Dieta low carb, rica em gordura saturada, é vilã? Estudo responde
Descubra se esse tipo de dieta faz bem para o organismo e se vale a pena investir nesse modelo alimentar
atualizado
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Existem diversos formatos de dietas low carb e o que é permitido (ou não) varia entre elas, assim como a quantidade de carboidratos. O que costumamos esperar desse perfil alimentar é a ausência de pão, macarrão e derivados de amido. Em vez deles, surgem pratos recheados com bacon, carne, ovos, queijos e, talvez, a presença de alguns vegetais e castanhas.
Quando se opta pelo modelo low carb, a grande preocupação médica seria em relação ao aumento na ingestão das gorduras saturadas, diante dos riscos de doenças cardiovasculares. Um estudo recente, publicado no Jornal Americano de Nutrição Clínica, trouxe novidades surpreendentes a respeito disso.
Segundo o documento, uma dieta pobre em carboidratos e rica em gordura saturada pode não ser tão ruim quanto esperávamos. Não que seja tão simples assim, mas os resultados observados em 164 participantes com sobrepeso ou obesidade mostrou que, dentre três grupos com diferentes perfis de dieta, o que teve baixa ingestão de carboidratos com maior ingestão de gordura saturada não apresentou pioras nos marcadores sanguíneos para doenças cardiovasculares.
Os valores de colesterol “bom” e “ruim” também não apresentaram diferenças dos marcadores dos demais grupos analisados. Surpreendentemente, o grupo que ingeriu maior teor de gordura saturada também foi o que apresentou melhores índices de escore de risco cardiovascular e mais outros dois marcadores da doença.
Para chegar a esse resultado, os três grupos tinham a mesma quantidade de proteínas, mas diferenças, como:
1. Baixa em carboidratos, rica em gordura saturada;
2. Carboidratos e gordura saturada moderados;
3. Rica em carboidratos e baixa em gordura saturada.
Os participantes receberam as refeições prontas durante 20 semanas e tiveram amostras de sangue colhidas todos os dias, a fim de avaliar marcadores de riscos cardiovasculares
E agora?
Os resultados parecem sugerir que o consumo de gorduras não é tão preocupante, mas com cautela. As fontes de gordura administradas não incluíam um exagero de bifes e bacon, muito menos refrigerantes.
Todos os três modelos dietéticos tinham bastante vegetais e poucos alimentos processados e industrializados. Além disso, as refeições foram entregues prontas e já elaboradas, o que facilita o cumprimento da meta.
Embora a dieta tivesse gordura saturada, também era abundante em gordura monoinsaturadas, conhecida como a gordura boa. As carnes oferecidas eram uma combinação de quantidades e tipos saudáveis, caso do salmão, por exemplo.
Outro ponto importante era de que havia um maior teor de fibras do que a média ingerida pelos indivíduos americanos. No geral, exceto pela maior quantidade de gordura saturada, a dieta tinha um contexto saudável.
Na conclusão do estudo, constatou-se que uma maior ingestão de gordura em indivíduos jovens (com idade média de 45 anos) em um contexto alimentar saudável não parece afetar a saúde e marcadores de risco cardiovascular.
A curto prazo, ainda não se sabe como isso afetaria o surgimento de algumas doenças, mas há amplas evidências que uma dieta rica em alimentos saudáveis e com quantidades moderadas de carboidratos e gorduras pode diminuir o risco de muitas delas.
(*) Thaiz Brito é nutricionista pós-graduanda em Nutrição Esportiva Clínica