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Assassino da 316 Norte não demonstrou remorso em depoimento à polícia

Em audiência de custódia, o autor teve a prisão em flagrante convertida em preventiva. Ele aguardará o julgamento encarcerado

atualizado

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Divulgação/PMDF
Crime 1
1 de 1 Crime 1 - Foto: Divulgação/PMDF

Frio e sem remorso algum, o vendedor de carros Ranulfo do Carmo, 74 anos, narrou em depoimento prestado na 2ª Delegacia de Polícia (Asa Norte) os momentos que antecederam os disparos que mataram a companheira, Diva Maia da Silva, 69, e feriram o filho Regis do Carmo Correia Maia, 47. Em audiência de custódia realizada nesta terça-feira (29/1), o autor teve a prisão em flagrante convertida em preventiva. Ele aguardará o julgamento encarcerado.

Durante o interrogatório na polícia, o homem não perguntou ou demonstrou qualquer tipo de sentimento pela morte de Diva. Antes de ser levado para a carceragem do Departamento de Polícia Especializada (DPE), Ranulfo contou que o estopim para a briga teria sido dois tapas no rosto que teria levado do filho. Em seguida, foi ao quarto, pegou o revólver e abriu fogo contra Regis. O crime ocorreu no Bloco E, da 316 Norte, às 10h25 desta segunda-feira (28/1).

Diva acabou baleada cinco ou seis vezes após Ranulfo recarregar a arma. “Havia projéteis espalhados pela casa e perfurações de bala em diversos cômodos, como a cozinha e a sala. A perícia irá apontar com exatidão quantos disparos foram dados, mas acreditamos que tenham sido pelo menos 12”, afirmou o delegado-chefe da 2ª DP (Asa Norte), Laércio Rossetto.

Reprodução/PCDF
Revólver utilizado no crime

 

Recarregou a arma
Ranulfo usou uma arma roubada para matar a esposa e ferir o filho. Os policiais descobriram que o revólver é registrado em Mato Grosso. Como não tem autorização, o suspeito também responderá por posse ilegal de arma de fogo.

Segundo investigadores da 2ª Delegacia de Polícia (Asa Norte), após atingir Regis, o pai foi ao quarto e recarregou o revólver calibre .38 para tirar a vida da companheira. Em coletiva na 2ª DP, o titular da unidade, delegado Laércio Rosseto, disse que o idoso pode ter premeditado o crime. “O revólver teria munição para até seis disparos, o que demonstra que ele teria recarregado”, frisou.

Aos policiais, o acusado alegou que a discussão foi motivada por um suposto relacionamento extraconjugal da vítima com um zelador. No entanto, a narrativa não foi considerada pelos investigadores. Vizinhos ouvidos também descartaram a versão.

A mulher e o filho haviam voltado de Goiânia (GO) na manhã dessa segunda (28). Já no apartamento, os três tiveram uma discussão acalorada. Ranulfo justificou ter “perdido a cabeça”.

Imagens do circuito interno do prédio onde o casal morava mostram Diva Maria e o filho chegando ao edifício por volta das 10h.

Veja no vídeo abaixo:

O assassino chega 17 minutos depois e sobe. Em seguida, sai do apartamento tranquilamente e entra no veículo usado para fuga. De acordo com o delegado-chefe Laércio Rosseto, Ranulfo tentaria se esconder no Gama, mas foi preso em seu Cross Fox branco na altura da Quadra 8 do Park Way por uma equipe da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) que patrulhava a região em um helicóptero.

Assista ao momento da prisão:

No Distrito Federal, foram registrados 519 casos de violência contra a mulher neste ano (dados até o dia 19/1). Em 2018, 27 mulheres morreram vítimas de feminicídio.

Medida protetiva

Além de ter convertido o flagrante em prisão preventiva em nome de Ranulfo, a juíza Flávia Pinheiro Brandão Oliveira, determinou a aplicação de medidas protetivas para todos os filhos do autor dos crimes. “De mais a mais, os crimes em análise envolvem violência domestica e familiar contra a mulher e a prisão se justifica pela necessidade de garantia da execução das medidas protetivas de urgência”, afirma a magistrada em sua decisão.

A juíza ainda estipula que, caso o autor ganhe a liberdade provisória, ele fica proibido de se aproximar dos parentes. “Fica fixado, desde já, como limite mínimo, a distância de 500 metros, proibição de ausentar-se do Distrito Federal por mais de 30 dias, a não ser que autorizado pelo Tribunal de Justiça”, destacou a magistrada.

 

Neste 2019, o Metrópoles inicia um projeto editorial para dar visibilidade às tragédias provocadas pela violência de gênero. As histórias de todas as vítimas de feminicídio do Distrito Federal serão contadas em perfis escritos por profissionais do sexo feminino (jornalistas, fotógrafas, artistas gráficas e cinegrafistas), com o propósito de aproximar as pessoas da trajetória de vida dessas mulheres.

O Elas por Elas propõe manter em pauta, durante todo o ano, o tema da violência contra a mulher para alertar a população e as autoridades sobre as graves consequências da cultura do machismo que persiste no país.

Desde 1° de janeiro, um contador está em destaque na capa do portal para monitorar e ressaltar os casos de Maria da Penha registrados no DF. Mas nossa maior energia será despendida para humanizar as estatísticas frias, que dão uma dimensão da gravidade do problema, porém não alcançam o poder da empatia, o único capaz de interromper a indiferença diante dos pedidos de socorro de tantas brasileiras.

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