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Feminicídio: “Se te amasse, não mataria”, chora mãe de Gabrielly

Mãe de mais uma vítima de feminicídio em Samambaia, na terça-feira (14/01/2020), mulher se desespera na despedida da filha

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1 de 1 Gabrielly-enterro-1 - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

O enterro de Gabrielly Miranda, 18 anos, foi marcado pelo desespero da mãe da jovem, Wildiane da Silva Souza Miranda. Gabrielly foi morta na terça-feira (14/01/2020) pelo namorado, Leonardo Pereira. Ele a assassinou com um tiro na cabeça.

Wildiane passou todo o enterro, no Cemitério de Taguatinga, chorando a perda da filha. Quando o caixão chegou, a mãe pedia para a jovem acordar e voltar. “Por que você não me ligou, minha filha, minha menininha. Eu não vou aguentar ficar sem você”, gritava a mulher.

A mãe lamentou a situação da filha baleada. Segundo Wildiane, Leonardo também já havia a ameaçado de morte.

“Ele bateu na minha filha, matou minha filha! Ele disse que te amava? Que amor é esse? Se te amasse, não mataria”, dizia aos prantos. “Agora, fica o coração partido de uma mãe.”

Ainda segundo a mãe, Gabrielly “lavava, passava e cozinhava” para Leonardo. “Eu pensei que fosse morrer antes dela. Minha filha me ajudava tanto em casa. Lavava, passava e cozinhava para aquele monstro”, afirmou. “Volta para mim, Gabrielly. Como eu te amo”, gritava a mãe.

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Gabrielly Miranda se relacionava com Leonardo Pereira desde os 15 anos
Wildiane, mãe de Gabrielly, se desespera em frente à casa onde a filha foi morta
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Gabrielly Miranda se relacionava com Leonardo Pereira desde os 15 anos

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Wildiane, mãe de Gabrielly, se desespera em frente à casa onde a filha foi morta

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O suspeito de atirar em Gabrielly se entregou, dizendo que era um jogo de "roleta-russa"

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Leonardo Pereira é mantido preso pelo crime

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Medo

Uma familiar, que preferiu não se identificar, afirmou que muitas pessoas evitavam falar sobre o caso e não faziam boletim de ocorrência por causa de o homem ser perigoso.

“Eu já sabia que havia o risco de acontecer algo sério. Essa história de roleta-russa é mentira. Eles estavam há três anos juntos e ele vivia empurrando, batendo nela. Não posso falar muito porque ele é perigoso, fazia parte de uma quadrilha. Até por isso, o BOs não eram feitos quando ele a agredia”, contou a parente.

A própria mãe já havia alertado a jovem sobre Leonardo. “Falei para ela não se apaixonar por assassino. Ele tem que morrer, meu Deus!”, gritou, em desespero, ao saber da morte da filha. “Não acredito que esse homem fez isso com a minha filha. A minha filha não, meu Deus! Ele acabou com a minha vida”, continuou.

A mãe afirmou que o homem já havia ameaçado ela e a filha de morte. “Um tiro na cabeça é acidente? Minha filha morreu, gente. Todo mundo tinha medo dele. A gente não fez um BO [boletim de ocorrência] porque quem faz BO para morrer? Ele chegou a me ameaçar e minha filha andava destruída”, contou Wildiane.

Prisão mantida

Leonardo Pereira, suspeito de matar Gabrielly, permanecerá preso por tempo por indeterminado. Na cena do crime, o homem defendeu que estava “brincando de roleta-russa” com a vítima. A decisão pela manutenção da prisão foi tomada na manhã desta quarta-feira (15/01/2020), durante audiência de custódia. O caso é tratado como feminicídio.

Na ata da audiência, a juíza Lorena Alves Ocampos relembra o depoimento prestado pelo suspeito na 26ª Delegacia de Polícia (Samambaia).
“A suposta brincadeira com a vítima teria se iniciado no momento em que ela teria pegado a referida arma de fogo e passado a puxar o gatilho com a arma apontada na direção de sua própria perna, donde se pode verificar que ela não teria o intuito de correr risco de morte”, destaca a magistrada.

Ainda de acordo com o relato preso, ele teria pego a arma e efetuado o disparo na direção da cabeça da vítima. “Ressalte-se que o autuado, ao invés de ter procurado prestar socorro à vítima, teria saído do local na condução de um veículo VW/Fox, cor vermelha, e somente depois teria retornado à residência, onde os fatos ocorreram”, ressalta Lorena Ocampos.

Ainda sobre a decisão de mantê-lo preso, a juíza confirma a periculosidade social do homem. Fato revelado por sua folha de passagens policiais, com condenação por porte ilegal de arma de fogo, tráfico de drogas, furto e violência doméstica e familiar contra a mulher (duas vezes). Ele, inclusive, já havia sido preso preventivamente por descumprimento de medidas protetivas concedidas a outra vítima.

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