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Cerimonialista brasiliense se especializa em casamentos homoafetivos

Entre as principais diferenças, Danilo Fortes Gravina destaca o protocolo da cerimônia, a presença dos amigos, a possível ausência da família e o impacto dos ritos tradicionais como o beijo do “sim”

atualizado

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Dri Castro
1 de 1 - Foto: Dri Castro

Com 4.854 casamentos homoafetivos realizados em 2014 no Brasil, uma média de 19 por dia, o mercado de festas e eventos tem cada vez mais voltado seus olhos para o segmento. Em Brasília, já é possível encontrar um serviço de cerimonial e consultoria pensado exclusivamente para atender esse público.

Brasiliense, ex-funcionário do Banco do Brasil e formado em Relações Públicas, Danilo Fortes Gravina é o nome por trás da For Same, a única empresa do Distrito Federal, com foco no público homoafetivo. Ele conta que o negócio surgiu após passar por uma experiência própria pra lá de negativa.

Durante o processo de organizar o próprio casamento com Eduardo Rabello Fortes Gravina, Danilo diz ter sido vítima de preconceito por parte de espaços de festas e buffets que não quiseram associar suas marcas e imagens com o público LGBT. “Escutei da boca dos profissionais que eles não tinham interesse em realizar minha união porque tinham medo da clientela evangélica tomar conhecimento e se afastar”, lembra.

No próprio dia do meu casamento passei pela experiência constrangedora de ter garçom e segurança olhando torto para mim e para meus convidados. Aquilo me deu muita raiva e desse problema que vivi surgiu a For Same. Não queria que meus amigos ou qualquer outra pessoa vivessem o preconceito pelo qual passei

Danilo Fortes Gravina

Essa história não faz tanto tempo. Os dois se casaram em Brasília há pouco mais de um ano.

Reprodução/CortesiaProtocolo diferenciado
Desde que lançou a empresa, o cerimonialista já atuou nas praças de Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro, além de ter casamentos agendados até 2018. “Me envolvo muito com esse conceito de celebrar o amor de maneira especial, não só porque é um casamento, mas porque é um sonho da vida das duas pessoas. Geralmente o que ocorre no casamento hétero é que aquela festa é um sonho da noiva e da mãe dela. Na relação homoafetiva é bem diferente. Os dois sonham juntos”, diz.

Danilo conta que é comum os noivos/as chegarem até ele cheios de dúvidas sobre o protocolo do dia D. “As duas noivas podem usar vestido? As duas noivas entram juntas ou separadas? Pode trocar alianças? Se tem a participação dos pais, como eles atuam? Ficam ou não no altar? Entram juntos ou não? É permitido fazer despedida de solteiro, chá de lingerie, chá-bar, chá de casa nova, jantar de noivado?… Tudo é uma grande dúvida, mas costumo dizer que é permitido fazer tudo, afinal de contas é o dia deles.”

iStockEle também confirma que prefere trabalhar com profissionais que vivem na pele a realidade de ser gay/lésbica. “Acredito que a experiência é totalmente diferente quando os serviços oferecidos para esse público são feitos por um gay ou uma lésbica. No meu entendimento e conhecimento pessoal, por mais que o hétero seja simpático a causa, ele nunca vai conseguir transmitir com a mesma carga de emoção que o gay/lésbica vive.

É quase a realização de um sonho pessoal através do outro. Existe toda uma sensação de vitória coletiva, porque a verdade é que é preciso ter muita coragem para tomar essa decisão, enfrentar a sociedade e mostrar para a família que o seu jeito de viver não é errado. E aí quando se encontra profissionais que são engajados nessa causa, é muito comovente”.

 

Reprodução/Cortesia

Gays X lésbicas
Com um portfólio que inclui propostas de valores que se iniciam na casa dos R$ 30 mil e podem facilmente alcançar a marca dos R$ 200 mil, Danilo diz que assim como no segmento hétero, a tendência do miniwedding é a grande aposta para o público homoafetivo. “A média de valores para um casamento homo também segue a mesma faixa de preço do equivalente hétero”, aponta.

Perguntado sobre peculiaridades de trabalhar com as duas realidades, gays e lésbicas, Danilo é sincero e não consegue evitar a comparação. “No casamento hétero tudo gira em torno da noiva e da mãe dela. Já na união lésbica, elas são muito mais sossegadas. Dificilmente se tornam bridezzilas. A festa gay é a mais detalhada. Eles geralmente chegam com mais informação e sabem exatamente o que querem. Também costuma ser mais sofisticado com divas e tudo o mais. Minha luta é entregar um serviço sem preconceito, olho torto ou julgamentos”, finaliza.

 

iStock

As principais diferenças
Danilo acredita que tratar o casamento homoafetivo como uma festa tradicional ou “como todas as outras” é algo bem difícil de fazer e, no mínimo, inapropriado. “Há várias diferenças e acho importante valorizar essas questões”, ressalta.

1. Família
Esta é uma das principais adaptações vistas no casamento homoafetivo. O especialista explica: “Diferentemente dos casamentos héteros que as famílias de ambas as famílias marcam presença constante, as uniões homo lidam com a ausência desse componente. Tem caso que só as mães participam e tem caso que os pais vão estar presentes na festa, mas não querem participar da cerimônia (ou seja, não vão entrar nem sentar próximos aos noivos)”, conta.

2. Amigos
Ele revela que a participação dos amigos também tem outro peso na união homoafetiva. “Grande parte dos amigos se envolve de maneira intensa e acaba ocupando o espaço que a família tem no casamento hetero. Inclusive com contribuição financeira. Eles se tornam verdadeiros anfitriões e vão muito além do posto de padrinhos”.

3. Alianças
Já a questão das alianças ganha contorno mais adulto. “A tradição nos casamentos heterossexuais é que as alianças são entregues por crianças. Nas cerimônias homoafetivas esse momento não costuma ter essa participação infantil. A maioria das vezes as joias são carregadas por amigas ou madrinhas”, esclarece.

4. Beijo
E o beijo do “sim”? “A questão do beijo é outro momento que merece muito tato”, dispara o especialista. “Muitas vezes a família pede para não ter beijo e há ainda casos em que há apenas abraços ou beijam-se as alianças. Há sempre uma polêmica envolvida. O fato de estar casando e poder beijar o parceiro no dia do casamento, depois de tanta luta para conseguir viver esse momento é um desejo que beira a euforia. Mas também já vi casais que entendem que o beijo é um símbolo que perde valor diante da grandiosidade de tudo que se vive no dia D e nem faz questão”.

 

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