No Dia Internacional do Pão reunimos histórias de quem ama o alimento
#MeuPãoFavorito: Do pão de sal à baguette, cada um tem o seu valor nutricional e emocional
atualizado
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Do sommelier que se descobriu padeiro até a jovem designer que resgatou as receitas de pão da mãe para manter viva sua memória, confira os testemunhos de quem encontra no pão mais sabor para viver e suas dicas sobre #MeuPãoFavorito.
O sorriso fácil da baiana que cresceu em Brasília se alarga quando o assunto é pão. Julia Vianna Rocha, 30 anos, se diverte com conhecimentos gerais e piadinhas sobre o alimento. “Sabia que o pão de sal é chamado de “cacetinho” na Bahia?” ou “E você já ouviu falar que em Unaí é costume comer pão de queijo recheado com almôndegas?”, solta, entre uma risada e outra.
Ela conta que a paixão por pães vem de casa, carregada de memória afetiva. “Uma das minhas lembranças mais antigas é de ser bem pequena e passar na padaria com a minha mãe para comprar pão francês quentinho. O gostoso era comer na hora. Lembro de tirar o miolo e adorar cada detalhe daquele momento”.
A curiosidade infantil a tornou conhecida no estabelecimento. “Era a típica criança que chegava na padaria e perguntava informações sobre tudo o que estava no balcão. Pedia para provar todos os pães e acabei virando piada”, diz.
Sincera, ela diz que hoje evita consumir pão no dia a dia. “Mas quando quero meter o pé na jaca, como pão”, revela. A cientista política também explica que adora abrir a casa para receber os amigos e gosta de preparar acompanhamentos como pastinhas e picadinho e servir com pães artesanais como baguettes e ciabattas. O romance também vem acompanhando de um pãozinho. “Moro com o meu namorado e adoramos comer pão e tomar um bom vinho com queijos e geleias.”
Pão favorito: “Fico dividida entre o pão de sal, que acho super versátil, e o pão de queijo. Nós somos um triângulo amoroso”, brinca.
Formado em Hotelaria, Felipe Oliveira, 28 anos, viu a Gastronomia e a paixão por pães entrarem em sua vida através do universo dos vinhos. Após tornar-se sommelier, o brasiliense percebeu que a fermentação – o estudo químico que serve como base para a produção de alimentos diversos como queijos, cafés, cervejas e pães – era sua grande paixão. “Usava muito o pão para explicar os estágios da fermentação dentro do processo de fabricação do vinho e daí fui criando uma relação muito próxima com o segmento da panificação”, explica.
Hoje, empresário e padeiro, Felipe comanda duas unidades da Panetteria D’Oliva, padaria especializada em pães artesanais com operações em Águas Claras e Guará. Lá, oferece cerca de trinta opções, além dos pães sazonais (Dia das Mães, Páscoa, Natal) e a maioria segue a linha da panificação italiana.
“Lembro que ao fazer meu primeiro curso de pães e ao finalizar meu primeiro pão semi-profissional fiquei muito impressionado com o momento. A qualidade e o resultado me surpreenderam e logo percebi que aquilo poderia se tornar um ofício”, recorda.
Pão favorito: “O panetone”. Para o expert, trata-se de um pão versátil. “Se é feito com ingredientes de qualidade dá para brincar bastante. Ele pode ser mais molhadinho, mais seco ou mais doce. E pessoalmente tenho uma memória afetiva com o panetone que é especial. Representa o start das festas de fim de ano. Me lembra férias e gosto dessa sensação “família”, que esse pão tem”.
O encantamento por pães é uma parte importante da vida da confeiteira Cyntia Sobral Ashiuchi. “Sempre tive uma padaria perto de casa e cresci em uma família que tinha a padaria cativa”, conta. Vegetariana, ela explica que foge de pães industrializados e dá preferência a pães com fermentação natural e que levam pouco açúcar na receita. “Esses pães são mais fáceis de digerir”, aponta.
Cyntia assume que está sempre atenta à saúde e aos triglicerídeos, “bisnaguinha não rola”, mas isso não a impede de consumir os adorados pães. “Pão é para toda ocasião. Lanche da tarde, café da manhã, no brunch”, diz.
O circuito de padarias artesanais de Brasília é um roteiro que ela costuma fazer acompanhada do marido, Victor. “Conhecemos a La Boulangerie, La Boutique, La Paniere… e acredito que a panificação e a confeitaria, meu segmento de expertise, conversam. Já reproduzi técnicas típicas da produção de pães no meu negócio, a Lovemade Cupcakes. Existe um crossover superficial entre esses dois mundos”, analisa.
Pão favorito: Pain aux Figues, Brie e Noix (pão com figos, queijo brie e nozes), da La Boulangerie. “É sazonal, muito vendido no período do Natal – a minha época favorita do ano – mas às vezes eles produzem e divulgam nas redes sociais. Aí, sempre fico atenta para comprar. É caro, mas é maravilhoso e reúne três dos meus ingredientes preferidos. A Baguette d´Autrefois também é coringa e sua receita leva semente de girassol, aveia, gergelim e linhaça. É ótima para fazer sanduíche ou comer com sopa”, indica.
Pão é sinônimo de memória afetiva para a designer gráfica Claudia Schirmbeck, 25 anos. Na bancada da cozinha da fazenda, com vista para um vale verdinho, diante de janelões típicos, mãe e filha se reuniam para transformar farinha, ovo, azeite, leite, fermento, açúcar e sal em pão. “É uma memória muito divertida que tenho com a minha mãe, Claudi”, conta.
Cuca caseira, pão sovado, integral, versões recheadas. Fazia parte de sua rotina diária observar a mãe fazendo pão para o próprio consumo da família e também para dar à amigos ou vender em quiosques informais no interior do Goiás e da Bahia. “Na adolescência pedi a ela para me ensinar suas receitas e após sua morte, que não resistiu ao câncer em 2014, decidi resgatar a prática como uma maneira de manter viva essa nossa memória. O sabor dos pães que faço fica bem parecido com os que a minha mãe fazia… isso me deixa mais feliz também”, revela a jovem.
As típicas receitas alemãs da família estão registradas em um livro que Claudia guarda como recordação de Claudi. “Minha mãe era bem organizada na cozinha e me ensinou a valorizar o pão. Tanto que quando a rotina está corrida e não tenho muito tempo, apelo para a máquina de fazer pão. Dessa forma tenho pão caseiro e fresco toda semana”, explica.
Pão favorito: Pão integral caseiro. “Com a receita da minha mãe. Gosto de comer pão quentinho com mel ou manteiga. Passo o dia inteiro pensando na hora do lanche da tarde para me dar a liberdade de comer aquele pão com café, geléia caseira… é esse o horário que fazia pão com a minha mãe, então está na minha memória. Lembro da luz, do cheiro e da presença dela”.