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Brasil na Rota: descubra Ilha Grande, um respiro à beira-mar no RJ

O destino no litoral fluminense já foi palco de batalhas e prisões e tem águas tão transparentes que refletem o verde da Mata Atlântica

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ilha grande RJ
1 de 1 ilha grande RJ - Foto: Reprodução/Melhores Destinos

Por trás das águas verde esmeralda e areias brancas de Ilha Grande, se escondem memórias de combates, rastros de saqueadores e prisões. O destino, emoldurado pelos exuberantes paredões de Mata Atlântica, foi o cenário de capítulos conturbados da história brasileira. Hoje, serve de refúgio para visitantes encantados, que se juntam aos moradores para deixar o cinza da cidade de lado e curtir a Costa Verde.

Mesmo com o ir e vir de barcas para a Vila do Abraão, a Ilha do arquipélago de Angra dos Reis é um convite à serenidade. O paraíso relaxante, queridinho dos moradores do Rio de Janeiro e de São Paulo, é um destino pouco explorado no Brasil: sem carros ou bancos, nem telefones tocando.

Na série Brasil na Rota, publicada desde o mês de janeiro, o Metrópoles te convida a explorar roteiros fora do itinerário tradicional de viagens e encontrar novos tesouros em território verde e amarelo. Enquanto o turismo de isolamento é a alternativa para reaquecer o mercado tão afetado pela pandemia de Covid-19, expanda seus horizontes e encontre maneiras de fugir da realidade sem abrir mão da segurança.

Ilha Grande é uma das joias escondidas na Costa Verde, no litoral sul do estado do Rio de Janeiro. Ela pertence ao município de Angra dos Reis e fica a apenas 150 km da capital, 100 km de Paraty e 400 km de São Paulo.

Como chegar

A primeira coisa que você precisa saber é que não vai chegar à Ilha Grande com o seu veículo próprio. Por lá, tudo se resolve no chinelo, na bike ou em um trajeto de barco. É parte da beleza do local — com direito a “férias” de carros, lugares para estacionar e engarrafamentos.

O local de chegada também depende de onde você vai ficar no destino. As rotas de barco saem de três locais de embarque: Mangaratiba, Angra dos Reis (são 4 pontos diferentes), e Conceição de Jacareí.

O embarque mais próximo do Rio de Janeiro é Mangaratiba, localizada a 100 km de distância da capital carioca. Seja qual for a opção escolhida, é muito importante lembrar que o transporte terrestre só levará até essas regiões, nunca até a Ilha Grande, que só pode ser acessada de barco. Também há oferta de transfer particular a partir do Rio de Janeiro, Arraial do Cabo, Cabo Frio e outras cidades do estado.

Melhor época para visitar

Entre os visitantes e moradores, o clima instável da região é unanimidade. Porém, com chuvas menos frequentes e temperaturas amenas, o outono — entre os meses de março a junho — é o melhor período para visitar a Ilha Grande. No verão, há um grande índice pluviométrico e o frisson da estação enche o local de turistas, aumentando também o preço das hospedagens.

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Na região, moram cerca de 10 mil habitantes, em vilas de pescadores
O local é conhecido pela rica biodiversidade e já recebeu baleias
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O lugar encanta pela natureza bem preservada

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Na região, moram cerca de 10 mil habitantes, em vilas de pescadores

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O local é conhecido pela rica biodiversidade e já recebeu baleias

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A influenciadora Carol Lisboa, que mora há pouco mais de ano na Ilha, faz um alerta: não dá para confiar em previsões do tempo. “Eu sempre falo isso para todos que me perguntam. Aqui, às vezes a previsão é de chuva e faz sol, às vezes chove e faz sol no mesmo dia. Tente vir de coração aberto e curtir tudo o que der”, aconselha. 

A Ilha Grande é um destino muito procurado para finais de semana e feriados prolongados. Portanto, especialmente durante a pandemia, fuja da alta temporada e das aglomerações.

Marcas da história

Avistado pela primeira vez pelo navegador português Gonçalo Coelho em 1502 — quando a região era habitada pelos índios Tamoios — o lugar foi palco de várias batalhas marítimas nos séculos seguintes, pedaço da história que foi parar no fundo do mar.

O arquipélago também foi abrigo de piratas, principalmente de origem europeia, e comerciantes de escravos. Até a Abolição, o destino era tido como uma das principais rotas de escravos do Brasil.

A história conturbada da região perdurou até seu mais recente capítulo, que está descrito em Memórias do Cárcere, obra de Graciliano Ramos. Durante a ditadura de Getúlio Vargas, o arquipélago abrigava um sistema carcerário que recebia qualquer “ladrão, desordeiro ou subversivo”, em um sistema penal que aprisionava presos políticos.

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Passeios imperdíveis

Composto por mais de 300 ilhas, o arquipélago esbanja natureza para todos os lados, com trilhas, cachoeiras e rios. Também se destaca por sua rica biodiversidade, com mais de cem praias paradisíacas de águas cristalinas, que se espalham por 193 quilômetros quadrados de pura beleza preservada.

Para quem tem medo do roteiro pesar no bolso, é possível se programar e curtir sem causar um rombo no orçamento. Segundo Carol, há opções de restaurantes mais em conta e de passeios que é possível fazer sozinho.

Na Vila do Abraão, local que recebe o maior fluxo de embarcações na ilha, tem uma lista de praias que podem ser acessadas a pé, em caminhadas de 15 a 30 minutos. Das opções, a influenciadora recomenda as praias Preta, da Crena, do Abraãozinho — uma opção mais vazia e calma. Além delas, a Praia da Bica e Palmas também são boas alternativas.

Praia do Abraão

É em Abraão onde tudo acontece. A praia, de fato, não é para tomar sol e nem relaxar na areia, afinal são várias embarcações que ficam ali por conta do porto. Mas o point concentra os bares e restaurantes da ilha, com opções “pé na areia” com direito a música ao vivo, decoração romântica e uma feirinha de artesanato.

Um dos cartões-postais do destino, a praia do Aventureiro é certamente mais cheia — especialmente em alta temporada. Por isso, com a pandemia, talvez seja uma boa alternativa evitá-la. Fora dos momentos de pico, é um ponto imperdível que fica em uma área de proteção ambiental, dentro de uma pequena vila de pescadores e encanta por todas as belezas de uma área bem preservada.

Praia do Aventureiro

A praia de Dois Rios é uma composição notável, que encanta pelo conjunto da obra. Como o próprio nome já diz, a praia tem um rio em cada ponta e ambos deságuam no mar. Foi ali que o sistema prisional, da época de Memórias de um Cárcere, foi instalado.

As praias de Lopes Mendes e Caxadaço também constituem o importante patrimônio natural da ilha. Atrás de um belo paredão rochoso, a pequena enseada de Caxadaço tem um mar calmo, uma pequena faixa de areia e é um dos mais incríveis cenários do arquipélago. Lopes Mendes, por sua vez, já foi eleita uma das mais bonitas do mundo.

Praia do Caxadaço

Para quem quer ir além dos locais de areia, sombra e água fresca, Ilha Grande é um prato cheio para os fãs de trekking. Os mapas de trilhas estão espalhados por toda a ilha. As trilhas mais populares entre os turistas que querem somente curtir uma caminhada leve em roteiros de um dia são: T1 (Circuito do Abraão); T2 (Aqueduto – Saco do Céu); T10 (Abraão – Pouso); e T11 (Pouso – Lopes Mendes).

Quem deseja fazer trilhas mais longas e de grau de dificuldade maior deve se preparar não só fisicamente, mas também ter bons equipamentos, além de contratar um guia, por motivos de segurança.

A Cachoeira da Feiticeira é uma boa pedida para quem está em busca de um meio termo. A caminhada, a partir da Vila do Abraão, tem duração de três horas, com direito a um mergulho na cachoeira que termina em água salgada, à beira-mar, na praia de mesmo nome.

Ligadas por uma fina faixa de areia, a Ilha de Cataguases e a Ilha do Peregrino são dois belos refúgios entre as ilhas de Angra dos Reis. Elas são bem pequeninas, com piscinas naturais, bancos de areia clara e águas límpidas.

Ilha de Cataguases

A Lagoa Azul e a Lagoa Verde estão entre os mais famosos passeios da região da Ilha Grande. As lindas piscinas formadas pelo mar nas duas regiões são excelentes para prática de snorkeling, cheias de peixinhos.

Onde se hospedar

Um ponto crucial na hora de preparar o roteiro, o local de hospedagem impacta diretamente na sua experiência. Leve tudo em consideração, desde o local da ilha em que você tem que chegar (para saber de onde partir) até o formato de viagem, entre as enseadas ligadas apenas por embarcações.

O local mais estratégico é a Enseada do Abraão. É lá que fica a maior parte das hospedagens, restaurantes, comércios e empresas de turismo que realizam os passeios de barco. Antes, saiba que não há hospedagens de luxo nem resorts all inclusive na vila. As opções são compostas por pousadas simples e aconchegantes, com o clima rústico e típico praiano. Além das pousadas, há albergues e campings com valores bem mais acessíveis.

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Paraíso Azul Retiro
Riacho Dos Cambucas
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Pousada Caiçara

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Paraíso Azul Retiro

Reprodução/Paraíso Azul Retiro
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Riacho Dos Cambucas

Riacho Dos Cambucas/Reprodução

As vizinhas Pousada Caiçara e Pousada Ancoradouro encantam por estarem localizadas na praia, com porta de entrada direto na areia. Logo atrás, com vista para a praia do Abraão, mas cercada pela mata, está a tranquila Pousada Naturalia. Outra ótima alternativa, a pousada Riacho dos Cambucas, mais afastada do burburinho do centro.

Para quem busca uma opção mais em conta, com uma das mais lindas vistas da Ilha Grande, o hostel Che Lagarto agrada os que querem conhecer gente nova em uma vibe mais animada. Já a Paraíso Azul Retiro fica na Enseada de Araçatiba, segunda opção em número de hospedagens, nos mesmos moldes de Abraão.

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