Polêmica no avião: como acalmar uma criança que está chorando no voo?
O portal conversou com dois psicólogos para saber como lidar com o nervosismo da criança durante uma viagem de avião; confira detalhes
atualizado
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O vídeo de uma passageira sendo filmada por se recusar a trocar de lugar com uma criança, que estava chorando durante o voo, viralizou na internet. A cena gerou polêmica, mas acabou rendendo apoio à passageira, que já acumula mais de 1,5 milhão de seguidores em suas redes sociais.
Embora pouco se tenha falado sobre a situação da criança e do por que do seu desconforto na aeronave, fica o questionamento: como proceder em situações como essa? Como os pais podem ajudar os filhos?
Nesses casos, é importante priorizar o bem-estar da criança. O primeiro passo é identificar as causas do nervosismo infantil, afirma a psicóloga Simone Cavalcante, graduanda em pedagogia.
“Um dos motivos frequentes é o ambiente desconhecido, além da quantidade de estímulos sensoriais e visuais que podem intensificar a ansiedade na criança. Isso começa pelo aeroporto, um ambiente com muitas pessoas e muito ruído sonoro. Para a criança pode ser desconfortável”, explica Simone ao Metrópoles.
Rodrigo Bravim, psicólogo clínico e esportivo, acrescenta: “Esse quadro pode ser entendido como uma resposta emocional que surge diante de pensamentos ligados ao desconhecido, que influenciam as emoções e os comportamentos das crianças. Os sintomas podem ser irritabilidade e choros.”
Dicas para contornar a situação
A psicóloga Simone Cavalcante listou algumas estratégias que podem ser utilizadas para acalmar uma criança nervosa durante uma viagem. Os pais devem, em primeiro lugar, acolher o pequeno para demonstrar segurança.
“Quando a criança começar a se acalmar, diminuindo o choro, vale tentar interagir com estímulos e brincadeiras que proporcionam a ela a sensação de segurança. Isso pode tirar o foco do que causa ansiedade e nervosismo.”
Em relação ao preparo antes da viagem, os pais podem interagir com a criança, até mesmo de forma lúdica, criando histórias sobre tudo que irá acontecer. “Criar brincadeiras durante esse processo facilita e deixa mais prazerosa a viagem”, elucida.
Empatia
Outro ponto muito importante nessas situações é validar os sentimentos das crianças, explica o psicólogo Rodrigo Bravim. Para isso, os responsáveis podem conversar com os pequenos para entender o que está acontecendo.
“Diga algo como: ‘Eu entendo que você está nervoso porque tudo aqui é novo’. Isso demonstra empatia e diminui o desconforto emocional”, sugere o expert.
Por fim, os pais devem envolver a criança no planejamento da viagem, ajudando eles a escolher um brinquedo para levar ou decidir atividades no destino. Isso cria um senso de controle e pertencimento, reduzindo a ansiedade.
“Preparar a criança para a viagem não é apenas uma questão logística, mas uma oportunidade de ajudá-la a construir resiliência e desenvolver habilidades de enfrentamento que serão úteis ao longo da vida”, explica o profissional.
É obrigatório ceder o lugar no avião?
Lidar com crianças em momentos de estresse e ansiedade não é tarefa fácil e requer atenção dos pais e responsáveis. Mas, no caso em questão, a passageira que se recusou a trocar de lugar estava errada?
Solange de Campos Césarm, advogada especialista em direito civil, aponta que os direitos dos passageiros em viagens aéreas no Brasil são regulamentados por uma série de normas e resoluções que visam garantir segurança, conforto e respeito aos consumidores.
“Via de regra, quando um passageiro compra um bilhete de avião, ele adquire o direito ao assento específico designado no bilhete. Não há obrigação de trocar de lugar, a menos que o passageiro deseje fazê-lo, por mera liberalidade ou empatia”, salienta.
Além disso, a troca de assentos durante o voo geralmente depende da política da companhia aérea e da disponibilidade. “Se os passageiros tiverem necessidades específicas ou preocupações, é recomendável entrar em contato diretamente com a companhia aérea antes do voo para discutir as opções disponíveis”, explica Solange.