Após denúncias de abuso sexual, clínica de massagens do DF é fechada
Massagista é acusado de ter passado a mão em partes íntimas de clientes durante procedimentos realizados no Sudoeste
atualizado
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Já são mais de 47 denúncias de abuso sexual contra o massagista proprietário da clínica de massagens Byutikea, localizada na Quadra 101 do comércio do Sudoeste. Segundo as vítimas, o homem passava a mão nas partes íntimas delas durante os procedimentos. Nesta quarta-feira (23/1), o estabelecimento, que não tinha alvará para funcionar, de acordo com a polícia, amanheceu fechado.
No entanto, a clínica segue anunciando o serviço nas redes sociais e no site da empresa. Conforme o horário informado na internet, ela funcionaria até as 22h desta quarta. Além do acusado, o espaço era compartilhado com dois funcionários. “Segundo as vítimas, apenas o dono agia dessa forma. Não era um espaço bem-estruturado”, informou a delegada-chefe da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam), Sandra Melo.
De acordo com Sandra, as investigações começaram em dezembro de 2018, quando pelo menos sete vítimas procuraram, na presença de advogados, a unidade policial para denunciar os abusos. Na época, uma conta no Instagram foi criada para estimular que outras pessoas procurassem as autoridades e relatassem os abusos. O número de relatos chegou a quase 50, conta. A delegada ressalta que as denúncias eram todas muito parecidas e demonstravam o modus operandi do massagista.
Nessa terça-feira (22), a Deam deflagrou a operação para apurar a suspeita de crime de violação sexual mediante fraude. Foram cumpridos mandados de busca e apreensão em dois endereços no Sudoeste, um deles na clínica de massagens. Foram apreendidos celulares, HDs externos, computadores e farto material referente a documentos de clientes, como fichas de atendimento e fichas de avaliação. A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) emitiu um pedido de prisão cautelar que acabou indeferido pela Justiça.
Relatos
Segundo as vítimas, o profissional tocava em suas partes íntimas durante o atendimento e as induzia a acreditar que tais atos faziam parte do procedimento.
De acordo com a delegada, inicialmente, o suspeito pedia às vítimas que comparecessem à clínica de massagens trajando “biquínis de amarrar, e algumas tiveram os biquínis desatados durante a massagem”. Ele também induzia as clientes a assinarem um “Termo de Consentimento de Contato”. “Ele dizia que a mulher deveria se submeter integralmente àquilo que o profissional fosse fazer.”
Uma das abusadas contou que o profissional chegou a perguntar se ela “queria gozar” durante a sessão. Ela respondeu que não.
Projeto
Neste 2019, o Metrópoles inicia um projeto editorial para dar visibilidade às tragédias provocadas pela violência de gênero. As histórias de todas as vítimas de feminicídio do Distrito Federal serão contadas em perfis escritos por profissionais do sexo feminino (jornalistas, fotógrafas, artistas gráficas e cinegrafistas), com o propósito de aproximar as pessoas da trajetória de vida dessas mulheres.
O Elas por Elas propõe manter em pauta, durante todo o ano, o tema da violência contra a mulher para alertar a população e as autoridades sobre as graves consequências da cultura do machismo que persiste no país.
Desde 1° de janeiro, um contador está em destaque na capa do portal para monitorar e ressaltar os casos de Maria da Penha registrados no DF. Mas nossa maior energia será despendida para humanizar as estatísticas frias, que dão uma dimensão da gravidade do problema, porém não alcançam o poder da empatia, o único capaz de interromper a indiferença diante dos pedidos de socorro de tantas brasileiras.