Brasil na Rota: viaje pelo cenário exuberante da Serra Catarinense
Na região mais fria do Brasil descansam cânions, cachoeiras e estradas cênicas que encantam turistas por muito mais que baixas temperaturas
atualizado
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Entre os imponentes monumentos naturais que compõem a Serra Catarinense, o trajeto à beira de precipícios é como caminhar sobre as nuvens. A região, perfeita para quem está em busca de uma viagem pouco óbvia pelo estado reconhecido por seu litoral, é formada por florestas de araucárias, rios, cachoeiras, vales, campos de altitude e cânions grandiosos.
Além de ser o destino mais frio do Brasil, onde a neve e a geada vestem a paisagem de branco, as belezas da Serra vão muito além da época mais gelada do ano. A cerca de 170 km das exuberantes praias de Florianópolis, o roteiro é considerado o berço do turismo rural brasileiro. Ao todo, 17 municípios compõem a região, a maioria com menos de 20 mil habitantes.
Na série Brasil na Rota, publicada desde o mês de janeiro, o Metrópoles te convida a explorar roteiros fora do itinerário tradicional de viagens e encontrar novos tesouros em território verde e amarelo. Enquanto o turismo de isolamento é a alternativa para reaquecer o mercado tão afetado pela pandemia de Covid-19, expanda seus horizontes e encontre maneiras de fugir da realidade sem abrir mão da segurança.
Melhor época para visitar
Com picos de altitude que chegam a 1.827 metros, o destino é uma das regiões mais frias do país, onde a neve é quase certa durante o inverno. Nessa época do ano, a paisagem ganha um toque internacional, com o charme pitoresco de nevoeiros, cachoeiras congeladas e nevascas, que fazem a alegria de turistas acostumados com o clima tropical brasileiro.
No entanto, em estações mais amenas, o destino não perde o brilho. É durante essas épocas que é possível observar as belezas do litoral do estado, separados por dezenas de quilômetros. Em qualquer temporada, o que não falta são belezas naturais dignas de belos cliques para o Instagram.
Como chegar?
O caminho mais fácil para chegar aos municípios que compõem a região do planalto serrano, no sudeste do estado, é voar até a catarinense Lages, e de lá seguir por mais ou menos 100 km de estrada. Há também a opção de partir da capital, Florianópolis, a 172 km de distância.
Onde se hospedar?
De acordo com a Secretaria de Turismo do estado, foi lá que surgiram os primeiros hotéis-fazenda e pousadas rurais do Brasil. Atualmente, a lista de estâncias disponíveis, com todo o conforto e infraestrutura de lazer, é extensa.
Em Bom Jardim da Serra, à beira dos grandes cânions, o Rio do Rastro Ecoresort tem vista privilegiada para os cânions, com direito a bons vinhos, espaços de contemplação e um charmoso clima de montanha.
Só em Urubici, existem 414 pousadas, de acordo com a Secretaria de Turismo local. Entre elas, a Serra Bela Hospedaria Rural fica um pouco mais afastada da rua principal — onde situam-se a maioria dos restaurantes — com ampla área verde, espaços de entretenimento e atividades rurais para toda a família.
Já na pousada Caminhos da Natureza, também em Urubuci, o clima rústico predomina. Quartos em madeira, com direito a lareiras, tábuas de frios e pérolas dos vinhedos da região compõem a experiência ideal para os viajantes.
Passeios imperdíveis
Partindo de Lages, o primeiro encontro com o planalto é a partir de Bom Jardim da Serra. Pela SC-390, o trecho mais bonito da Serra do Rio do Rastro, como é conhecida, tem menos de 30 km, em um vaivém marcado por mais de 200 curvas, uma seguida da outra, contornando a subida. Da ponta de uma curva à outra, a visão é apenas um gostinho do que vem por aí.
Com paisagens cinematográficas, Urubici é a melhor base para explorar a serra. Cerca de 120 mil pessoas passam pela cidade, em média, por ano. Reconhecida pelas temperaturas abaixo de zero, apesar de pequenininha, reúne boas ofertas de hospedagem e gastronomia e fica a poucos quilômetros de tudo o que você precisa conhecer na região.
Nativo da localidade, o funcionário da Secretaria de Turismo de Urubici, Luiz Gonzaga Batista, relembra que o local tem cerca de 15 atrativos. O destino é certeiro na rota dos apaixonados por ecoturismo e, por lá, a tarefa mais difícil é saber por onde começar: rapel em cachoeiras de até 100 m de altura, canoagem, tirolesa, mountain bike, cavalgadas por vales e campos de altitude, pesca esportiva, arvorismo e caminhadas guiadas em torno de cânions são algumas das opções.
Por lá também ficam as imperdíveis Pedra Furada, no Morro da Igreja, o segundo ponto mais alto do Sul do Brasil (1.827 m de altitude), onde foi registrada a temperatura mais baixa do país: 17.8º C negativos, com sensação térmica de 40º C negativos.
Há ainda como ponto turístico a Serra do Corvo Branco, a cerca de 30 km do centro da cidade. Luiz lembra que o espaço também tem uma particularidade: é lá onde está o maior corte em rocha feito no país. “A montanha foi cortada por um trator, na altura de 90 metros”, relembra. Para visitar o lugar, é necessária uma autorização do ICMBio que, durante a pandemia, está restrita a 150 carros.
Na descida do Morro da Igreja, aproveite e faça uma parada para conhecer as famosas Cascatas Véu de Noiva, com uma queda de mais de 60 metros de altura, que desce por paredes rochosas inclinadas; e Cascata do Avencal, uma das maiores quedas d’água da região.
Por cima, é possível observar seus mais de 100 metros de altura em uma passarela de vidro e, por baixo, é possível chegar até os pés da cachoeira, depois de caminhar por uma trilha de pedras.
No fim do dia, a recompensa é o entardecer no Morro do Campestre, com a vista privilegiada do vale do Rio Canoas.