metropoles.com

Low carb: um guia definitivo da dieta preferida dos brasileiros

Reunimos as dúvidas mais frequentes sobre o método de emagrecimento extremamente popular, mas que nem todo mundo executa com sucesso

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Unplash
balança dieta
1 de 1 balança dieta - Foto: Unplash

Poucas fórmulas de emagrecimento são tão comentadas quanto a low carb. A dieta – ou, para alguns, um lifestyle – propõe uma drástica redução na ingestão diária de carboidratos e faz um estrondoso sucesso, sobretudo em terras tupiniquins. Ao menos é o que sugere o histórico de navegação no Google. O Brasil é o segundo país que mais procura resultados associados ao termo no site de busca, atrás apenas da Alemanha. De um ano para cá, houve um aumento de mais de 3.800% no interesse por essa forma de alimentação. 

No Distrito Federal, 7º da federação no ranking de interessados em low carb, as pesquisas aumentam consideravelmente no verão. A quantidade de resultados retornados acompanha a demanda. Mas, com tantas informações (muitas vezes controversas), há quem se pergunte: estou fazendo do jeito certo?

Se questionamentos como esse já passaram pela sua cabeça, essa matéria é para você. O Metrópoles conversou com especialistas em nutrição e esclarece as dúvidas mais comuns sobre a dieta, sem termos difíceis de entender. 

Aos detalhes!

Como funciona (e se funciona)

A dieta é baseada na redução do consumo de carboidratos simples na alimentação, como arroz branco, macarrão e pão. Para compensar, deve-se aumentar a ingestão de proteínas, como carnes e ovos, e de gorduras boas, presentes em alimentos como abacate, castanhas, azeite e peixes (sardinha e salmão, por exemplo, são ótimas opções). 

Como o nosso corpo é projetado para queimar primeiro os carboidratos, a ideia é induzi-lo a uma adaptação, para que “gire a chavinha” e utilize a gordura como principal fonte de energia, eliminando-a mais facilmente.

Se a dieta balancear, adequadamente, o consumo de proteínas e gorduras, a tendência é que fome também diminua. Isso ocorre devido à constância com a qual a insulina (hormônio anabólico que é a principal causa do ganho de tecido adiposo) irá se manter. O que a eleva são os carboidratos provenientes de grãos e refinados. Assim, o emagrecimento ocorre naturalmente.

6 imagens
Frutos do mar são indicados, mas é preciso dar preferência a peixes brancos
Todos os tipos de cogumelos são indicados para a dieta
O café espresso é um dos mais pedidos nas cafeterias
Assim como laticínios, preferencialmente com pouca gordura
Castanhas fornecem gordura boa e devem ser incluídas no cardápio de quem pratica low carb
1 de 6

A low carb propõe redução do consumo de carboidratos, como arroz branco, macarrão e pão. Para compensar a redução, deve-se aumentar a ingestão de proteínas como carnes, ovos e gorduras boas

Getty Images
2 de 6

Frutos do mar são indicados, mas é preciso dar preferência a peixes brancos

Getty Images
3 de 6

Todos os tipos de cogumelos são indicados para a dieta

Getty Images
4 de 6

O café espresso é um dos mais pedidos nas cafeterias

Getty Images
5 de 6

Assim como laticínios, preferencialmente com pouca gordura

Getty Images
6 de 6

Castanhas fornecem gordura boa e devem ser incluídas no cardápio de quem pratica low carb

Getty Images
Erros mais frequentes

Segundo a nutricionista Beatriz Rodrigues, reduzir o consumo de carboidratos não é suficiente para colher os benefícios metabólicos do regime. Algumas atitudes podem levar a efeitos colaterais e resultados abaixo do ideal.

“Um dos erros mais frequentes é incluir alimentos pobres em nutrientes, na maioria das vezes industrializados, como fontes de substituição do carboidrato”, pontua.

Um dos vilões da substituição é a gordura. Muita gente vacila e faz a troca confundindo a low carb com a dieta cetogênica. “Não adianta diminuir a ingestão de carboidrato e preencher o corpo de gorduras pesadas, como bacon e calabresa. Além de atrapalhar o emagrecimento, quando consumidos em excesso, elas podem sobrecarregar os rins e se acumular no fígado, causando uma patologia conhecida como esteatose hepática”, diz a profissional.

Getty Images
O Brasil é o segundo país que mais busca o resultado low carb no Google. No DF, a procura pelo termo sobe no verão
Reduzir ou cortar?

Não há consenso sobre o percentual de carboidrato que deve ser mantido na dieta, mas a maioria dos especialistas concorda que não é necessário – ou possível – eliminar o nutriente da alimentação.

Em geral, fala-se em um consumo de 20 a 40% do nutriente em relação às calorias ingeridas em um dia, ou 50 a 100 gramas. Em dietas tradicionais, suas fontes devem representar de 55 a 65% das calorias diárias.

Uma dos motivos para não radicalizar é o “rebote”, mecanismo que faz o organismo se ressentir da falta e provocar ataques compulsivos que fazem a pessoa comer mais nas próximas na primeira oportunidade. Outro, bem comum, é o velho conhecido “efeito sanfona”.

Também é possível desenvolver efeitos colaterais capazes de fazer qualquer um desistir, como perda de produtividade, tontura e dor de cabeça.

Exercícios físicos

É preciso ser estratégico para combinar uma rotina de exercícios com a privação de carboidratos. Segundo o nutricionista e especialista em gestão de saúde Clayton Camargos, o ideal é focar em exercícios tensionais ou que visem o crescimento muscular.

“Pesquisas demonstram que exercícios aeróbios associados a protocolos low carb tem três vezes mais chances de comprometimento da massa magra do que essas outras atividades”, orienta.

De acordo com o profissional, isso ocorre porque a restrição de oferta calórica conciliada à atividade aeróbia produz uma equação de entrada e saída que não fecha.

“Isso coloca a massa magra no alvo da derivação de energia do treino. A gordura será a última fonte que o corpo vai disponibilizar como alternativa energética, sobretudo, em condições de estresse, pois trata-se de um tecido nobre e que é responsável, por exemplo, pela produção hormonal e regulação da temperatura corporal”, acrescentou Camargos.

Há prazo para a dieta?

Beatriz Rodrigues não recomenda que restrições severas de nutrientes sejam mantidas por muito tempo. Ela aconselha retornos periódicos ao nutricionista. Neles, o profissional fará uma espécie de supervisão de como o corpo responde ao método.

Quase sempre são necessários ajustes no percentual de ingestão de carbo, que devem ser feitos a cada 40 dias. “É um recurso de curto prazo, não deve ser encarado como um estilo de vida.”

Camargos concorda e salienta que a comunidade científica não conseguiu vislumbrar efeitos da dieta a longo prazo: “Tanto faz investir no protocolo low carb ou em uma dieta baseada na redução de gorduras e calorias. Estudos mostram que só é possível garantir a segurança do método por seis meses, já que a maioria das experiências é de curto prazo. No fim das contas, o melhor padrão alimentar o que pode  ser seguido à longo prazo, orgânico, e que se torne um estilo de vida para o paciente.”

Indicações e contraindicações

A Associação Brasileira de Low Carb defende a adoção do método sobretudo para diabéticos, resistentes à insulina severa. “Ela reduz a quantidade de açúcar no organismo”, comenta Clayton Camargos.

Recentemente, a Associação Americana de Diabetes também deu seu parecer  a favor da dieta e passou a debater abertamente sobre o que acredita ser uma estratégia nutricional bastante adequada para o tratamento da doença.  E afirmou, inclusive, que essa é a estratégia mais eficaz entre as analisadas para controlar a quantidade de glicose no sangue.

Beatriz elenca situações, no entanto, em que o regime pode ser perigoso.

“Não sugerimos esse método para pessoas com tendências ou histórico de ansiedade alimentar, problemas renais, hipoglicemia e enxaqueca. Outro grupo que deixamos de fora são os atletas de alto rendimento, que podem perder desempenho e performance.”

Dezenas de pesquisas, de nacionalidades diferentes, também já comprovaram efeitos nocivos em dietas pobres em carboidrato.

Já se chegou a conclusão, por exemplo, que elas aumentam os riscos de causas individuais de morte, incluindo doenças coronárias, acidente vascular cerebral e câncer.

“Também há estudos que demonstram a perda de massa muscular e, a longo prazo, demência”, acrescenta Beatriz.

Afinal, o que eu posso comer sem medo de ser feliz?

Camargos responde: “Devemos substituir carboidratos simples, refinados, de alto índice glicêmico por versões mais saudáveis, como arroz e massas integrais, grãos, cereais e frutas com casca, que são mais ricos em fibras insolúveis cuja regulação do padrão glicêmico se torna mais fácil”, ensina. “Já leguminosas como grão-de-bico e lentilha devem ser consumidos com moderação”, aconselha.

Ele sugere uma lista para quem quer começar:

  • Café e chás sem açúcar
  • Água ou água com gás com limão
  • Derivados do leite, como iogurte natural, ricota e cottage
  • Azeite de oliva extravirgem
  • Carnes magras e frutos do mar, preferencialmente peixes brancos
  • Cogumelos de todos os tipos
  • Ovos
  • Tubérculos, como batata-doce com casca e inhame
  • Frutas com baixo índice glicêmico, caso do abacate, coco, morango e damasco
  • Folhosos (alface, espinafre, rúcula, repolho, agrião, couve, dentre outras)
  • Oleaginosas, a exemplo castanha do Brasil, de baru, de caju, amêndoas, nozes, macadâmia e pistache

Vegetarianos e veganos podem fazer low carb?

É normal que muitas pessoas pensem que vegetarianos e veganos não podem ou não conseguem seguir essa dieta. Mas o senso comum de que a única substituição possível ao carboidrato advêm de origem animal está equivocado.

“Existe uma grande variedade de vegetais que podem oferecer proteínas. Legumes e folhas, por exemplo, são muito pobres em carboidrato, mas ricos em fibras”, explica a endocrinologista Maria Luiza Borges.

Muito mais do que cortar carboidratos, a low carb desestimula o consumo de industrializados e ultraprocessados, ricos em açúcares, farináceos e o excesso de amido.

“Quando composta de alimentos naturais, uma dieta vegana ou vegetariana já é low carb. Inclusive, pessoas que não comem carne ou produtos de origem animal podem emagrecer duas vezes mais em um mês”, conclui.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comVida & Estilo

Você quer ficar por dentro das notícias de vida & estilo e receber notificações em tempo real?