“Ele nunca me enganou”, diz mãe de Thaís sobre assassino da filha
Mãe afirma que vítima de feminicídio tinha relacionamento abusivo. Crime ocorreu no domingo (20/6), em Sobradinho
atualizado
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Familiares de Thaís da Silva Campos, 27 anos, morta após ser baleada à queima-roupa, em Sobradinho, na noite de domingo (20/6), afirmam que ela sofria constantes ameaças do ex-companheiro. Osmar da Silva Sousa, 36 anos, é acusado da matar a cirurgiã-dentista por não aceitar o fim do relacionamento.
Para a mãe de Thaís, Andreia da Silva Campos, o namorado da filha fingia ser uma boa pessoa para ganhar a confiança da família, mas era abusivo com Thaís. “Ele nunca me enganou, mãe sempre sabe, né”, disse a mulher ao Metrópoles. Andreia afirma que Thaís compartilhava com as tias algumas mensagens de texto que recebia de Osmar. “Ele falava que ia matá-la. Prometia que ia fazer isso. Ameaçava de todo jeito que podia”, contou.
Thaís era funcionária da Secretaria de Saúde desde 2013. Ingressou no quadro como técnica de higiene dental (THD) e, atualmente, estava lotada na Unidade Básica de Saúde 3, da Fercal. A mulher morava sozinha com a filha de dois anos, fruto do relacionamento com Osmar, e estava separada havia cinco meses.
Andreia conta que a filha não dividia os problemas com a família e sempre fugia do assunto quando as pessoas falavam do ex-namorado. “Com certeza minha filha aguentou muita coisa em silêncio. Calada. Nunca vamos saber por tudo que ela passou, mas sabemos que acabou assim, dessa forma brutal que ela não merecia. Sempre pedia para ela vir morar com a gente, não queria ela sozinha. Acho que eu já estava sentindo”, desabafou a mãe.
De acordo com Andreia, Thaís não procurou ajuda da polícia, pois imaginava que se denunciasse Osmar ele não iria mais poder sair do país. Osmar estava trocando de emprego, com uma proposta para trabalhar em Portugal. Ele já tinha as passagens para a Europa marcadas antes de cometer o crime. “Minha filha estava esperando ele ir embora para viver a vida dela, mas não teve tempo, porque ele já tinha planejado tudo”.
Conhecida por ser uma boa neta, boa filha e boa mãe, Thaís mandou um áudio para Andreia horas antes de morrer. “Ela estava tão feliz, disse ‘mãe estou com vontade de comer canjica’, e eu já tinha feito a canjica dela”, disse, emocionada. “Ela mandou uma foto dela com a roupa que ela foi assassinada, ela estava tão linda”.
Thais foi morta a tiros à queima-roupa, às 18h35. Imagens de câmera de segurança da casa, localizada em Sobradinho, mostram o momento do crime. A jovem, atingida por pelo menos três disparos, morreu no local.
Osmar fugiu após o crime em um Honda Civic branco. Ele foi preso quando se preparava para apresentar-se espontaneamente, na tarde de segunda-feira (21/6).
Segundo o delegado-chefe da 13ª DP, Hudson Maldonado, Osmar confessou, com detalhes, como assassinou a ex-mulher com tiros à queima-roupa.
“Osmar disse ter feito uso de bebidas alcoólicas durante todo o dia de domingo e ter comprado a arma de fogo já há alguns meses, por pouco mais de R$ 5 mil. Falou ter chegado e, sem proferir uma única palavra, iniciou os disparos no rosto da ofendida. Se disse arrependido, o que não nos convenceu. Ele está, agora, em prisão temporária decretada pelo Judiciário, pelo prazo de 30 dias”, afirmou o delegado.