Reflexo: curta apresenta 1ª protagonista gorda em animação da Disney
O Metrópoles conversou com especialistas sobre a importância da representatividade na produção
atualizado
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A Disney acaba de apresentar a primeira protagonista gorda em animação de sua história. A personagem está à frente do curta Reflexo. A produção faz parte da segunda temporada da série experimental Pane Elétrica, que reúne ideias enviadas por artistas dos estúdios Disney.
Com direção da animadora Hillary Bradfield, Reflexo conta a história de uma bailarina chamada Bianca que “batalha com o próprio reflexo, supera dúvida e medo, canalizando sua força interior”. Em trailer, é possível ver a personagem dançando na aula de balé quando o espelho da sala de dança se quebra em minipedaços, simbolizando o jeito que ela vê a própria imagem.
O curta traz representatividade ao discutir temas importantes como autoestima, pressão estética e dismorfia corporal e promete causar um impacto positivo nas pessoas. Reflexo já está disponível no Disney+.
An all-new Short Circuit Experimental Film has arrived! Stream “Reflect” and all the Short Circuit Experimental Films by Walt Disney Animation Studios artists now on @DisneyPlus. 🩰 🎆 pic.twitter.com/c0gw5U4ecc
— Disney Animation (@DisneyAnimation) September 14, 2022
A representatividade importa
De acordo com a psicóloga clínica Bruna Capozzi, o assunto precisa ser falado e normalizado. “A cobrança por mais representatividade tem ultrapassado algumas esferas da vida social. Tem um movimento crescente trazendo essa questão da ausência e da invisibilidade de pessoas pretas, gordas, transsexuais, homossexuais e com deficiência”, declara ao Metrópoles.
Segundo ela, a população global sente falta de corpos fora do “padrão” na publicidade e no entretenimento. “Quando há representatividade, há onde se espelhar. Se não tem isso, as pessoas perderem a sensação de pertencimento”, explica. “É preciso incentivar os indivíduos a falarem sobre essa falta de representatividade, para que haja uma mudança na sociedade”, incrementa.
Sobre o filme, a nutricionista comportamental Larissa Cerqueira ainda diz: “A representatividade de um corpo gordo é fundamental. As crianças ainda em desenvolvimento precisam se reconhecer”.
Contudo, a expert ressalta que o intuito não é acomodar. “A partir do momento que um corpo é validado, ele não é cuidado. Se uma criança não ama o próprio corpo, como ela vai querer cuidar dele e ter hábitos saudáveis?”, questiona. “Um transtorno alimentar, muitas vezes, começa com um conflito com o próprio corpo”, esclarece.
Para finalizar, Cerqueira comenta que a obesidade vem com o estigma de que a pessoa não cuida do próprio corpo. “Isso é errado! O corpo gordo é uma característica e tem capacidade de ser saudável e ativo”, conclui.
Representatividade sem estigma
É importante, contudo, ressaltar que a indústria do entretenimento ainda trata a pauta de corpos diferentes de uma forma padrão: sempre com pautas girando em torno da estética. É preciso, também, fazer protagonistas gordos sem que haja a necessidade de discutir o corpo deles.