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Família diz que mulher morta pelo marido na 310 Norte ia deixá-lo

O feminicídio foi descoberto após um incêndio no apartamento do casal, na madrugada desta quarta-feira (30/1). Os dois morreram

atualizado

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veigma, 310 norte
1 de 1 veigma, 310 norte - Foto: Reprodução/Facebook

A família de Veiguima Martins, 56 anos, disse que ela ia deixar o marido nesta quarta-feira (30/1). “Não sei se foi por isso que os dois teriam discutido, mas ela tinha dito nessa terça (29) que deixaria a casa hoje”, revelou ao Metrópoles a sobrinha da vítima, Danielle Martins, de 23 anos.

Por volta das 4h40, o Corpo de Bombeiros foi acionado para apagar um incêndio em um apartamento do quarto andar do Bloco A, da 310 Norte. O corpo da servidora da Secretaria de Educação foi encontrado carbonizado. José Bandeira Silva, 80, chegou a sair com vida do imóvel, mas inalou muita fumaça e acabou morrendo intoxicado.

Desde o começo das investigações, havia suspeitas de que o incêndio teria sido provocado para esconder um assassinato. Isso porque existiam relatos de violência doméstica, e a vítima chegou a registrar ocorrência por ameaça e agressão contra o marido. No início da tarde, veio a confirmação: o corpo de Veiguima tinha recebido cinco facadas. Para a Polícia Civil, não há dúvidas de que houve um feminicídio.

“A família está arrasada”, disse Danielle. Ela relatou que constantemente encorajava a tia a romper o relacionamento conturbado com José. “Todos sabiam. Todos a alertavam, todos. Eu mesma já havia falado várias vezes. Dizia para ela largá-lo”, contou.

Segundo a sobrinha da vítima, o sentimento da família é de revolta. “A gente nunca pensa que isso vai acontecer na nossa casa, e que o ser humano jamais seria capaz de fazer uma coisa dessas. Infelizmente, nunca podemos duvidar da capacidade de matar”, lamentou.

Minha tia morreu de uma forma trágica, covarde e sem piedade alguma. Não desejo isso para nenhuma mulher deste mundo

Danielle Martins, sobrinha da vítima

Segundo o delegado Laércio Rosseto, da 2ª Delegacia de Polícia (Asa Norte), os dois teriam discutido, de acordo com depoimento prestado por vizinhos. “Ela ia se separar dele. Os vizinhos disseram à polícia que ouviram ela gritar por socorro”. As investigações, agora, explicou o policial, irão definir como se deu a dinâmica completa do crime. “A perícia será feita e, assim, poderemos garantir o que de fato ocorreu”, completou.

 A Polícia Civil quer saber, a partir da perícia, se o incêndio no apartamento teria sido para esconder o feminicídio. “Existe essa possibilidade, mas temos comprovado, enfaticamente, que ela morreu em razões dos cortes de faca”. Rosseto explicou que José Bandeira foi encontrado com um “corte muito profundo” na cabeça e outros ferimentos na mão. “Temos que investigar também se ele morreu em decorrência da inalação de fumaça ou por conta de uma queda da própria altura.”

Um dos filho da mulher, que não se identificou, confirmou ao delegado que o homem já tinha histórico de ameaça. Eles eram casados há mais de 10 anos e estavam em fase de separação.

De acordo com informações preliminares, o fogo teria começado em um dos quartos do imóvel. As chamas atingiram três cômodos do apartamento, e a fumaça invadiu os corredores da prumada. Assustados, os demais moradores saíram correndo do prédio.

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A vítima já havia registrado ocorrência por ameaça e lesão corporal contra José Bandeira da Silva, 80, também morto no incêndio
Duas mortes foram registradas no incêndio do Bloco A da 310 Norte
Labaredas de fogo foram fotografadas pela reportagem
Entrada do apartamento que pegou fogo na 310 Norte
Raquel Martins (filha) ao saber das mortes
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Veiguima Martins, 56 anos, recebeu cinco facadas e foi morta no incêndio

Arquivo pessoal/Cedido ao Metrópoles
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A vítima já havia registrado ocorrência por ameaça e lesão corporal contra José Bandeira da Silva, 80, também morto no incêndio

Arquivo pessoal / Cedido ao Metrópoles
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Duas mortes foram registradas no incêndio do Bloco A da 310 Norte

Material cedido ao Metrópoles
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Labaredas de fogo foram fotografadas pela reportagem

Material cedido ao Metrópoles
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Entrada do apartamento que pegou fogo na 310 Norte

Vinícius Santa Rosa / Metrópoles
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Raquel Martins (filha) ao saber das mortes

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Moradores acionaram o Corpo de Bombeiros na madrugada, quando o incêndio teria começado

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Em instantes, moradores se concentraram no pilotis do prédio para acompanhar o trabalho dos militares

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Polícia retira os corpos do casal morto após o incêndio

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Corpo do homem é levado para o Instituto Médico Legal

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Delegado Laércio Rosseto trabalha desde o início com a suspeita de feminicídio

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O filho e a sobrinha da vítima também foram ao local do crime

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Bombeiros tentaram reanimar o homem no saguão do prédio, mas ele não resistiu e morreu

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Veja vídeos:

 

 

Feminicídios
No Distrito Federal, foram registrados 519 casos de violência contra a mulher neste ano (dados até o dia 19/1). Em 2018, 27 mulheres morreram vítimas de feminicídio.

Neste ano, duas mulheres morreram assassinadas pelo marido. A dona de casa Vanilma Martins foi assassinada a golpes de faca no dia 5.

Na segunda (28), outro feminicídio chocou os moradores da Asa Norte. Ranulfo do Carmo, 74, matou a tiros a companheira, Diva Maia da Silva, 69, e feriu o filho Regis do Carmo Correia Maia, 47.

Ele fugiu após o crime, mas acabou preso pela Polícia Militar. O filho do casal está internado no Instituto Hospital de Base (IHB).

Neste 2019, o Metrópoles inicia um projeto editorial para dar visibilidade às tragédias provocadas pela violência de gênero. As histórias de todas as vítimas de feminicídio do Distrito Federal serão contadas em perfis escritos por profissionais do sexo feminino (jornalistas, fotógrafas, artistas gráficas e cinegrafistas), com o propósito de aproximar as pessoas da trajetória de vida dessas mulheres.

O Elas por Elas propõe manter em pauta, durante todo o ano, o tema da violência contra a mulher para alertar a população e as autoridades sobre as graves consequências da cultura do machismo que persiste no país.

Desde 1° de janeiro, um contador está em destaque na capa do portal para monitorar e ressaltar os casos de Maria da Penha registrados no DF. Mas nossa maior energia será despendida para humanizar as estatísticas frias, que dão uma dimensão da gravidade do problema, porém não alcançam o poder da empatia, o único capaz de interromper a indiferença diante dos pedidos de socorro de tantas brasileiras.

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