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Delegado sobre assassinato de Queila: “Indícios de crime premeditado”

Preso, Iron da Cruz confessou ter matado Queila, na Fercal. Ele deu três facadas na vítima, que pode ter sido atacada enquanto dormia

atualizado

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1 de 1 queila - Foto: Facebook/Reprodução

A Polícia Civil acredita que Queila Regiane Jane (foto em destaque), 42 anos, tenha sido atacada pelo marido enquanto dormia. A mulher levou três facadas entre 6h e 6h30 dessa quinta-feira (26/09/2019). Morreu na cozinha da residência, na comunidade de Catingueiro, Fercal. Horas depois, o suspeito foi preso. Os investigadores acharam Iron da Cruz Silva, 37, que já tinha passagem por tentativa de homicídio, em um assentamento a 25 km de casa.

De acordo com o delegado Laércio de Carvalho, da 35ª DP (Sobradinho II), o assassino confesso não demonstrou arrependimento pelo feminicídio. “A gente imagina que os primeiros golpes de faca ele tenha desferido com a vítima ainda dormindo. A filha de Queila de 13 anos estava no quarto no momento, então pode não ter havido discussão entre o casal antes”, destacou.

A motivação do crime teria sido ciúmes. “Ele fazia comentários de forma vaga: ‘Ela está trabalhando fora, tendo amizades diferentes…'”, destacou o policial. Após esfaquear a mulher, Iron tirou a adolescente e a levou para casa da outra filha, casada e de 18 anos, que mora na mesma rua dos pais. “Disse para ela ficar com a irmã porque a mãe estava passando mal e iria providenciar socorro”, detalhou o investigador.

Foi nesse momento que os familiares ouviram os gritos de Queila e correram para a casa dela. Acharam o corpo da mulher na cozinha, quase sem vida. Uma vizinha acionou a polícia. A delegacia se mobilizou para chegar até a área rural. Teve apoio aéreo para fazer o cerco e de aproximadamente 40 policiais. Por volta das 17h, a equipe conseguiu prender Iron. Na casa, foi encontrado um martelo – que a PCDF acredita ter sido usado pela vítima para tentar se defender. “Ela andou a casa inteira, que está repleta de sangue”, informou o delegado.

Queila e Iron foram casados por 20 anos. Ele teria ficado com ciúmes após a mulher começar a trabalhar. Testemunhas dizem que a vítima vivia um bom momento, uma vez que havia feito uma cirurgia bariátrica e aberto um bar nas proximidades de casa.

Na mata por onde Iron tentou fugir, a polícia encontrou uma mochila. O acusado disse que, no trajeto, abandonou o item por conta da dificuldade de se locomover. Segundo o delegado, há indícios de que o crime foi premeditado. Pelo valor do dinheiro (R$ 300) encontrado com Iron e devido à preparação da mochila para a fuga. “Todos os familiares foram ao local depois que ele foi preso e disseram que era uma pessoa normal”, pontua Laércio.

Ao Metrópoles, a amiga Jessica Silva lamentou a perda de Queila. “Moro perto dela. Vinha na minha casa e eu ia na dela, gostava muito dos meus filhos. Uma mulher exemplar, que sempre me dava muitos conselhos”, destacou.

Jessica disse ter ficado surpresa com a agressividade de Iron. “Eles [Iron e Queila] nunca brigavam. Até a mãe e os irmãos dela acharam estranho. Ele era calmo, tranquilo. Eu não acreditei quando soube o que houve.” Queila é a 23ª vítima de feminicídio no DF em 2019.

Veja fotos da vítima:

4 imagens
Queila foi morta com três facadas
Vítima deixa duas filhas
Queila Regiane Jane, 42 anos, foi vítima de feminicídio no dia 26 de setembro. Marido foi o autor
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Iron foi preso horas depois de matar a mulher

PCDF/Divulgação
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Queila foi morta com três facadas

Arquivo Pessoal
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Vítima deixa duas filhas

Arquivo Pessoal
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Queila Regiane Jane, 42 anos, foi vítima de feminicídio no dia 26 de setembro. Marido foi o autor

Arquivo Pessoal

 

Neste 2019, o Metrópoles iniciou um projeto editorial para dar visibilidade às tragédias provocadas pela violência de gênero. As histórias de todas as vítimas de feminicídio do Distrito Federal serão contadas em perfis escritos por profissionais do sexo feminino (jornalistas, fotógrafas, artistas gráficas e cinegrafistas), com o propósito de aproximar as pessoas da trajetória de vida dessas mulheres.

O Elas por Elas propõe manter em pauta, durante todo o ano, o tema da violência contra a mulher para alertar a população e as autoridades sobre as graves consequências da cultura do machismo que persiste no país.

Desde 1° de janeiro, um contador está em destaque na capa do portal para monitorar e ressaltar os casos de Maria da Penha registrados no DF. Mas nossa maior energia será despendida para humanizar as estatísticas frias, que dão uma dimensão da gravidade do problema, porém não alcançam o poder da empatia, o único capaz de interromper a indiferença diante dos pedidos de socorro de tantas brasileiras.

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