Antes de ser morta, mulher disse que ex era agressivo quando bebia
Em uma ocorrência de 2020, Leidenaura Moreira afirmou à PCDF que Valdemir Pereira ficava transtornado quando ingeria bebida alcoólica
atualizado
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O comportamento agressivo de Valdemir Pereira da Silva Júnior, preso em flagrante após matar a ex-companheira Leidenaura Moreira Rosa da Silva (foto principal) durante um churrasco nesse domingo (6/6), não foi algo inédito. Uma ocorrência registrada em 2020 mostra que o autor do feminicídio já fazia ameaças contra a mulher.
O caso ocorreu no dia 11 de junho do ano passado. A Polícia Militar do DF (PMDF) foi acionada para atender uma denúncia de violência doméstica. Ao chegar no local, os militares foram informados pela própria Leidenaura que Valdemir a havia ameaçado e ofendido por estar bêbado.
Conforme relato dela, o companheiro costumava ficar transtornado quando fazia uso de bebidas alcoólicas, mas “que, geralmente, é uma pessoa tranquila”. Neste caso específico, Valdemir chegou em casa dizendo: “Desgraça, sai fora daqui todo mundo, senão vou pegar um por um”. Ele ainda subiu no muro e caiu no chão.
Na época, ela disse que não queria prejudicar o marido e, por isso, não prosseguiu com a queixa criminal contra ele e nem pediu medida protetiva. A vítima assinou um termo de renúncia e todos os envolvidos foram liberados.
O feminicídio
Preso em flagrante após matar a companheira a facadas, Valdemir, 30 anos, deu detalhes sobre a sua versão dos fatos ao policiais. O homem relatou que descobriu por “um passarinho verde” que havia sido traído pela mulher. Ele foi detido pela Polícia Militar e conduzido à 16ª Delegacia de Polícia (Planaltina), responsável pela investigação.
Segundo Júnior, o casal estava junto havia nove anos. O homem detalhou que, no sábado (5), eles estavam bebendo na casa do vizinho, quando escutou a sua esposa falando dele para os convidados. O homem disse que percebeu algo estranho, pois os colegas olhavam para ele e sorriam. Entretanto, não entendia o motivo.
O autor contou que sua companheira falou que ele não prestava pois quem pagava as contas da casa era ela. Relatou que “aguentou tudo calado”. No domingo (6), o casal recebeu amigos para um almoço. Júnior disse que o pivô da suposta traição apareceu e sentou ao lado de sua mulher.
Segundo o autor, a companheira chegou a passar a língua nos lábios ao ver o homem. Ao presenciar a suposta cena, Júnior disse que ficou “cego”, “não aguentou tanta humilhação” e resolveu pegar uma faca para matar o rival. O homem o viu saindo da cozinha com uma faca na mão e fugiu. Ele conta que a mulher entrou no meio para tentar impedi-lo e foi aí que Júnior a esfaqueou por três vezes no tórax, pescoço e barriga.
Depois de golpeá-la tentou correr atrás do homem, mas foi impedido pelos convidados da sua casa. Uma vizinha entrou no meio da confusão e foi ferida na mão. Por fim, o autor disse que foi espancado e só parou de apanhar quando chegou a Polícia Militar. Destacou que confessou para a PMDF que matou a esposa, estava arrependido e podia ser preso.
Testemunha
Uma pessoa que estava no almoço promovido pelo casal contou que a relação entre a vítima e o companheiro era conturbada. Afirmou que ele é usuário de drogas, bebida alcoólica e costuma ter surtos, passando a agir com violência.
Lembrou que todos estavam sentados em frente à casa quando Leidenaura chamou o marido e disse: “Vem comer, meu amor”. A mulher entrou na residência para procurar o companheiro. Logo em seguida, ela saiu com um corte profundo e sangrando muito. Ninguém ouviu discussão entre o casal.
Relação conturbada
Familiares de Leidenaura Moreira Rosa da Silva relataram ao Metrópoles que a relação do casal foi marcada por ameaças, agressões e separações. “Moravam juntos, mas se separaram recentemente. Há alguns dias decidiram reatar”, explicou um familiar.
Apesar da situação difícil, os parentes afirmaram que a mulher evitava falar sobre o assunto. “Acho que somente ela e as crianças sabiam o que acontecia dentro daquela casa, pois quando ela se juntou com ele e foi morar na Estância 5, se afastou bastante da gente, inclusive já tinha algum tempo que eu não a via”, detalhou o familiar.
O feminicídio foi registrado por volta das 15h30. O Corpo de Bombeiros Militar (CBMDF) foi chamado, mas, quando chegou ao endereço, os moradores haviam levado a vítima ao hospital.
Segundo a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), Leidenaura chegou à unidade de saúde, mas sofreu uma parada cardíaca e não resistiu.
Os bombeiros também precisaram atender o Valdemir Júnior, que foi agredido pela vizinhança após o feminicídio. Apesar de algumas escoriações, o homem não precisou ser levado ao hospital. Ele acabou preso em flagrante e levado para a 16ª Delegacia de Polícia (Planaltina), que investiga o caso.