1 de 1 Brasília (DF), 11/10/2017 Roupa de cânhamoLocal: SHiN Qi 15 conjunto 1 casa 6Foto: Felipe Menezes/Metrópoles
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A indústria da moda quadruplicou durante a última década no Brasil. Por um lado, isso resultou em mais empregos, opções e gente com conteúdo entrando no mercado. Por outro, o segmento fashionista é o segundo mais poluente – ficando atrás apenas do setor petrolífero.
Pensando na questão ambiental, empresas antigas estão modificando suas formas de produzir, e novas marcas surgem promovendo o consumo sustentável. Tudo isso é impulsionado pelos clientes que cobram uma maior preocupação com o meio ambiente e sentem a necessidade de adotar comportamentos menos consumistas.
A verdade é: o comprador de hoje quer saber a origem do produto que está levando para casa. E não é só isso. O local onde a roupa foi fabricada e as relações de trabalho envolvidas nesse processo também são importantes.
Marco Lobo, coordenador de Design do Senai Cetiqt – principal centro formador de mão de obra para a cadeia têxtil e de confecção do país –, comenta sobre como isso projeta o Brasil no exterior.
“Temos uma riqueza cultural incrível em termos de fibras e novos materiais. Em nossos laboratórios, trabalhamos para testar a aplicabilidade desses recursos. O país já está sendo apontado como polo de produtos inteligentes, simples e verdes. Esse é o gancho para a indústria perceber que a conscientização vende”, diz.
A sustentabilidade vem se tornando uma grande ferramenta no aumento das vendas, não só pelas vantagens trazidas para a sociedade, mas pelo valor agregado ao produto. O maior empecilho a essa tendência é a percepção de que ela é cara – ideia de consumidores mais tradicionais.
“Brasileiros, em geral, percebem a necessidade, a questão do verde, do sustentável, mas, muitas vezes, não querem pagar por essa diferença. A melhor forma de sensibilizar esse consumidor é fazê-lo enxergar como o consumo inconsciente afeta a sua vida e o seu entorno. É fazê-lo se sentir incluído no processo, entendendo que ele vai, efetivamente, ajudar outras pessoas e ver mudanças ao seu redor. Um exemplo disso é quando uma marca ajuda uma comunidade inteira, treinando e recrutando moradores para trabalharem na produção de suas peças”, explica Marco.
Conheça marcas de Brasília e do mundo que apostam no consumo sustentável:
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Bruma - As peças são de algodão orgânico e garrafas pet recicladas. Os botões são de cânhamo (cannabis ruderalis) – um “primo” da maconha. Os itens são feitos e planejados para durar, aplicando o princípio de que, em um sistema equilibrado, o fim de um ciclo é o começo de outro
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Farm + Enjoei - Desde outubro, a marca carioca convida clientes para levarem peças e acessórios FARM usados em suas lojas. Os itens se transformam em créditos de até 25% na compra de novos produtos. As "doações" são revendidas no site Enjoei
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Comas - Produz peças por meio da técnica de “upcycling”, processo pelo qual produtos descartados são recuperados, transformados e recolocados no mercado. O elemento principal da marca são as camisas masculinas. A ideia de trabalhar com resíduos das fábricas têxteis veio de uma percepção sobre o processo produtivo. A estilista da marca, Agustina Comas, também ministra workshops, palestras e consultorias para empresas que buscam repensar suas sobras e seus processos produtivos
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Vinci Shoes - A marca acredita que calçados não devem ser descartáveis. Trabalha com materiais duráveis e de qualidade. Busca minimizar o impacto socioambiental, trabalhando em um ritmo desacelerado e presta atenção em todas as etapas do processo. Tudo é feito à mão. Além disso, não há produtos em estoque
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Hoy, Ahoy! - A marca faz parte do movimento slow fashion. Devagar, o sistema é atento aos detalhes, preocupado com a sustentabilidade, tanto do processo produtivo quanto da mão de obra. O artesanal é valorizado, e o resultado é uma criação diferenciada. Evita a modinha e o que vai cansar em pouco tempo. É uma roupa feita para durar por muitas estações
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Drew - “Precisamos repensar a exploração da natureza. Salvemos nossas matas, nossos índios, nos salvemos”, pede Savio, estilista e criador da marca. De tricoline 100% algodão, as camisas têm shape confortável e amplo. Os tons pastéis contrastam com cores vivas. As peças são produzidas com tecidos que seriam descartados: o estilista garimpa, em uma fábrica de São Paulo, os "erros de máquina". Pedaços de pano manchados ou estampados, sem utilidade para a indústria convencional, viram roupas exclusivas
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Armária - A loja se apresenta como "Moda sem pressa e sem regras (AGÊNERO + SUSTENTÁVEL + ATIVISTA)". As marcas vendidas no local são garimpadas por diversos designers brasileiros que buscam o consumo sustentável
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Osklen - A marca tem peças que carregam o selo e-fabrics, label que identifica matérias-primas de origem sustentável. A missão desse projeto é contribuir na criação de um tripé de sucesso para a moda brasileira no mundo, associando a sensualidade à criatividade. O recurso também identifica, por meio de um tag, tecidos e materiais cujas origens e processos de produção respeitam critérios de comércio justo e de desenvolvimento sustentável. Depois, faz a interlocução entre produtores de materiais ecológicos e estilistas/grifes, apresentando-lhes matérias-primas de caráter renovável a serem utilizadas pela cadeia produtiva da moda
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Stella McCartney - A marca é referência em moda com comprometimento sustentável. No conglomerado de luxo Kering, que possui as marcas Gucci, Alexander McQueen, Saint Laurent e Balenciaga, quem comanda o Departamento de Sustentabilidade é a francesa Marie-Claire Daveu, responsável por revolucionar a maneira de enxergar a moda sustentável. Em seus quatro anos na Kering, Daveu erradicou o uso de PVC em 99,8% dos produtos do conglomerado, além de criar uma biblioteca têxtil com mais de 2 mil tecidos provenientes de fontes sustentáveis
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Pretty New - O brechó vem para mostrar que o luxo também pode ser garimpado e todas as peças reaproveitadas. “Quero destacar a preocupação com o consumo desenfreado que estamos vivendo. Por isso, sugerimos a conscientização e a reciclagem de moda como drives da empresa”, diz a empresária Gabriella Constantino
Giovanna Bembom/Metrópoles
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