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Entenda como a guerra na Ucrânia impacta a aviação civil mundial

Conflito bélico resulta, além das lamentáveis perdas humanas, em instabilidade econômica que afeta viagens ao redor do globo

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1 de 1 avião em solo - Foto: Getty Images

O clima de tensão global imposto pela guerra entre a Rússia e a Ucrânia está causando turbulência nos céus europeus. Com o fechamento do espaço aéreo russo às companhias de outros 36 países, empresas de aviação se viram obrigadas a desviar ou cancelar voos, tornando as viagens mais caras e longas.

Some as restrições de tráfego às sanções econômicas impostas ao Kremlin em função do conflito. Como resultado, menos de 10 dias após o início da ofensiva russa rumo a Kiev, empresas de turismo de todo o mundo já começaram a sentir os efeitos da guerra.

A Rússia não é o destino no topo da lista de consumo do viajante brasileiro, tampouco um dos países que mais enviam turistas para o Brasil. Contudo, um conflito bélico de tamanha proporção geopolítica impacta o roteiro de viagem de qualquer turista, inclusive na América do Sul.

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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito
A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local
Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km
Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia
Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país
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A relação conturbada entre Rússia e Ucrânia, que desencadeou conflito armado, tem deixado o mundo em alerta para uma possível grande guerra

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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito

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A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local

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Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km

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Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia

Andre Borges/Esp. Metrópoles
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Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país

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A Rússia iniciou um treinamento militar junto à aliada Belarus, que faz fronteira com a Ucrânia, e invadiu o território ucraniano em 24 de fevereiro

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Por outro lado, a Otan, composta por 30 países, reforçou a presença no Leste Europeu e colocou instalações militares em alerta

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Apesar de ter ganhado os holofotes nas últimas semanas, o novo capítulo do impasse entre as duas nações foi reiniciado no fim de 2021, quando Putin posicionou 100 mil militares na fronteira com a Ucrânia. Os dois países, que no passado fizeram parte da União Soviética, têm velha disputa por território

AFP
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Além disso, para o governo ucraniano, o conflito é uma espécie de continuação da invasão russa à península da Crimeia, que ocorreu em 2014 e causou mais de 10 mil mortes. Na época, Moscou aproveitou uma crise política no país vizinho e a forte presença de russos na região para incorporá-la a seu território

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Desde então, os ucranianos acusam os russos de usar táticas de guerra híbrida para desestabilizar constantemente o país e financiar grupos separatistas que atentam contra a soberania do Estado

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O conflito, iniciado em 24 de fevereiro, já impacta economicamente o mundo inteiro. Na Europa Ocidental, por exemplo, países temem a interrupção do fornecimento de gás natural, que é fundamental para vários deles

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Embora o Brasil não tenha laços econômicos tão relevantes com as duas nações, pode ser afetado pela provável disparada no preço do petróleo

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Antes de adentrar em implicações econômicas, a pesquisadora em turismo e sustentabilidade Jaqueline Gil ressalta um efeito que começou a ser sentido “em curtíssimo prazo”: o medo.

“Estamos diante de uma série de sanções colocadas nos céus da Europa. Em geral, o cenário faz com que as pessoas não se sintam mais confortáveis com certos trajetos, por conta do clima de tensão no ar”, frisa a professora da Universidade de Brasília (UnB).

Fluxo aéreo

Em entrevista ao Metrópoles, a turismóloga bielorrussa Anastasiya Golets avaliou a situação. “O clima é de instabilidade nos aeroportos tanto da União Europeia quanto da Ásia e Américas. Quem precisar viajar para a Rússia ou destinos que fazem escala no país, como a China, terá grandes dificuldades”, ressalta.

Um voo que liga Moscou a Istambul, na Turquia, por exemplo, está levando quase 50% mais tempo do que o habitual, por conta dos desvios de rota para evitar o espaço aéreo ucraniano e as zonas de restrição. Isso provoca maior consumo de combustível e menor eficiência de utilização da aeronave e dos tripulantes.

No Brasil, não há rotas aéreas, diretas ou com escalas, vigentes para a Rússia. A informação é da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). As três maiores companhias do país – Latam, Gol e Azul – seguem operando normalmente, apesar da guerra no leste europeu.

O setor avalia, contudo, que variações nos preços dos combustíveis, do dólar e de commodities podem dificultar ainda mais a recuperação do mercado aéreo, ainda bastante calejado da crise econômica causada pela Covid-19. Na última semana, o presidente da Latam, Jerome Cadier, chamou a atenção para o recente aumento no preço do petróleo e da cotação do dólar, impulsionados pela guerra.

“A grande dúvida de todos é quanto tempo isso vai durar. Pelas primeiras reações, o impacto nos custos das companhias aéreas é inegável. Infelizmente, na situação que está o setor, estes aumentos vão impactar os preços das passagens. É uma pena, especialmente em um momento no qual o que mais queremos é voltar a voar”, disse o executivo.

Cadier também destacou possíveis impactos no mercado de capitais e no custo do crédito, bem como oscilações no preço de matérias-primas fundamentais para o setor, como o titânio, usado na fabricação de aviões.

mulher segurando passaporte com passagem aérea
Com aumento do preço do petróleo, passagens aéreas domésticas e internacionais podem ficar mais caras

Apesar de um possível aumento de preços das passagens nacionais e internacionais, o setor de aviação vive um período de recuperação, especialmente no mercado doméstico — que se aproxima dos níveis pré-pandemia.

Aumento de preços em cadeia

Tratar de aumentos no combustível extrapola os limites de transitar de um lado a outro. Bens de consumo necessários para o turismo, que precisam ser transportados, também podem começar a custar mais caro.

“Produtos alimentares, por exemplo, devem sofrer aumento de preços, inclusive por uma eventual pressão na inflação”, ressalta Jaqueline Gil. “Aquele vinho produzido no Sul, provavelmente, ficará mais caro quando consumido no Nordeste”, exemplifica.

Rigidez e segurança

Considerando o cenário econômico internacional, as sanções aplicadas pelos países ricos contra a Rússia são algumas das mais severas em décadas. A turismóloga conjectura um enrijecimento ainda maior das punições pela Casa Branca, atingindo até limitações de entrada em aeroportos e controles de segurança muito mais rígidos.

“É possível que Biden acione novamente o alerta vermelho em aeroportos, dificultando medidas como inspeção de raio-x e entrevistas de visto muito mais longas, em um processo mais criterioso”, prevê.

mulher em rede na praia
Os destinos brasileiros devem ficar ainda mais em alta, com o cenário internacional

Em geral, o turismo brasileiro vive um período de valorização de viagens domésticas, o que deve ficar ainda mais intenso. “Observamos um olhar maior para o Brasil como primeira opção de viagem, porque muitos não querem se lançar aos céus internacionais”, frisa Gil. “Estamos ainda no início de um conflito, que tem proporções significativas, portanto os rumos dessa história ainda são incertos”.

Turismo global

O mercado de turismo russo é um dos maiores do mundo, e se consolidou em franca ascensão, mesmo com o advento da pandemia. De acordo com Anastasiya Golets, os russos e os ucranianos, somados, formavam um dos principais grupos que cruzaram fronteiras nos últimos dois anos. A parcela era a sexto maior em índices de gastos no exterior, turismo e deslocamentos internacionais.

O foco desses viajantes, no entanto, não era o Brasil. Segundo a especialista, em 2019, mais de 12 milhões de russos viajaram para outros países. Contudo, desses, apenas 24.931 desembarcaram em território brasileiro. Somando aos 6.193 ucranianos, eles correspondem a 0,5% do volume de estrangeiros que viajaram pelo país.

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