Dois suspeitos de feminicídio em 2019 ainda estão foragidos
Além disso, existem dois casos em investigação e nenhum suspeito foi apresentado formalmente
atualizado
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Nos últimos dias, dois suspeitos de feminicídio foram presos após meses foragidos. Luiz Filipe Alves de Souza, investigado pelo assassinato de Luana Bezerra, havia fugido do Distrito Federal e se encontrava em Goiás. Já Macsuel dos Santos Silva, que teria, supostamente, esfaqueado Cevilha Moreira, estava na casa de familiares na Bahia. Mas ainda existem quatro famílias na cidade que perderam suas filhas de forma violenta em 2019 e até agora buscam os responsáveis pela morte delas.
A Polícia Civil considera Douglas de Jesus e Danilo Moraes Gomes foragidos. O primeiro matou a namorada, Graisielle Feitoza, em 15 de setembro. Os dois eram usuários de drogas e viviam em situação de rua. Ele a esfaqueou em um domingo à noite, numa rua mal iluminada em Ceilândia (DF). O suspeito vivia com a jovem havia três anos e é pai de, pelo menos, três filhos, um deles com Greisielle. O assassino tem antecedentes criminais, inclusive pelo crime de ameaça e violência doméstica contra uma ex-companheira.
Já Sandra Maria Souza Moraes foi morta pelo irmão Danilo Moraes Gomes em 23 de novembro. Considerando o bom relacionamento entre os dois, a motivação do crime ainda é um mistério para quem que os conheciam. A principal hipótese dos investigadores seria um conflito por causa de um terreno. Isso é qualificado como violência patrimonial, um tipo de feminicídio ainda pouco discutido.
De todos os feminicídios que ocorreram em 2019, 23 assassinos estão presos, dois estão foragidos, quatro se mataram. Os números de violência contra a mulher também chamam atenção. Em 2019, foram 16.954.
Além disso, existem dois casos ainda em investigação e nenhum suspeito foi apresentado formalmente. O corpo de Letícia Pereira de Morais Melo foi encontrado, em Planaltina, na manhã de 17 de dezembro com um corte profundo no pescoço. O caso é investigado como feminicídio pela 16ª Delegacia de Polícia (Planaltina), mas a polícia ainda não descarta outras hipóteses.
A 38ª Delegacia de Polícia (Vicente Pires) investiga a morte de Talita Valadares de Lavôr, de 38 anos, também conhecida como Kelly. O corpo dela foi encontrado em 26 de agosto de 2019 próximo à região do Jockey Clube, em Vicente Pires. Segundo a delegacia, a vítima tem familiares no Distrito Federal, mas vivia em situação de rua ou pernoitando na casa de conhecidos na região da Estrutural.
Em 2019, o Metrópoles iniciou um projeto editorial para dar visibilidade às tragédias provocadas pela violência de gênero. As histórias de todas as vítimas de feminicídio do Distrito Federal são contadas em perfis escritos por profissionais do sexo feminino (jornalistas, fotógrafas, artistas gráficas e cinegrafistas), com o propósito de aproximar as pessoas da trajetória de vida dessas mulheres.
O Elas por Elas propõe manter em pauta, durante todo o ano, o tema da violência contra a mulher para alertar a população e as autoridades sobre as graves consequências da cultura do machismo que persiste no país. Desde 1° de janeiro, um contador está em destaque na capa do portal para monitorar e ressaltar os casos de Maria da Penha registrados no DF. Mas nossa maior energia será despendida para humanizar as estatísticas frias, que dão uma dimensão da gravidade do problema, porém não alcançam o poder da empatia, o único capaz de interromper a indiferença diante dos pedidos de socorro de tantas brasileiras.