior.
“Foi ridicularizada nas mídias sociais e houve urgência em fugir da cidade, com receio de que ela sofresse algum mal”, completou o advogado.
Perfis nas redes sociais passaram a publicar fotos da jovem com ofensas e ataques, além de um abaixo-assinado que foi criado para que o suspeito preso fosse solto.