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Upcycling transforma descartes e tecido velho em roupa nova (e linda)

Técnica utiliza roupas usadas, sobras de tecido e aviamento para diminuir o impacto da indústria têxtil e incentivar o consumo consciente

atualizado

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1 de 1 reroupa3 - Foto: Re-Roupa/ Divulgação

A indústria da moda incentiva o consumismo como ninguém. A cada seis meses transforma num passe de mágica tudo o que você comprou na estação passada em lixo ou entulho. Sinônimo dos novos tempos, no entanto, projetos dedicados a repensar e ressignificar a relação entre moda e consumo têm dado os braços em iniciativas que pretendem não apenas colocar o pé no freio no ritmo do mercado, mas também levar educação e consciência a quem compra e a quem vende.

Um desses projetos é assinado pela carioca Gabriela Mazepa, nome por trás do Re-Roupa. Não é uma “marca” propriamente dita, mas um projeto que transforma roupas e sobras de tecido descartados pela indústria em novas — e belas — peças. Tudo é feito por meio de uma técnica chamada Upcycling. “Roupa feita de roupa”, como o próprio projeto se define.

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Além do projeto, ela ainda faz parte do movimento Roupa Livre, é embaixadora do Fashion Revolution e trabalha no laboratório de criação  Rede Asta
As peças são feitas no ateliê do projeto no Rio e confeccionadas por costureiras empreendedoras de comunidades cariocas
Eles ainda oferecem cursos e oficinas. A agenda está disponível no site do Re-Roupa
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Gabriela Mazepa, do Re-Roupa, trocou a arquitetura pelo curso de arte e acredita que a roupa é uma forma de comunicação não-verbal

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Além do projeto, ela ainda faz parte do movimento Roupa Livre, é embaixadora do Fashion Revolution e trabalha no laboratório de criação Rede Asta

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As peças são feitas no ateliê do projeto no Rio e confeccionadas por costureiras empreendedoras de comunidades cariocas

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Eles ainda oferecem cursos e oficinas. A agenda está disponível no site do Re-Roupa

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A ideia por trás das peças é estender a vida do que  é considerado lixo ou excesso, no processo tradicional de confecção. Os idealizadores querem dar novo valor a uma parte das 170 mil toneladas de resíduo têxtil descartadas todos os anos só no Brasil.  Alguns itens estão à venda no site e outros são comercializados junto aos projetos, parceiros e feiras dos quais participam.

Na vitrine da loja chique
A partir do mês que vem, as peças vão enfeitar araras e vitrines de shoppings e bairros nobres Brasil afora. O projeto está para colocar no mercado uma coleção em parceria com a Farm, etiqueta descolada do Rio, que tem na carioca jovem de classe média-alta seu público maior.

O “Re-Farm”, como ficou conhecido o casamento, já colocou no mercado alguns produtos antes, mas a próxima empreitada trará 60 peças feitas a partir de roupas encalhadas de coleções passadas, retalhos de tecidos e sobras de aviamentos.

“A indústria da moda é a segunda maior poluidora do mundo. Perdemos apenas para a indústria de óleo e gás”, pontua Taciana Abreu, head de marketing da marca. Segundo a porta-voz, a iniciativa serve como “ajuda” para acelerar um processo de redução do impacto ambiental da empresa. “Entendemos que precisamos fazer isso de forma colaborativa e que podemos aprender muito com parceiros que estão desbravando a sustentabilidade há tempos”, continua.

 

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As jaquetas bomber feitas de estampas e tecidos de coleções passadas já estão à venda no site
Sem a parceria, as peças ficariam em estoque, o que gera desperdício e custos para a empresa
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Em parcerias passadas, a Re-Roupa já havia criado peças a partir de roupas de coleções antigas da Farm que encalharam nas araras

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As jaquetas bomber feitas de estampas e tecidos de coleções passadas já estão à venda no site

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Sem a parceria, as peças ficariam em estoque, o que gera desperdício e custos para a empresa

Farm/Divulgação

A parceria, ela avisa, não é a reinvenção da roda. “Estamos longe do ‘zero waste’ (desperdício zero, em português), mas cada redução é uma vitória”, acredita.

Quadradinho antenado
Brasília também tem seu representante do upcycling, transformando descarte em moda com conceito e personalidade. Sávio Drew, 22 anos, mal concluiu a formação em moda no Iesb e já marcou seu nome e o do consumo consciente em um concurso nacional de novos talentos, o GQ + Reserva.

Em julho passado, a camisaria feita de tecido descartado da sua marca, a Drew, ficou entre as 10 finalistas da competição. Não levou o prêmio, mas carregou a bandeira da moda de Brasília e do reuso de matéria prima a nomes importantes da indústria nacional. Para Sávio, o consumidor ainda não encontrou incentivos suficientes para comprar uma moda menos agressiva, mas, frequentemente, mais cara que as peças penduradas em lojas fast fashion.

“Fazer slow fashion é complicado, com restos de tecido mais ainda. Só consigo criar em cima do material que eu tenho, então o processo criativo é muito diferente do padrão. Não fica barato para quem faz, nem para quem compra”, explica Sávio.

Os tecidos usados na Drew vêm de uma fábrica de São Paulo com quem o estilista tem parceria. Estamparia com defeito e cantos e sobras de pano viram bolsos, barras e golas nas camisas da Drew. Peças antigas garimpadas em baús de família e brechós também ganham vida nova nas criações.

Peça exclusiva disponível na endossa da 306 sul. #usedrew #moda #fashion #upcycling

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Embora Sávio veja o upcycling crescendo no mercado, acredita que o caminho entre o discurso e a realidade ainda é longo. A própria Re-Roupa publicou um texto na sua página do Facebook recentemente explicando ao público que havia interrompido uma parceria com uma grande rede de fast fashion por acreditar que havia um “abismo entre discurso e prática”. Percepção que Sávio compartilha.

“A mudança está acontecendo, mas é lenta. Na minha opinião, as marcas que fazem ainda estão mais preocupadas em fazer um discurso de ‘cool’ e ‘antenada’ do que de fato em praticar uma mudança. É muito mais marketing ecológico”, lamenta.

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