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Veja dicas para ter viagens incríveis sem destruir a natureza (e seu bolso)

Confira dicas, mais simples do que você imagina, para viajar respeitando culturas e o meio ambiente sem pesar no orçamento

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Bora Bora Tahiti Mt Otemanu
1 de 1 Bora Bora Tahiti Mt Otemanu - Foto: Getty Images

Entre todas as adversidades que colocaram 2020 como um dos anos mais atípicos da história da humanidade, não é exagero dizer que o setor do turismo enfrentou um cenário sem precedentes. Países fecharam as fronteiras, pontos turísticos foram interditados e os riscos de contaminação foram considerados altos demais para viajar.

Como uma “pausa” em um processo de aceleração constante, a pandemia nos fez repensar hábitos de consumo como uma questão de sobrevivência enquanto humanidade. Quando se fala em viagens, uma enorme cadeia produtiva foi desestabilizada – desde companhias aéreas e empresas de hotelaria até pequenas comunidades que dependem do fluxo turístico para sua subsistência.

O impacto da pandemia é tamanho que especialistas esperam que levem anos, e não meses, antes que o turismo retorne aos níveis anteriores à pandemia. Vislumbrando uma recuperação, o príncipe Harry defendeu, na última semana, que o futuro do setor está em sua capacidade de se reinventar.

“Bem diante de nós, há uma oportunidade de fazer as coisas de forma diferente, e também de uma maneira melhor. O ramo de viagens e turismo não é uma exceção”, ressaltou o duque de Sussex em nome da Travelyst, uma iniciativa lançada em 2019 com o objetivo de tornar a indústria de viagens mais sustentável.

Mudança de mentalidade

O que se averiguou, como resultado da pandemia, “foi um aumento da compreensão das pessoas sobre os impactos que nossas ações podem provocar no meio ambiente e nas comunidades locais”, destaca Luiz Cegato, gerente de Comunicação da Booking.com para a América Latina. De acordo com levantamento da empresa, 71% dos brasileiros querem viajar de forma mais sustentável no futuro, com uma conscientização ainda maior esperada a partir de 2021.

Além disso, o impacto da pandemia fez com que mais de metade dos viajantes brasileiros passassem a considerar reduzir o consumo de água e/ou reciclar plástico durante as viagens quando as restrições acabarem. “Isso significa que as pessoas estão comprometidas não só com a proteção delas mesmas, mas também com a dos lugares visitados”, pondera Cegato.

A Booking.com é uma das empresas que faz parte do programa Travelyst, do qual o príncipe Harry é porta-voz. No prefácio da publicação lançada na última semana, Harry ressalta que o mundo moderno muitas vezes enfrentou uma dicotomia entre a aspiração e também necessidade de crescimento, e o desejo de proteger os recursos naturais e o meio ambiente.

No entanto, a proteção ambiental e o desenvolvimento não são conceitos antagônicos, mas sim complementares. Comunidades que dependem do turismo como principal atividade econômica necessitam da conservação ambiental e social para manter sua fonte de sustento.

“Para garantir que áreas naturais ao redor do mundo sejam preservadas, o conceito de turismo sustentável deve sair dos limites da academia e se popularizar como o futuro das viagens”, ressalta a professora Helena Costa, coordenadora do laboratório de estudos em turismo e sustentabilidade da Universidade de Brasília (UnB).

Pilares da sustentabilidade

O conceito de turismo sustentável, portanto, é definido pela Organização Mundial do Turismo (OMT) como uma atividade economicamente viável, que não destrói os recursos dos quais o futuro do turismo dependerá, notadamente o ambiente físico e o social da comunidade anfitriã.

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O turismo exacerbado oferece riscos para diversas cidades e ilhas
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Destinos paradisíacos ao redor do mundo correm o risco de desaparecer

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O turismo exacerbado oferece riscos para diversas cidades e ilhas

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Ou seja, “é um turismo que busca preservar ou melhorar o meio ambiente, que inclui as pessoas do lugar, se interessando pelo que elas têm a oferecer de tradicional e cultural”, explica a professora. “É de suma importância que os viajantes assumam o compromisso de incentivar que o lugar que estão indo visitar caminhe no sentido da sustentabilidade, com relação às questões sociais e ambientais”, completa.

A movimentação do último ano – ou a falta dela – mostrou como a indústria é vital para famílias e comunidades em todo o mundo. O período também lançou luz sobre a necessidade de reverter o impacto adverso do turismo, inclusive no meio ambiente.

Meios de transporte

Há alguns anos, o movimento “vergonha de voar” cresce e ganha cada vez mais adeptos, especialmente entre os millenials. A ativista do clima Greta Thunberg, em 2018, trouxe de forma dramática o assunto à tona, ao atravessar o Oceano Atlântico não de avião, mas de barco, a fim de condenar os líderes do mundo por não estarem protegendo devidamente o planeta.

Millennials ao redor do mundo estão aderindo ao movimento “vergonha de voar”

A professora da UnB Helena Costa ressalta que “já existe, dentro do setor de viagens, um movimento em que as empresas aéreas estão em busca de fontes menos nocivas e renováveis de combustível, até por questões econômicas”.

Com relação à preocupação dos viajantes, é essencial buscar alternativas e ter um cuidado especial com a sua pegada ecológica. Ao viajar de trem, por exemplo, um passageiro responde pela emissão de 14 gramas de dióxido de carbono (CO2) por km, em comparação com os 285 emitidos “por passageiro” se o meio escolhido é o aéreo.

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Responsabilidade social

Além da necessidade de preservar o meio ambiente, protegendo ecossistemas e evitando a produção excessiva de lixo, o cuidado social é uma questão essencial para equilibrar a balança.

Para utilizar um exemplo do segmento hoteleiro: de nada adianta que um hotel dito “ecológico” implemente medidas de consumo consciente de água, se ao mesmo tempo representa um grande risco ao modo de vida da comunidade local.

É importante, tanto para a vivência do turista, consumir produtos locais, se hospedar em comunidades, enriquecer a viagem com a troca entre quem deseja conhecer a região e quem nasceu lá.

Esse também é um dos pilares do turismo sustentável: que o dinheiro que o viajante investe fique no local investido. Ninguém viaja para a Itália para comer McDonald’s. Então, por que não provar o queijo genuíno de Minas Gerais, conhecer as festas tradicionais do interior de São Paulo, se hospedar em uma comunidade na Amazônia, ou conviver com quilombolas na Chapada dos Veadeiros?

“Você não precisa ir até o Japão para querer consumir produtos do local em que está viajando, entender seus costumes e formas de viver. Até pequenas comunidades perto de casa oferecem uma riqueza de possibilidades”, ressalta Helena Costa.

Atitudes práticas para o turismo sustentável

Outra alternativa é procurar companhias, destinos e programas que coloquem a sustentabilidade como um dos alicerces dos serviços oferecidos.

No recôncavo baiano, região concentrada em torno da Baía de Todos-os-Santos, a Fundação Baía Viva trabalha incentivando os habitantes de todas as pequenas 56 ilhas que envolvem Salvador, capital do estado, a trabalharem em prol da sustentabilidade para garantir que o turismo se mantenha como forma de subsistência dos nativos da região.

Ilha dos Frades

Com apoio da organização social, toda a arquitetura histórica do arquipélago está em processo de revitalização. Há ainda um trabalho com os pescadores das ilhas, incentivando que eles interrompam a pesca com explosivos. Os “barraqueiros de praia” ganharam estabelecimentos para servir com mais segurança, higiene e comodidade.

Todas essas ações foram premiadas no programa Bandeira Azul, uma certificação internacional que avalia destinos turísticos com base em quatro pilares: segurança pública, qualidade do serviço, balneabilidade da água (nível de limpeza) e educação ambiental.

Ponta de Nossa Senhora de Guadalupe

A conquista do certificado resultou em maior visibilidade para o destino, que passou a ser procurado por entrar “na rota dos destinos sustentáveis no Brasil” e também gerou um aumento no ticket médio (valor médio das vendas de um período) dos serviços das ilhas.

“O maior ganho com relação a isso é a diminuição da condição da pobreza. Um lugar que tem sua vocação natural subutilizada tende a crescer na condição de subdesenvolvimento. A diminuição do status de pobreza do lugar dá mais oportunidade às pessoas, para que possam viver do que a terra oferece de melhor” , explica Isabela Suarez, presidente da organização sem fins lucrativos.

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