Além dos Três Poderes: turismo de experiência é novidade no DF
Roteiros pessoais e que mostram uma Brasília diferente da qual os turistas (e até moradores) estão acostumados estão em alta
atualizado
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Congresso Nacional, Praça dos Três Poderes, Catedral. Para muitos, o turismo em Brasília se resume a um roteiro cívico e que pode ser feito em algumas horas. No entanto, a capital do modernismo é, também, celeiro de bons cafés, recheada de bares incríveis, repleta de festas animadas e uma infinidade de programas que vão além dos estereótipos.
Em parte, esse novo olhar tem crescido graças ao turismo de experiências, aquele no qual o visitante (ou o próprio morador) faz programas de imersão na cultura do destino em questão. A tendência mundial chegou ao Distrito Federal há alguns anos (um dos pioneiros foi o Experimente Brasília, criado por Patrícia Herzog) e, agora, indica que veio para ficar. A ideia é promover sensações e emoções.
De bares a sítio
A brasiliense Carolina Valadares é um dos nomes que investem nesse formato. Por meio da modalidade Experiências, do Airbnb, a brasiliense de 44 anos conduz estrangeiros e brasileiros por dentro da verdadeira vivência do que é morar no quadradinho do Distrito Federal.
Ao todo, ela organiza quatro passeios: tour dos bares descolados, em que visita três estabelecimentos desse tipo em uma noite; o do sítio das cabras, na qual vai a um endereço bucólico no Lago Oeste; a rota cafeinada, que passa por três cafeterias da cidade; e o tour da Quadra Modelo, um “rolê” pela 308 Sul.
Fluente em inglês, francês e espanhol, Carolina trabalhou no Ministério do Turismo e promove esse tipo de passeio como um hobby. A cada turma que conhece, novas amizades surgem, em um ciclo virtuoso que, no que depender dela, está longe do fim.
“Recebo muitos estudantes de arquitetura e fotógrafos, por exemplo. São oportunidades que interessam não apenas a quem vem de fora, como os próprios brasilienses. Se eu não sei ir a determinada cachoeira, por exemplo, porque não recorrer a quem conhece?”, diz.
“Sempre trabalhei com comunicação e jornalismo dentro do governo, e queria mostrar esse muito lado aprazível de Brasília, que muita gente não conhece”, conta.
“É nosso papel como morador mostrar esse lado. Tínhamos esse complexo de vira-lata, de não valorizar a nossa cidade porque é nova e não nasceu ‘sozinha’. Fomos crescendo no meio do nada. Hoje, me sinto como uma embaixadora”, emenda Carolina.
Carolina Valadares não é a única moradora da cidade a cadastrar experiências na plataforma de viagem colaborativa. Há mais de duas dezenas de oportunidades, com preços que começam a partir de R$ 36.
Outros projetos que seguem a mesma premissa são o Camelo Bike Tour, no qual os visitantes percorrem os endereços a bordo de uma bicicleta criada em Brasília, e o Pub Crawl, modelo internacional no qual o foco é o combina-se encontros entre festas e botecos de todo tipo.
Iniciativa governamental
A própria Secretaria de Turismo aderiu à novidade e conta com projetos nesse sentido.
Três iniciativas chama atenção. A primeira delas, Caminhos do Planalto, tem trilhas com cerca de 400km de percurso mapeado no Distrito Federal. No Viva Lago Oeste, o foco é conhecer a região ecológica que fica em Sobradinho. Entre os diferenciais, agroecologia, ruralidade, gastronomia e inúmeras atividades de lazer e esporte.
Na Rota do Cavalo, há um estímulo para o turismo rural em Sobradinho.
“A Secretaria de Turismo também está desenvolvendo diversas rotas turísticas em comemoração aos 60 anos de Brasília. Uma delas é a ‘Fora dos Eixos’, que vai explorar as atrações de diversas regiões administrativas. Vamos potencializar a vocação dessas cidades, que têm tanto a oferecer”, afirma Vanessa Mendonça, secretária de turismo do DF.