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Pesquisadores apontam que dietas podem ajudar pacientes com autismo

Cortar alimentos com glúten e caseína se mostrou eficaz em casos de pessoas com autismo, mas o método não é amplamente aceito

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1 de 1 menino - Foto: iStock

As causas do transtorno do espectro autista ainda são incertas. O que se tem certeza é que meninos são quatro vezes mais prováveis de serem portadores de autismo e que o histórico familiar, pelo menos em parte, influencia na manifestação do transtorno. Os sinais ficam mais visíveis a partir do segundo ou terceiro ano de vida e há diferentes níveis.

Uma teoria que está caminhando para a comprovação é que dietas especiais podem ajudar e até suavizar os sintomas. Em 2012, uma pesquisa da renomada Universidade de Columbia nos Estados Unidos revelou que as bactérias no intestino de crianças portadoras de autismo eram diferentes. O estudo partiu da observação que alguns pacientes com o transtorno reclamam do seu funcionamento gastrointestinal.

Meses depois, a área médica da Universidade Penn State afirmou que pais e responsáveis notaram redução de sintomas de autismo e melhora do funcionamento gastrointestinal das crianças que faziam dietas especiais. “O sistema imunológico e o cérebro têm conexões fortes. A maioria dos receptores de dor estão no intestino e, ao aderir a uma dieta sem glúten e caseína, você reduz a inflamação e o desconforto que podem estar alterando o processamento do cérebro”, disse Lauren Cousino Klein, uma das pesquisadoras do relatório.

O centro de nutrição Nutrício especializa seus profissionais para tratar pacientes com autismo. “A dieta é totalmente personalizada. Avaliamos a condição geral da pessoa e olhamos rotina, gostos, preferências e condição econômica para adquirir os alimentos”, explica Mariana Braga, nutricionista da clínica.

Ela também diz que a dieta não precisa ser implementada de uma vez. “Não existe necessidade de fazer aquela dieta perfeita. Às vezes, tiramos primeiro o que é mais alergênico, depois, excluímos mais itens até chegar na dieta ideal, na terceira ou quarta consulta”, afirma. Segundo a nutricionista, isso varia de acordo com a adesão da família.

A especialista conta que elimina primeiro os alimentos aditivos, como corantes e conservantes. Em seguida, é prescrita uma dieta sem glúten — presente no trigo, na cevada e no centeio — e sem caseína — encontrada no leite de origem animal, como de vacas e cabras.

Segundo Mariana, as duas proteínas são retiradas da dieta porque é como se o organismo não conseguisse metabolizar essas substâncias e, por isso, elas chegam intactas ao sistema nervoso. A nutricionista ressalta que elas são difíceis de serem quebradas. Além disso, o glúten é inflamatório, o que causa hiperpermeabilidade intestinal e faz com que o organismo fique mais vulnerável. 

Controvérsia
Apesar das pesquisas da Columbia e da Penn State, as dietas para autismo precisam de mais comprovação. No começo do ano, um artigo científico publicado no Pediatrics apontou que as evidências não eram conclusivas o suficiente para confirmar que a dieta sem glúten e sem caseína beneficia pessoas portadoras de autismo.

A nutricionista Mariana Braga fala que a dieta específica para autismo, assim como outros métodos, não é eficaz em todos os casos. “Existe quem não responda bem ao tratamento alimentar, não é sempre que ele funciona. Às vezes a pessoa responde melhor a outras terapias”, aponta a especialista.

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