Maíra e o “estupro alimentar”: por que a nutrição não aceita desaforo
Discursos que incentivam restrições e desequilíbrios sobre a alimentação devem ser, no mínimo, banidos
atualizado
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Desde que teve início o BBB22, muitas polêmicas envolvendo alimentação foram levantadas pela personalidade da mídia Maíra Cardi, famosa pelo relacionamento conturbado com um dos confinados da casa, Arthur Aguiar. Essas afirmações, por muitas vezes, vem gerando repercussão nas redes sociais.
Recentemente, a coach fitness voltou a causar polêmica ao criticar hábitos alimentares de quem não segue uma dieta restrita.
A influenciadora criticou pessoas que “sabotam” a dieta de familiares e chamou de “estupro alimentar” a oferta de comidas calóricas.
Hoje, discursos que incentivam restrições e desequilíbrios sobre a alimentação devem ser, no mínimo, banidos, mais ainda quando não partem de um profissional capacitado.
Ao longo do reality, Maíra não perdeu a chance de criticar as escolhas do marido, e o rebuliço piorou quando ele “ousou” comer um pão francês. Por mais descontraído que isso possa soar, essa conduta soa como uma afronta para os profissionais de nutrição — verdadeiramente comprometidos com a saúde alimentar da população.
Enquanto os profissionais militam contra os desequilíbrios alimentares, figuras públicas incentivam e apoiam o público a entrar em radicalismos do momento, afastando esses indivíduos do contexto de saúde. Os profissionais têm se empenhado bastante para desconstruir o temor das pessoas quando o assunto é dieta, já que essa abordagem é um fator que soa muito mais como um desencadeador de “paranóias” e não de possibilidades de uma rotina mais equilibrada.
Diante desse fato, é nossa responsabilidade apurar o senso crítico e não cair nessa “malha de desinformação”. Alimentação não aceita desaforo. Em um planeta onde as pessoas passam fome, o alimento e o direito alimentar merecem, sim, respeito. Mais que isso: todo tipo de alimento pode e deve fazer parte da rotina.
Por fim, esse tipo de sentença ou crença nos leva não só a refletir, mas ponderar sobre quem nos influencia. É válido lembrar, sempre, que não existe alimento bom ou ruim. Tudo se resume ao contexto. O pão, para um indivíduo saudável, além de ser um alimento acessível, não contém o rombo calórico que muitos pensam.
Não permita que a desinformação gere um mal-estar na sua relação com a comida. Em um mundo onde a informação transita na velocidade da luz, é necessário refletir antes de publicar ou compartilhar informações, principalmente quando elas surgem de redes sociais, em que circulam notícias sem comprovação científica.
(*) Thaiz Brito é nutricionista pós-graduanda em Nutrição Esportiva Clínica