Na Semana da Mulher, veja dicas para viajar sozinha e se sentir segura
Na semana do Dia Internacional da Mulher, a turismóloga Gilsimara Caresia dá dicas para que elas explorem o mundo em segurança
atualizado
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Com cada vez mais frequência, as mulheres ocupam espaços no setor de turismo pelo Brasil e pelo mundo. De acordo com levantamento realizado pela Quero Passagem, elas representaram 53,3% dos tickets terrestres emitidos pelo e-commerce em 2022. Viajar sozinha, no entanto, não é a tarefa fácil ou segura para elas. Se você gosta de desbravar diferentes destinos de maneira solo, Metrópoles conversou com uma especialista em viagens para elencar dicas e os melhores destinos para o público feminino.
Ao se falar em viagem para mulheres, é impossível não lembrar daquelas que correram para que algumas pudessem caminhar, como diz o ditado brasileiro. Entre a lista daquelas que deram início ao percurso itinerante delas, está Jeanne Baret. A botânica francesa foi a primeira mulher a dar a volta ao mundo.
O legado foi conquistado em 1740 e, à época, Baret precisou se disfarçar de homem e até mudar seu nome para um masculino. Para realizar tal feito, a francesa conviveu em uma embarcação marítima com mais de 300 marinheiros. Coragem não faltou.
O perigo para elas
É fato que, do século 16 até aqui, as viagens para elas se tornaram mais acessíveis e também mais inclusivas. O desejo de percorrer diversas fronteiras é tão grande para o público feminino que, ainda de acordo com levantamento da Quero Passagem, mais de 65% das entrevistadas afirmaram que desejam fazer uma viagem sozinha neste ano. Esse desejo, no entanto, nem sempre se alinha à realidade.
Ainda que tenhamos feito diversos avanços como sociedade, elas encontram muito mais perigos por aí do que eles: são as mulheres os principais alvos de agressões e estupros. O Brasil, por exemplo, foi eleito o segundo país mais perigoso do mundo para mulheres viajantes, conforme indica levantamento realizado pelo Women’s Danger Index 2023 (Índice de Perigo para as Mulheres).
Além de ter a terceira maior taxa de feminicídios do mundo, a nação também ocupa a 6ª posição no ranking de países que encabeçam os índices de violência física e sexual causadas pelo próprio parceiro. Com tais índices, apenas 28% das mulheres entrevistadas para o levantamento afirmaram se sentir seguras em solo brasileiro.
Nem tudo está perdido
Apesar da triste realidade, é preciso pensar que nem tudo está perdido. Na intenção de ainda aproveitar as maravilhas do mundo sem medo, a turismóloga e fundadora do perfil Girls Go Gilsimara Caresia, dá dicas para elas viajarem sozinhas.
Apaixonada por viagens, ela é formada em jornalismo e atuou por 17 anos no mercado financeiro, quando decidiu tirar um período sabático para viajar. Desde então, visitou mais de 100 países. Gilsimara também já percorreu quase todo o território brasileiro.
Na intenção de encorajar outras mulheres ela reúne, anualmente, outras viajantes para dar dicas e encorajá-las a colocar o roteiro em prática. Chamado Mulheres Viajantes, o encontro reúne centenas de figuras femininas uma vez ao ano. Ao Metrópoles, ela elenca estratégias para que elas se sintam mais seguras com a própria companhia.
Quais os seus medos?
O primeiro passo, explica Gilsimara, é identificar quais podem ser seus medos. “Eles são reais ou com base em opinião dos outros? Diferencie o que é medo do que é risco real. Se você sofreu algum trauma, a ajuda de um psicólogo pode ser importante”, sugere ela.
Se o seu medo parte da vergonha ou julgamento de outras pessoas, a profissional indica pensar nas coisas positivas e ignorar os motivos que podem te desmotivar:
“Algumas mulheres me confessaram medo desse julgamento. Sim, tem gente que deve pensar: ‘Ela não tem amigos! Ela é tão chata que ninguém quer ir junto’. Mas também tem gente que vai pensar: ‘Como ela é corajosa! Olha, ela não depende de ninguém para realizar os sonhos dela'”, comenta.
Comece devagar
“Você não precisa ter nascido pronta para colocar uma mochila nas costas e se jogar sozinha no mundo. Não se cobre”, pontua a especialista em viagens. Os primeiros passos podem começar na sua cidade, como indo sozinha ao cinema ou até a praia, por exemplo.
“Em algum momento, você se sentirá confortável e segura para dar um passo maior”, elucida.
Outra dica é viajar com desconhecidos. “Comece a se desprender aos poucos. Compre um pacote de viagens em uma agência de turismo e, assim, você terá a oportunidade de viajar com pessoas que nunca viu antes”, sugere.
Elenque os melhores destinos
São mais de 260 países no mundo e, portanto, não faltam opções. Estar segura em 100% deles é muito difícil, mas a maioria vai estar de braços abertos para recebê-la sem que você sinta receio.
Mestranda de turismo pela Universidade de São Paulo (USP), Gilsimara elenca que os países e locais que tenham a cultura parecidas com a da viajante tendem a deixá-la mais segura e confortável durante o tour: “A gente meio que se sente em casa”, elenca.
“Mas, particularmente, acredito que há lugares no mundo que são mais tranquilos. Por exemplo, a Dinamarca, Noruega e a Tailândia. São lugares muito tranquilos”, elenca a especialista. Uma grande exploradora do mundo, ela conta que também se sentiu muito acolhida na Índia:
“É um país que eu morei e que talvez não seja o maior exemplo de segurança e/ou organização no mundo, mas eu me senti muito acolhida e sou apaixonada”, conta.
O país asiático, no entanto, não é um dos mais seguros para as mulheres. Com raízes culturais extremamente machistas, o local está no ranking da Women’s Danger Index de nações mais perigosas do mundo. Na contramão do perigo e para tornar a escolha de um destino mais fácil, o levantamento também elencou os países mais seguros do mundo para elas:
- Espanha;
- Cingapura;
- Irlanda;
- Áustria;
- Suíça;
- Noruega;
- Portugal;
- Croácia;
- Canadá;
- Polônia.
Na Dinamarca, Gilsimara sugere visitar um local chamado Ilhas Faroé, onde “o índice de criminalidade lá é zero. Ela é um pedaço do mundo em que não existem crimes. Um lugar muito curioso e peculiar nesse aspecto”, conta.
Seu celular é sua companhia
Ao viajar sozinha, o celular pode ser tornar um verdadeiro aliado da mulher. Por aqui, já havíamos elencado aplicativos para download no aparelho exclusivos para auxiliar na viagem delas —para ler, acesse este link e confira a lista completa.
Outra dica é baixar apps de mapas que possam funcionar de modo off-line, assim, você não fica refém do wi-fi. Se for viajar para um país em que você não domina a língua, baixe um tradutor para o idioma local.
“Não fique refém do wi-fi. Em muitos países você consegue comprar, no próprio aeroporto, um chip de celular local; ou habilite o seu número brasileiro com um plano internacional”, sugere.
Também vale deixar cópias digitalizadas dos seus documentos (principalmente o passaporte) em seu e-mail e que seja de fácil acesso pelo celular ou outros dispositivos.
Dicas básicas
Para deixar o momento da viagem ainda mais seguro, Gilsimara elenca algumas dicas extras que podem salvar em momentos de apuros:
Não beba muito
Não exagere no álcool e fique atenta para o que possa ser colocado em sua bebida.
Documentos
Dentro do seu passaporte, deixe contatos de emergência e informações sobre o seu seguro de viagem (não deixe de fazer um!). Além disso, leve seu RG. Ele pode ser seu documento de identificação em caso de perda do passaporte. Vale também levar um cartão de crédito extra e que fique separado dos demais, em caso de perda/roubo da carteira.
Ative um rastreio
Deixe com alguém da sua família o login do rastreamento do seu celular. Assim, eles podem acompanhar por onde você anda, caso fique muito tempo sem contato.
Confie em seu sexto sentido
Sim, ele funciona! Siga seus instintos e confie no que eles te dizem.