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Ronaldo Fraga lança livro com os croquis de suas principais coleções

Brasília está representada no capítulo de croquis de moda inspirados em Athos Bulcão. Em vídeo, o estilista declara seu amor pela cidade

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Ronaldo Fraga é um dos poucos estilistas com o olhar voltado para a cultura do Brasil. Por meio de suas roupas, ele já contou a história de Zuzu Angel, Nara Leão, Carlos Drummond de Andrade, Guimarães Rosa e do Rio São Francisco.

Todos esses croquis, registrados em um caderno, foram compilados no livro “Ronaldo Fraga: caderno de roupas, memórias e croquis” (Editora Cobogó, 316 páginas, R$ 120). Lançado originalmente em 2013, uma nova edição revista e ampliada acaba de chegar às lojas.

Brasília(DF), 15/08/2015 - Entrevista com Ronaldo Fraga no lançamento da segunda edição do seu livro sobre pesquisas para desenvolver coleções de moda. Foto: Bruno Pimentel/Metrópoles
Segunda edição do livro de Fraga, com 316 páginas, foi revista e ampliada

O projeto gráfico da capa mudou e a impressão foi feita em um novo papel, com melhor leitura e que valoriza mais as cores. Além disso, entraram na nova versão as últimas quatro coleções inspiradas no pintor Cândido Portinari, na cultura do sertão brasileiro, no futebol e no livro “Ô Fim do Cem, Fim”, do mineiro Paulo Marques de Oliveira.

Completam o livro os textos sobre o estilista e sua obra, assinados pela consultora de moda Costanza Pascolato, pela jornalista Regina Guerreiro e pela pesquisadora Cristiane Mesquita. Além de chamar atenção de profissionais ligados à moda, a publicação também apetece pessoas interessadas em artes visuais.

Estamos em um momento de resgate de valores perdidos. A coisa do desenho tem ocupado um papel importante nessa tendência de comportamento. Basta ver o sucesso editorial de livros para colorir.

Brasília está representada no capítulo com a coleção inspirada em Athos Bulcão. Ronaldo tem uma relação próxima com a cidade, pois participou do Colegiado de Moda no Ministério da Cultura, cuja função lhe obrigava a vir com regularidade ao DF.

Este ano 500 confecções foram fechadas no Brasil. Isso é consequência da crise econômica ou uma crise da própria indústria da moda?
As duas coisas. A indústria em geral está passando por uma crise, por falta de planejamento. Mas, além disso, a moda saiu de moda. Falei um tempo atrás que a moda tinha acabado e causei um furor danado. Acredito, na verdade, que a moda deixou de ser o foco de interesse do mercado. É como se o pêndulo tivesse passado pela moda, ficado 20 anos, e agora migrado para a gastronomia. Essas décadas, entretanto, foram importante para a profissionalização da indústria. Antes, montar uma confecção era uma coisa para se passar o tempo, hoje sabe-se que é preciso paixão, vocação, gestão. Mas isso não é só no Brasil, essa crise do consumo de roupa está acontecendo no mundo inteiro.

O trabalho artesanal e de inclusão social que você traz para a moda são o futuro da indústria?
A moda é um vetor muito diverso. Tem um lado econômico (extremamente eficiente) e também, um perfil cultural muito forte. Não dá para colocar a indústria em só um caminho. Essa é uma das possibilidades, da qual eu gosto muito. Ela cria pontos em comum entre mundo diversos. Ela ajuda na inclusão social, estimula a produção autoral e geração de emprego e renda. É um dos caminhos possíveis, é o caminho em que eu acredito, mas não é o único. Todo mundo deve fazer a mesma coisa? Não. Mas eu me sinto bem fazendo.

A moda é a segunda indústria que mais emprega no País. Essa crise nas confeções vai afetar a economia?
O que aconteceu com a indústria têxtil no Brasil é um crime. Mas não podemos ficar restritos à parte econômica. Estamos falando de um segmento que constrói a cultura deste país. As confecções fazem parte de toda a história da imigração italiana para cá, por exemplo. Mas ela foi tratada com descaso. Hoje só temos cinco confecções boas atendendo o mercado de moda. Isso é uma tragédia. Com elas fechando as portas, muitas famílias estão na rua. Mas o governo nunca ligou para esse segmento. A prova é a sobretaxa dos produto de moda.

Durante alguns anos, você foi representante do Colegiado de Moda no Ministério da Cultura, o projeto mudou a postura do governo em relação à indústria?
Aquele conselho foi um mico. Se tornou uma medida populista do Governo Federal. O conselho não aconselhava nada, a gente perdia muito tempo em Brasília, discutia-se muito, mas andávamos em círculo. Nada foi atendido.

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