Covid-19: após confirmação de casos, Caraíva pede socorro nas redes sociais
Comunidade ribeirinha está a quatro horas de distância de Porto Seguro e não têm como contornar crise sanitária sem apoio
atualizado
Compartilhar notícia
A população de Caraíva, na Bahia, está se mobilizando nas redes sociais para conscientizar os visitantes sobre a situação da vila diante da pandemia do coronavírus.
De acordo com o último boletim epidemiológico divulgado pela Prefeitura de Porto Seguro nesta segunda-feira (22/06), Nova Caraíva tem dois casos de Covid-19 confirmados. Além de abrigar o porto de embarcações que saem para a parte agitada da vila, o local é endereço da maioria das pessoas que trabalham na faixa turística da região.
A mensagem que circula nas redes sociais de moradores e empresários de Caraíva destaca a ausência de estrutura hospitalar, médicos, ambulâncias e barreira sanitária no local e pede providências da prefeitura.
“Somos Caraíva, somos nativos, somos moradores, somos indígenas. Cuidamos dessa terra, dos nossos familiares e amigos. Defendemos um turismo responsável e ecológico e estamos há 90 dias fechados e enfrentando sozinhos uma crise mundial. Nossa comunidade se uniu em ações para diminuir o contágio e a fome, mas, ainda assim, a Covid-19 chegou e estamos agora, mais do que nunca, precisando de apoio da Prefeitura de Porto Seguro. Precisamos de barreira sanitária, médicos presentes, testes e EPIS [equipamentos de proteção individual]”, diz a nota.
O Metrópoles entrou em contato com a prefeitura de Porto Seguro para obter informações sobre as demandas da comunidade local, mas não obteve retorno, até o momento.
Opinião médica
A infectologista Eliana Bicudo, membro da Sociedade Brasileira de Infectologia, alerta sobre os riscos de viajar para cidades afastadas e isoladas. Apesar de muitas pessoas defenderem que “precisam relaxar”, o momento é de pensar com responsabilidade na saúde das pessoas que vivem e trabalham nesses locais.
“O risco pessoal de viajar nesse momento depende do meio de transporte a ser usado, pela proximidade em que você terá de ficar de outras pessoas Além disso, ao optar por ir de uma cidade para outra no próprio carro, o viajante assume o risco de levar o vírus para locais em que ele ainda não chegou, aumentando a disseminação”, explica.
“Digamos que você é um portador assintomático e sai de Brasília – onde já ocorre transmissão comunitária – e leva o vírus para o interior de Goiás, onde não há ninguém com a Covid-19. A recomendação é que as pessoas fiquem onde estão, cumpram o isolamento e aguardem o cenário melhorar”, complementa.