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DF: família de Lilian Cristina caminha em defesa das mulheres

No dia seguinte ao enterro da 20ª vítima de feminicídio no DF em 2019, os moradores do Paranoá participaram da caminhada Mulheres em Ação

atualizado

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1 de 1 manifestação-paranoa - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

“Eu quero justiça. Minha filha só fez o bem, não merecia isso”. Assim que Damiana Nonato da Silva, 48 anos, resume o sentimento de perder a filha, Lilian Cristina da Silva Nunes, 25, na última quinta-feira (12/09/2019). Ela foi vítima de feminicídio cometido pelo ex-companheiro Jhonnatan Neto, 36.

A declaração de Damiana foi dada durante a caminhada “Mulheres em Ação” na manhã deste domingo (15/09/2019), que reuniu cerca de 100 pessoas no Paranoá. “A família já viria para a manifestação antes mesmo do que aconteceu com minha filha. Agora estou aqui para também lembrar dela”, lamenta.

A principal dificuldade, conta a mãe, será tomar conta dos cinco filhos que Lilian deixou. “Eu já ficava com dois. Agora vou cuidar também da mais nova, ela não fez dois anos ainda. Vamos guerrear bastante para conseguir superar essa dificuldade”, ressalta.

Outros pessoas próximas a Lilian também estiveram presentes. Lucilene da Silva, 33, prima da vítima, diz que a família se sente desnorteada. “Está todo mundo acabado. Quando a gente vê pelo noticiário, já fica sentido com uma morte dessas. Quando acontece com um parente nosso é pior ainda”, conta.

Caminhada

Aos gritos de “Parem de nos matar!”, mulheres percorreram cerca de 1,5 quilômetro na Avenida Paranoá, saindo do terminal rodoviário até a Administração Regional. Organizada pelo Conselho Comunitário de Segurança Pública do Paranoá Urbano, a ação contou ainda com um carro de som, que chamava mais pessoas a participarem.

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Mulheres levaram cartazes, balões e gritaram contra a violência de gênero
Damiana Nonato, mãe de Lillian Cristina, morta na última quinta-feira (12/09/2019), esteve presente no ato
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Cerca de 100 pessoas participaram da caminhada "Mulheres em Ação", no Paranoá

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Mulheres levaram cartazes, balões e gritaram contra a violência de gênero

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Damiana Nonato, mãe de Lillian Cristina, morta na última quinta-feira (12/09/2019), esteve presente no ato

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A auxiliar de limpeza Cícera Alves, 56, era uma das protestantes mais efusivas. Puxando a fila de mulheres que vestiam branco e traziam balões de mesma cor na mão, pedindo paz, ela entoava cantos clamando por respeito. “Aqui no Paranoá acontecem muitos casos. Essa manifestação é para que todas as pessoas se conscientizem”, diz.

Entre as presentes na manifestação estava a delegada-chefe da 6ª DP (Paranoá) Jane Klébia. Inconformada com as recentes mortes na cidade em que atua, ela defendeu maior conscientização da população para que esse tipo de crime não aconteça. “Mais do que prender, o trabalho tem que ser de conscientização. Nós, mulheres, precisamos de lutar para acabar com o feminicídio”, disse.

A senadora Leila Barros (PSB), também compareceu ao protesto. “Eu ando em um momento muito indignada e preocupada. Temos que fazer um trabalho com as crianças e jovens, para que elas já cresçam sabendo que isso não pode acontecer”, afirma.

Neste 2019, o Metrópoles iniciou um projeto editorial para dar visibilidade às tragédias provocadas pela violência de gênero. As histórias de todas as vítimas de feminicídio do Distrito Federal serão contadas em perfis escritos por profissionais do sexo feminino (jornalistas, fotógrafas, artistas gráficas e cinegrafistas), com o propósito de aproximar as pessoas da trajetória de vida dessas mulheres.

O Elas por Elas propõe manter em pauta, durante todo o ano, o tema da violência contra a mulher para alertar a população e as autoridades sobre as graves consequências da cultura do machismo que persiste no país.

Desde 1° de janeiro, um contador está em destaque na capa do portal para monitorar e ressaltar os casos de Maria da Penha registrados no DF. Mas nossa maior energia será despendida para humanizar as estatísticas frias, que dão uma dimensão da gravidade do problema, porém não alcançam o poder da empatia, o único capaz de interromper a indiferença diante dos pedidos de socorro de tantas brasileiras.

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