Dieta carnívora realmente ajuda a emagrecer? Especialistas esclarecem
Consumo exclusivo de carnes e outros derivados de animais popularizou após relatos de emagrecimento. Experts apontam perigos da dieta
atualizado
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Nos últimos anos, a adesão a dietas low carb tem aumentado entre pessoas que desejam perder peso. Além dos métodos tradicionais, como a cetogênica e a Atkins, a dieta carnívora tem se popularizado por apresentar mudanças significativas na saúde física e mental de seus adeptos, como emagrecimento e melhora no humor.
O modelo alimentar consiste na ingestão majoritária de produtos de origem animal, eliminando cereais, vegetais, comidas processadas e açúcares. Algumas pessoas incluem laticínios, mel e frutas, enquanto outras seguem rigorosamente a alimentação baseada em carnes, sal e água.
No entanto, nutricionistas e médicos especialistas mostram preocupação com o método, que pode aumentar o colesterol e colocar a saúde cardíaca em risco. Além disso, afirmam que a privação de nutrientes provenientes de plantas, como fibras e polifenóis, pode aumentar a chance de doenças graves a longo prazo, como o câncer.
Uma explicação possível para a melhora no estado de saúde dos adeptos à dieta carnívora é a restrição de outros alimentos. Ao site Insider, a nutricionista psiquiátrica Georgia Ede afirmou que, como a dieta carnívora corta a ingestão de carboidratos, ela não resulta em picos de açúcar no sangue. Isso pode balancear os componentes químicos cerebrais que regulam as funções cognitivas e emocionais, trazendo melhora no humor.
A nutricionista Amy Berger ressalta a importância das carnes: “É um alimento rico em nutrientes que tem alimentado as pessoas por milênios”, afirma, sobre o alimento que tem sido deixado de lado por uma parcela importante da população.
Carne crua
O maratonista estadunidense Jake Thomas é um dos adeptos da dieta carnívora. Ele a testou por 30 dias, em 2020, e informou que passou a dormir melhor, a ter mais energia e a se sentir menos cansado depois de se exercitar. Um dia típico na alimentação do atleta inclui 500 gramas de filé de costela, quatro ovos crus, coxa de frango, bacon e fígado de boi.
Ele também ingere, às vezes, bife e bacon crus. “É como ter uma experiência divina”, emendou, também ao Insider.
Embora o maratonista alegue que comer carne crua o conecta com seu alimento, cozinhar a carne é de extrema importância para a prevenção de doenças e infecções parasitárias.
Controvérsias
Uma das maiores ressalvas para dietas carnívoras é de que as informações atuais vêm de experiências pessoais. Ainda não há testes clínicos que apontem como a dieta carnívora pode ajudar ou prejudicar a saúde. No entanto, especialistas em nutrição e cardiologia afirmam que dietas ricas em gordura animal e pobres em nutrientes vegetais podem causar danos à saúde do coração a longo prazo, aumentando os riscos de doenças cardíacas e câncer, além de aumentar taxas do colesterol LDL.
Layne Norton, pesquisador em nutrição, alerta que a dieta carnívora não é uma opção saudável para a maior parte das pessoas, e afirma que relatos pessoais não substituem pesquisas rigorosas sobre o assunto. “Qualquer regime levado ao extremo carrega riscos de transtornos alimentares, como ortorexia e fobias a certas comidas”, adverte.
O professor de Stanford John Ioannidis explicitou, em entrevista à Outside, sua preocupação com a tendência: “Não temos nenhuma evidência de que essa é uma boa ideia. Na verdade, temos mais evidências indiretas de que é uma péssima ideia”, disse.
No geral, a recomendação dos especialistas é de ingerir comida de alta qualidade, tanto animal quanto vegetal, e cortar alimentos ultraprocessados. Para além disso, o ideal é experimentar dietas acompanhadas por profissionais que orientem o que é melhor para cada indivíduo.
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