Saiba quais são as consequências amargas de ingerir bebidas açucaradas
Ao Metrópoles, duas nutricionistas listaram as consequências do consumo desenfreado de bebidas açucaradas; confira
atualizado
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A preocupação com o consumo excessivo de bebidas açucaradas tem ganhado destaque em debates sobre saúde pública em todo o mundo. Estudos da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e da Organização Mundial da Saúde (OMS) alertam sobre os impactos nocivos desses produtos à saúde, principalmente devido ao alto teor de açúcar.
Segue para sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), uma medida que propõe a aplicação de tributo aos produtos considerados prejudiciais à saúde e ao meio-ambiente. Entre eles, estão as bebidas açucaradas. Criada pela reforma tributária, a regulamentação pretende desestimular o uso desses produtos.
Conforme informações divulgadas pela Opas em 2021, “um aumento de 25% no preço desses produtos resultante de impostos mais altos provavelmente levaria a uma redução de 34% em seu consumo”.
Consequências do consumo desenfreado
O Metrópoles conversou com duas nutricionistas que apontaram as consequências amargas do exagero no consumo de tais substâncias para o organismo. Confira!
Obesidade e doenças metabólicas
“Altamente calóricas devido aos níveis de açúcar, as bebidas açucaradas contribuem para o aumento do tecido adiposo, da gordura visceral e de doenças como diabetes e alteração do colesterol”, detalha Ingrid Albuquerque.
Os níveis altos de fósforo nos refrigerantes a base cola podem causar perda de cálcio nos ossos, contribuindo para a osteoporose. “O nível alto de açúcar pode contribuir para cáries e enfraquecemento do esmalte dos dentes, causando sensibilidade”, acrescenta.
Tanto os adoçantes artificiais, quanto o açúcar e os outros compostos químicos como corantes alteram o perfil da microbiota intestinal, contribuindo para o aumento de bactérias patogênicas.
“O corante caramelo (4-MEI), presente nos refrigerantes de cola, é classificado como potencialmente cancerígeno”, afirma Albuquerque.
Por conter cafeína e açúcar, essas bebidas podem causar certa dependência e sintomas de abstinência, como irritabilidade e fadiga.
Distúrbios digestivos
“Refrigerantes frequentemente contêm cafeína e ácido fosfórico, que podem causar desconforto gastrointestinal, refluxo ácido e outros problemas digestivos”, explica Cibele Santos Nakao.
Deficiências nutricionais
O consumo excessivo de refrigerantes pode levar à substituição de alimentos e bebidas mais saudáveis, resultando em uma dieta desequilibrada e, potencialmente, em deficiências nutricionais.
Aumento do risco de doenças crônicas
“Estudos indicam que o consumo frequente de refrigerantes está associado a um maior risco de doenças crônicas, como doenças cardíacas e hipertensão, devido ao aumento de peso e outros fatores relacionados ao açúcar”, conta Nakao.
Efeitos no humor e no comportamento
De acordo com as profissionais, pesquisas sugerem que uma dieta rica em açúcar pode estar associada a problemas de comportamento e saúde mental, como ansiedade e depressão.
Diminuição da hidratação
“Muitas pessoas substituem a água por refrigerantes, o que pode levar à desidratação, uma vez que essas bebidas não são tão eficazes na hidratação do corpo”, elucida Nakao.
“É importante moderar o consumo de refrigerantes e promover hábitos alimentares saudáveis, especialmente entre crianças e adolescentes. A educação sobre os riscos associados ao consumo excessivo de açúcar e a promoção de alternativas mais saudáveis, como água, sucos naturais e bebidas sem açúcar, pode ajudar a mitigar esses problemas de saúde”, conclui Nakao.
O que diz a ciência?
Para se ter uma ideia, em abril deste ano, cientistas dos Estados Unidos e da China realizaram uma grande revisão de pesquisas sobre açúcares adicionados em bebidas e descobriram que o consumo excessivo está ligado a 45 condições de saúde diferentes.
Segundo o levantamento, para cada produto do tipo consumido, há um risco 17% maior de doenças cardíacas (ataques cardíacos e derrames) e 4% maior de morte geral e gota, condição caracterizada pela elevação de ácido úrico no sangue. Entram no grupo de bebidas os sucos de caixinha, chás industrializados e energéticos.
Além disso, uma das maiores preocupações com o consumo dessas bebidas adocicadas, como os refrigerantes, é a presença do 4-Metilimidazol (4-MEI), composto que não é diretamente adicionado aos itens, porém, é formado na queima dos compostos durante a fabricação do caramelo IV, que é um corante artificial para tornar o produto mais atrativo. O 4-MEI tem sulfitos e amônia — o que, já se pode imaginar, representa um risco à saúde.
Recomendação da OMS
A recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é que, no máximo, 10% das calorias diárias sejam provenientes do consumo de açúcar, o que equivale a cerca de 50 gramas. De acordo com a agência internacional de promoção à saúde, o ideal é reduzir essa porcentagem para 5%, mais ou menos 25 gramas ou 5 colheres de chá de açúcar.
Para exemplificar, uma lata de refrigerante de 350 ml pode conter até 40 g de açúcar, o que equivale a mais da metade do limite diário recomendado pela OMS.