Entenda a diferença entre as dietas low carb e qual mais se adapta a você
Famosa no país, dieta tem variações que precisam ser levadas em consideração por quem quer emagrecer ou seguir um estilo de vida saudável
atualizado
Compartilhar notícia
Arroz, feijão, bife acebolado e batata frita. Um dos mais conhecidos pratos brasileiros tem, aos poucos, sido substituído por opções um tanto quanto diferentes, como “macarrão” de abobrinha, omelete de ervas ou “arroz” de couve-flor. Em comum, essas receitas têm baixa ou nenhuma quantidade de carboidrato, seguindo o conhecido protocolo low carb.
As pesquisas por combinações que sigam esses preceitos mais que dobraram no último ano, segundo dados do Google Trends. No entanto, há várias dietas que usam dessa estratégia, embora muitas pessoas generalizem o termo.
Iomara Isidorio Cavalcante, nutricionista do Hospital Albert Sabin, de São Paulo, explica que, em geral, o que muda é a quantidade de carboidrato permitida diariamente. “A low carb consiste em uma ‘dieta’ restrita em carboidratos e rica em proteínas. Ela promove cetose, oxidação lipídica, saciedade e aumento do gasto energético. Esses fatores ocasionam o balanço energético negativo e, consequentemente, a perda de peso”, elucida.
“Em uma alimentação regular, homens e mulheres tendem a consumir cerca de 50% das calorias em forma de carboidratos”, ensina Iomara. Quem é do time low carb, entretanto, costuma comer entre 26% a 45% de “carbo”.
Veja, abaixo, três exemplos de dieta que usam o protocolo low carb:
Dieta Atkins
Criada nos anos 1970, ganhou fama e foi chamada de “dieta da proteína” por dar mais valor a esse tipo de nutriente. Para o idealizador, o cardiologista norte-americano Robert Atkins, seria a melhor maneira de promover uma perda de peso rápida e sem “passar fome”.
Entre os preceitos, está o de consumir menos de 25% de carbo em cada prato, assim como a gordura, que também deve ser reduzida drasticamente.
Dieta Keto (ou cetogênica, em português)
Começou ser utilizada em 1920 como tratamento para a epilepsia e, a partir da década de 1960, passa a ser utilizada como estratégia de emagrecimento. Há fortes evidências de que é eficiente tratamento do diabetes mellitus e doenças cardiovasculares. A base da dieta cetogênica é retirar do corpo as fontes de carboidrato, forçando-o a utilizar o estoque do tecido adiposo como recurso energético, maximizando a perda de peso.
Na dieta cetogênica clássica, originalmente usada no tratamento de distúrbios convulsivos, apenas 5% a 10% da energia do corpo vem do carboidrato, 5% a 15% de proteína e 80% a 90% de gordura.
Dieta sirtfood
Criada em 2016 por dois nutricionistas ingleses, ganhou fama por incluir vinho tinto e chocolate amargo (e “secar” a cantora Adele, que surpreendeu em aparição 25kg mais magra). O emagrecimento ficaria por conta dos alimentos ricos em polifenóis, substâncias que ativam as enzimas sirtuínas no organismo. Estas enzimas têm ação antioxidante e anti-inflamatória que previnem o envelhecimento precoce das células.
Segundo os autores, é comprovada a perda de 7kg em sete dias. Eles afirmam que as sirtfoods são um grupo de nutrientes que ativam a queima de gordura, ao mesmo tempo que programam nossas células para saúde e longevidade.
Riscos
Embora extremamente popular, o protocolo low carb não deve ser feito por crianças, adolescentes, gestantes e idosos. Atletas e quem visa melhorar performance em modalidades como a corrida e bicicleta também devem evitar.
“Nessa prática esportiva, a depleção de glicogênio muscular hepático pode resultar em fadiga. Para retardar esta ocorrência, é importante a ingestão de carboidratos antes, durante e após o exercício”, acrescenta Iomara Isidorio Cavalcante.
Modismo
Para a nutricionista esportiva especializada em obesidade e emagrecimento Isabella Reis, mestre e doutoranda em envelhecimento, as dietas low carb, em geral, até podem apresentar resultados estéticos que agradem. No entanto, trazem desvantagens se praticadas por longo período ou por quem não tenha se submetido a uma avaliação nutricional.
“Há alguns estudos que mostram que a dieta low carb, principalmente a que chamamos de cetogênica, não é benéfica a obesos, que normalmente tiram o carboidrato, e colocam uma gordura que, muitas vezes, não é aconselhada. Então, esse indivíduo acaba tendo o seu problema aumentado. Há neurônios e células relacionadas à questão da saciedade, e eles acabam morrendo quando você consome muita gordura saturada”, pondera.
A especialista acha arriscado investir em modismos sem, antes, levar em consideração aspectos que vão da cultura brasileira a individualidade de quem se submete ao “jejum” de carboidratos, macronutrientes necessários para dar energia. “A informação que chega hoje é que o carboidrato faz mal, a ponto de deixar uma pessoa obesa. E não é dessa forma, uma vez que sabemos que de 45 a 65% do que consumimos no nosso dia tem como base essa substância”, diz.
O segredo é investir em opções mais saudáveis e naturais, e comê-las, como pregam os gurus da alimentação saudável, em sua forma integral.
Para muitas pessoas, a melhor dieta low carb é nenhuma. “Não é um protocolo que serve a qualquer indivíduo”, encerra Isabella. Na dúvida, procure sempre a orientação de um profissional.