Entenda a alimentação vegana e saiba mitos e verdades da prática

Muita gente não sabe, mas o veganismo vai além de cortar derivados de animais da dieta. É uma filosofia e um modo de vida que exclui o consumo de qualquer produto cuja origem seja a exploração e a crueldade contra os bichos, como roupas e sapatos de couro, remédios e cosméticos, entre outros.

Na alimentação, a dieta vegana exclui o consumo de qualquer nutriente de origem animal, incluindo ovos, leite e seus derivados, e o mel. Engana-se quem pensa que a prática é sinônimo de passar fome ou se restringir apenas a saladas.

O consumo consciente e a busca por alimentos orgânicos têm crescido bastante. Um levantamento realizado pela Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB), por meio do Google Trends, revelou que, entre 2011 e 2015, o volume de buscas pelo termo “vegano” cresceu 700% no país.

Mesmo com o tema em alta, muitas pessoas ainda têm dúvidas sobre o impacto e os benefícios na saúde ao praticar a dieta vegana. Cyntia Maureen, nutricionista e consultora da Superbom, empresa especializada em produtos saudáveis, esclarece alguns mitos e verdades sobre deixar de consumir alimentos de origem animal.

“Poder vegano”

>> Veganos podem sofrer com a falta de vitamina B12.
VERDADE: Os alimentos vegetais podem não ser suficientes para suprir a quantidade necessária da vitmina B12, presente apenas na proteína animal, leite, queijos e ovos. Portanto, quem opta por essa prática alimentar deve acompanhar, constantemente, os níveis de ferro e de B12 no organismo.

“Caso percebam alguma mudança, os adeptos da dieta vegana devem buscar orientação médica para que seja ministrada uma correta suplementação. Esta só deve ser tomada quando houver comprovação clínica da sua necessidade”, orienta Cyntia. Porém, ela explica: “a falta de B12 não é uma deficiência apenas para os adeptos do veganismo. Os consumidores de todos os tipos de alimentos, se não equilibram suas refeições, também podem ter um déficit desta vitamina”.

>> A dieta dos veganos não é ideal para praticantes de atividades físicas.
MITO: Apesar de as diversas atividades físicas implicarem em diferentes necessidades nutricionais, de um modo geral, os esportistas devem basear a alimentação numa dieta equilibrada e saudável, assim como os veganos. “Tudo se resume a um bom balanço entre carboidratos, proteínas e gorduras, componentes necessários para compensar o elevado gasto de energia”, afirma a especialista.

A nutricionista ressalta que, atualmente, existem diversas opções de alimentos para suprir as necessidades de veganos praticantes de atividades físicas, desde carnes feitas à base de soja até suplementos de proteínas vegetais. “A indústria tem explorado com afinco a nova tendência e vem apresentando novidades voltadas para esse público. Além disso, existem múltiplos exemplos de atletas de alta performance seguidores da dieta vegana. Ou seja, o veganismo e a prática de esportes combinam”.

>> A alimentação vegana pode salvar milhões de vidas humanas.
VERDADE: Pesquisa publicada em março de 2016, no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences, revelou que, se todas as pessoas adotassem o veganismo, 8,1 milhões de vidas seriam salvas até 2050. De acordo com os pesquisadores da Universidade de Oxford, na Inglaterra, o número está relacionado com a menor incidência de doenças como diabetes, obesidade, problemas cardíacos e câncer, comumente ligadas a dietas com alimentos de origem animal.

“É claro que sou vegana”

>> Adeptos da dieta vegana sofrem com carência de cálcio.
MITO: De fato, o leite da vaca é uma importante fonte de cálcio, mas não é a única e nem a melhor delas, conforme explica Cyntia. “No mercado, há várias opções de leites vegetais fortificados com teor de cálcio idêntico ao leite de vaca. A couve manteiga, em especial, possui altos níveis do elemento e é excelente para a manutenção óssea.

O leite de vaca tem um fator negativo para a saúde, pois aumenta a acidez sanguínea necessitando de cálcio, na sua forma ativa, para fazer o equilíbrio. Como ele só está presente nos ossos e dentes, sua utilização pode resultar em osteoporose. Gergelim, couve, rúcula, agrião, mostarda, escarola e brócolis também são excelentes fontes do elemento”.

>> A alimentação vegana pode contribuir para o emagrecimento.
VERDADE: Os adeptos da dieta vegana não consomem gordura saturada encontrada em produtos de origem animal. De acordo com a nutricionista, cada grama de gordura equivale a nove calorias, assim, ocorre uma redução significativa no consumo final diário. “Por conter variedade de vegetais e produtos integrais, a alimentação dos veganos costuma ser rica em fibras, resultando no consumo de porções menores e no aumento da sensação de saciedade, contribuindo para o emagrecimento e, também, para o bom funcionamento do intestino”.

“Coma seus vegetais”

>> Crianças não devem adotar a alimentação vegana.
MITO: Não há nenhuma contraindicação em relação ao fato de a criança deixar de ingerir alimentos de origem animal. Pelo contrário, sendo bem equilibrada, essa dieta pode contribuir para a saúde e para o aumento da imunidade. “Minha orientação é a supervisão de um especialista caso o hábito seja adotado. Devido ao fato de estarem em fase de crescimento, os pequenos possuem uma necessidade maior de nutrientes em comparação com os adultos”, conclui Cyntia.

>> É prejudicial ao organismo consumir grandes quantidades de soja.
VERDADE: Nada em excesso faz bem. É necessário manter um equilíbrio com os demais alimentos consumidos, como folhas, sementes e frutas. Até um certo ponto, é, sim, permitido consumir soja em grandes quantidades, mas com cuidados médicos para cada caso.

“É alimentação saudável. Não é dieta”

>> Quem se torna adepto da dieta vegana nunca fica doente.
MITO: Quem leva um estilo de vida vegano não está imune a enfermidades. Porém, estudos indicam que pessoas sem predisposições a doenças e adeptas de dietas veganas tendem a adoecer com menos frequência devido ao tipo de alimentação mais saudável e equilibrada.